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PLANTÃO DE POLÍCIA

Após mais mortes, motoristas de app protestam: “Vivemos com medo”

Em menos 24 horas neste fim de semana, foram registrados dois assassinatos de condutores de aplicativo do Distrito Federal

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Publicado: 10/02/2020 às 10h12min

Motoristas que prestam serviços para aplicativos protestam, na manhã desta segunda-feira (10/02/2020), por mais segurança para a categoria. Somente neste fim de semana, em menos de 24 horas, dois condutores foram mortos.

A primeira ocorrência registrada nesse domingo (09/02/2020) foi de um condutor de 27 anos encontrado morto no Setor Habitacional Sol Nascente, em Ceilândia. Túlio Russel César levou um tiro na cabeça e foi achado em uma área rural da região administrativa. Durante a noite, houve outro caso: o do sargento reformado da Polícia Militar do DF Ângelo Sebastião de Ávila, 71, que estava entre Valparaíso e Cristalina, no Entorno do DF.

A manifestação se concentra no estacionamento do Mané Garrincha nesta manhã. Os condutores pedem mais medidas de segurança por parte das empresas para as quais trabalham. Entre elas, foram solicitadas informações do passageiro na plataforma e uma delegacia especializada no DF para atender condutores da categoria e entregadores de empresas como Ifood e Rappi.

Já são quatro motoristas de aplicativo mortos no DF este ano. Durante o protesto, o grupo fez um minuto de silêncio em memória das vítimas. Às 9h50, seguindo um trio elétrico, as centenas de manifestantes se deslocaram de carro para a Esplanada dos Ministérios com palavras de luto escritas nos veículos.

Há três anos na profissão, Milton Moreira, 56, lembra do medo que sentiu quando homens armados entraram eu seu carro durante uma corrida pelo aplicativo. “Vi o volume na roupa deles e fiquei assustado. Aí, parei em um posto de gasolina e, por sorte, encontrei um amigo meu que é PM por lá. Falei com esse amigo e ele tirou os caras”, contou.

“A gente trabalha sempre no vermelho, sempre alerta. Eu saio de casa e volto com medo. Trabalho o tempo inteiro preocupado. Não dá para viver assim, não”, ressaltou.

Motorista da Uber há três meses, Alessandro Paiva Damasceno, 20, diz que já não aceita viagens à noite em localidades afastadas do Plano Piloto. “A gente vive com medo, porque não recebemos as informações do passageiro. Quando alguém pede a viagem, o passageiro já recebe as nossas informações, mas a gente não tem as dele”, comentou.

Há um ano estudando administração, Alessandro começou a trabalhar na área para conseguir uma renda a mais que o ajude a pagar a faculdade. Com os seguidos casos de violência contra motoristas de aplicativo, porém, Alessandro teme continuar com o emprego.

“Pedimos por mais segurança para nós, porque muitas vezes uma pessoa pede a corrida, mas para um terceiro. Aí não temos como saber com quem estamos ali”, disse.

Ana Maria dos Santos, 49, trabalha há um ano como motorista da Uber e da 99 Pop. Como mulher, ela diz temer ainda mais casos de violência enquanto está trabalhando.

“Já passei por duas situações que fiquei com medo. Uma vez entrou uma mulher que saiu do Sudoeste para a Ceilândia. No caminho, ela ficava conversando com uns traficantes e informando qual era o carro e onde iria parar. Rodamos bastante lá na Ceilândia, até que teve um momento que ela desceu em uma das paradas que fizemos, eu a deixei lá e fui embora”, lembrou.

De acordo com a motorista, uma outra vez ela peguei uma corrida depois de um jogo no Mané Garrincha. “Entraram quatro homens muito estranhos. A sorte era que tinham muitas viaturas e eu os deixei em um hotel perto. Não aconteceu nada, mas eu saí tremendo”, comentou ela.

FONTE: Metrópoles



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