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Diário da Amazônia

Bonificação de vagas para estudantes de medicina é discutida

Há décadas o curso de medicina é o mais concorrido entre os vestibulares. A profissão que recebe um dos maiores salários e tem..

Por Larina Rosa Diário da Amazônia
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Publicado: 12/11/2019 às 08h15min | Atualizado 12/11/2019 às 09h19min

Há décadas o curso de medicina é o mais concorrido entre os vestibulares. A profissão que recebe um dos maiores salários e tem empregabilidade certa continua conquistando estudantes por todo o país.

Porém boa parte dos médicos ainda está concentrada na região Sudeste e Sul, as regiões Norte e Nordeste ainda possuem a menor disponibilidade de profissionais.

Enquanto nos anos anteriores a concorrência no curso de medicina da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) chega a 4.838 inscrições para 40 vagas, correspondendo a uma demanda de 120,95 inscritos por vaga, o município de Porto Velho e distritos sofre com a falta de médicos.

Para debater a questão, a Câmara de Porto Velho realizou na manhã de ontem (11) uma audiência pública para discutir a respeito de um percentual de vagas destinados aos estudantes do estado no curso de medicina da Unir. Na audiência o Vereador Alex Paliot destacou a resolução 7.824 do Governo Federal que estabelece uma bonificação de vagas a estudantes da região que tenham cursado o ensino médio no estado.

Segundo o Vereador Alex Palitot o decreto favorece os candidatos da região para que no término do curso os alunos atendam as demandas da saúde. Enfatiza que a implantação da resolução é para que a Universidade não seja apenas um espaço para que outros universitários tenham sua formação de medicina e retorne sua terra de origem. “Se você busca em número no curso de medicina, praticamente você tem 23% de alunos de Rondônia, a grande maioria é de outros estados e naturalmente voltam para seus estados de origem. Temos problemas de falta de médicos em Porto Velho e distritos justamente porque não podemos atender essa demanda”, destacou o Vereador.

O Reitor da Unir, Ari Miguel Ott, disse que o debate já foi realizado outras vezes e destaca que a Universidade não vai adotar a bonificação regional no momento. “Não encontramos nenhuma razão pedagógica ou jurídica sobre isso. Há inclusive um consenso que a bonificação regional é inconstitucional porque você quebra a isonomia. Todos os brasileiros são iguais ou porque cursou o segundo grau em Rondônia vai ter um privilégio aos outros’’, disse.

Ari Ott ressaltou que entre as 68 universidades públicas federais, 58 não adotam a bonificação regional. Entre as universidades Federais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul que adotaram a bonificação geográfica já retrocederam.

Gabriel Ismael é de Vilhena está se preparando para cursar medicina na Unir, disse que Rondônia está em último lugar entre os estados brasileiros pela média do Enem e mesmo assim concorre de forma igualitária com todos os outros estados.

“Os alunos daqui acabam sendo prejudicados porque na Universidade mais de 70% do curso de medicina é formado por pessoas de outros estados e aqui acaba ficando com poucas vagas. É uma questão de dar oportunidade para quem é da região com outros estados fazem’’, disse o estudante.

Já o acadêmico do nono período de medicina da Unir, Fábio Rodrigues, que veio da Bahia, destaca o seu descontentamento sobre a resolução. “Não sou a favor porque a universidade é federal e recebe uma verba que vem da união. Caso fosse uma universidade estadual entenderia, seria um serviço que visa estimular o estado. Mas é diferente quem está no RS ou quem está em RO contribui diretamente pra manutenção não vejo porque, então, bonificar”, disse o acadêmico.

No final da audiência o Reitor da Unir disse em entrevista a um outro veículo de comunicação que a solicitação deverá ser encaminhada ao Ministério Público Federal e senão houver nenhum obstáculo jurídico a Universidade não se opõe a estabelecer uma bonificação de 20%.

O Senador Acir Gurgacz apoia a comissão que busca implantar a bonificação 7.824 e concorda que a universidade seja para todos, porém ressalta “A partir do momento específico do curso de medicina, que mais 70% das vagas sejam ocupadas por alunos de fora isto fere a nossa Equidade Educacional. Pedimos que haja correção, equidade e justiça, assim como a Lei de cotas , aderindo a bonificação em nossa Universidade Federal de Rondônia”, finalizou.

O documento de solicitação será encaminhado à Procuradoria da República para que seja analisada a implantação da bonificação geográfica na Universidade.

O curso de medicina da Unir oferece 40 vagas e atuam em “Regime Integral” com duração de 7983 horas distribuídas em 12 semestres letivos dos quais os 4 últimos são sob a forma de internato.

Na região Norte o decreto de bonificação 7.824 já é aplicado nos Estados do Amazonas, Pará e Acre.



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