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Diário da Amazônia

Brasil lidera feminicídios em toda América Latina

A cada dez assassinatos de mulheres, quatro ocorreram no Brasil.

Por Redação Informações da EBN e Agência Câmara
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Publicado: 27/02/2019 às 10h15min

Os números da pesquisa da Comissão Econômica da Cepal são preocupantes e grande parte dessa violência acontece dentro do ambiente familiar (Foto: Divulgação)

A violência contra a mulher continua sendo um problema de direitos humanos a ser resolvido no mundo e o Brasil não foge dessa realidade. Os números são preocupantes e grande parte dessa violência acontece dentro do ambiente familiar. Esse tipo de violência coloca o Brasil na liderança entre os países da América Latina que mais registra agressão à mulher.

A cada dez feminicídios cometidos em 23 países da América Latina e Caribe em 2017, quatro ocorreram no Brasil. Segundo informações da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), ao menos 2.795 mulheres foram assassinadas na região, no ano passado, em razão de sua identidade de gênero. Desse total, 1.133 foram registrados no Brasil.

O levantamento também ranqueia os países a partir de um cálculo de proporção. Nessa perspectiva, quem lidera a lista é El Salvador, que apresenta uma taxa de 10,2 ocorrências a cada 100 mil mulheres, destacada pela Cepal como “sem paralelo” na comparação com o índice dos demais países da região.

Em seguida aparecem Honduras (5,8), Guatemala (2,6) e República Dominicana (2,2) e, nas últimas posições, exibindo as melhores taxas, Panamá (0,9), Venezuela (0,8) – também com uma base de 2016, e Peru (0,7). Colômbia (0,6) e Chile (0,5) também apresentam índices baixos, mas têm uma peculiaridade, que é o fato de contabilizarem somente os casos de feminicídio perpetrado por parceiros ou ex-parceiros das vítimas, chamado de feminicídio íntimo.

Totalizando um índice de 1,1 feminicídios a cada 100 mil mulheres, o Brasil encontra-se empatado com a Argentina e a Costa Rica.

Mais de 500 mulheres são agredidas por hora no Brasil

Pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública estima que mais de 16 milhões de mulheres, cerca de 27,35% das brasileiras, sofreram algum tipo de violência durante o ano passado. De acordo com o levamento, 536 mulheres são agredidas por hora no país, sendo que 177 sofrem espancamento.

Assédio as mulheres dentro de transporte coletivo agora é crime pela nova legislação

A pesquisa do Instituto Datafolha ouviu 2.084 pessoas em 2018. Mais da metade (52%) das entrevistadas declarou que não procurou ajuda após as agressões; 15% falaram sobre o assunto com a família; 10% fizeram denúncia em delegacias da Mulher; 8% procuraram delegacias comuns; 8% procuraram a igreja e 5% ligaram para o telefone 190 da Polícia Militar.

DADOS

A violência foi cometida, em 76,4% dos casos, por conhecidos, como cônjuge (23,9%), ex-cônjuge (15,2%), irmãos (4,9%), amigos (6,3%) e pais (7,2%).

Os números indicam que o grupo mais vulnerável está entre os 16 e os 24 anos, pois 66% das mulheres nessa faixa etária sofreram algum tipo de assédio. Na faixa dos 25 aos 34 anos, o índice é de 54% e, dos 35 aos 44 anos, de 33%.

CANTADAS

O assédio, que, segundo a pesquisa, atingiu 37% das mulheres, aparece em forma de cantadas ou comentários desrespeitosos ao andar na rua (32%), cantadas ou comentários desrespeitosos no ambiente de trabalho (11,46%) e assédio físico no transporte público (7,78%).

Em casas noturnas, 6,24% das mulheres disseram que foram abordadas de maneira agressiva, com alguém tocando seu corpo; 5,02% foram agarradas ou beijadas à força e 3,34% relataram tentativas de abuso por estarem embriagadas.

Câmara cria comissão externa sobre violência contra as mulheres

A Câmara dos Deputados aprovou na segunda-feira (25) requerimento para criar uma comissão externa para acompanhar os casos de violência contra a mulher.

A autora do pedido é a deputada federal Flávia Arruda (PR-DF), que informou que o objetivo é não permitir que casos de violência contra a mulher caia no esquecimento. Para isso, a comissão visitará os cinco estados que mais registram esse tipo de ocorrência: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal.

De acordo com o Atlas da Violência de 2018, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 4.645 mulheres foram assassinadas no país, segundo dados de 2016. “É necessário verificar como os estados estão atuando, quais são as políticas implementadas, quais os recursos destinados para este enfrentamento, se há ou não orçamento garantido para a execução destas políticas de forma permanente”, justifica a deputada, em seu requerimento.

A comissão externa deve verificar quais são as políticas públicas de acolhimento às vítimas, se há órgão específico para implantá-las, além de identificar as ações já implementadas pelo Ministério Público, pelo Poder Judiciário e pela Defensoria Pública dos cinco estados que concentram as piores estatísticas.



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