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Diário da Amazônia

Arquiteta vê Porto Velho humanizada

Apaixonada pelo design desde a infância, influenciada pela avó Rita Queiroz.

Por João Zoghbi Diário da Amazônia
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Publicado: 07/01/2018 às 05h00min

‘Nascida no dia 13 de fevereiro de 1995 em Porto Velho (RO), Ana Rita Ribeiro de Queiroz revelou-se apaixonada pelo design desde a infância, influenciada pela avó Rita Queiroz, artista plástica. Durante a adolescência começou a estudar sobre o universo da arquitetura e o fato de projetar e edificar ambientes a fim de atender às necessidades humanas foi o principal motivo que fez a jovem decidir cursar Arquitetura e Urbanismo. Sendo assim, tomou a decisão de ir atrás desse sonho, em busca de uma vaga em uma das melhores universidades do Brasil, conseguiu ingressar na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) na cidade de Goiânia.

Durante a trajetória acadêmica descobriu que arquitetura não se resumia apenas aos edifícios, ia muito além disso, antes de se pensar na pequena escala era necessário pensar nas cidades e no seu ordenamento. Sendo assim, começou a sua pesquisa sobre o traçado das cidades e suas peculiaridades, e teve a ideia de trazer para sua cidade natal uma melhor organização, pensando no potencial de Porto Velho para crescer e valorizar seus aspectos históricos e culturais.

Seu trabalho de conclusão de curso apresentado na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) em dezembro de 2017, teve como tema a Requalificação da Região Portuária de Porto Velho, trazendo como objeto de estudo o complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e bairros remanescentes da construção da ferrovia, como o Baixa União e Triângulo. Busca em seu trabalho traduzir a identidade da região, no qual o cenário urbano foi influenciado por aspectos históricos e socioeconômicos, área que apresenta características urbanísticas especiais no que tange o meio ambiente e a paisagem, as quais requerem considerações e planejamento específico. A proposta teórica engloba um masterplan para área, a fim de zonear cada recorte de acordo com suas características e potencialidades. Outra característica da proposta é a valorização da população residente nesses bairros, que tem sofrido com a perda das suas casas, através novas alternativas de moradia digna com segurança.

“Porto Velho é uma cidade em desenvolvimento, que enfrentou grandes ciclos de exploração e teve como principal cenário desta o rio Madeira. Portanto, o tema busca resgatar a relação do homem com a história e o meio natural, aspecto que tem sido esquecido pelo poder público e consequentemente pela população”, justifica a acadêmica.

O objetivo principal do projeto é a recuperação e reintegração da zona portuária ao tecido urbano, resgatando a identidade histórica e social da região. As instalações do Pátio Ferroviário da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, o porto do Cain’água e a região lindeira como um todo, busca a reurbanização e propostas de drenagem urbana para áreas do Igarapé Santa Bárbara, região que merece uma oportunidade de renovação, a fim de ressaltar os aspectos simbólicos e paisagísticos.

Os armazéns da EFMM receberiam novos usos, respeitando a PORTARIA IPHAN Nº 231, DE 13 DE JULHO DE 2007, que tomba o Conjunto Histórico, Arquitetônico e Paisagístico da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), formado pelo Pátio Ferroviário, os oito quilômetros de estrada de ferro que vai da Estação Central até a Estação de Santo Antônio, as três Caixas d’água e o Cemitério da Candelária.

A fim de atender à população como equipamento de cultura e lazer, a recuperação das edificações remanescentes da ferrovia, em especial as que se encontram no fim do pátio ferroviário, abrigariam uma galeria de exposições temporárias em seu interior e em sua área externa, criando um ambiente que não se limita apenas a passagem e sim de permanência e contemplação.

Utilizando a tecnologia para desenvolver estruturas que possam abrigar painéis de arte e utilizá-los ao ar livre foram um diferencial no projeto. Além da criação de mirantes em toda a orla, flutuantes e alternativas projetuais para contenção dos barrancos através da implantação de pedras exercendo a função de dique. O estudo de materiais que não se deteriorem com uma possível enchente e que possuem custo acessível também fez parte da pesquisa.

O principal objetivo da arquiteta é proporcionar a Porto Velho a oportunidade de renovação, e assim o município se transformar no novo Portal de entrada para a Amazônia, valorizando a história e a cultura local através da criação desses espaços’.

Uma atitude exemplar de quem teve uma educação com muito amor, cultuando suas raízes, valorizando e respeitando a história de sua cidade natal.

Na certeza de que um projeto dessa natureza não é apenas uma proposta de ‘conclusão de curso’ e sim uma declaração de amor a Porto Velho, que para muitos e ‘amigos’ da E.F.M.M. que só ‘fingem que cuidam’ seria apenas mais um sonho.



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