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RONDÔNIA

Capital lidera em focos de queimadas

Mais de mil focos foram registrados em Porto Velho somente no mês de julho deste ano.

Por Daniela Castelo Branco Diário da Amazônia
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Publicado: 01/09/2017 às 05h00min | Atualizado 31/08/2017 às 18h34min

A maioria dos focos de queimadas registrados no Estado está concentrada na área rural

Aclamado por ser o país com o maior número de florestas e sistemas fluviais, aliado a um território rico em recursos naturais, o Brasil é considerado por muitos estudiosos como a grande potência do futuro. Nesse contexto, o estado de Rondônia, já em destaque nacional como um polo de grande força econômica por conta da sua atividade agropecuária, vislumbra um grande contra-senso: dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam Rondônia como um dos Estados que mais sofrem com queimadas no País.

Somente de janeiro a julho de 2016, mais de 6,2 mil focos foram registrados no Estado, quantidade superior aos registros do mesmo período em 2015, quando os números apontavam mais 1,9 mil casos. Neste ano, os números também revelam que a capital Porto Velho possui o maior registro de focos em Rondônia, com mais de mil casos registrados só no mês de julho, enquanto que em todo o Estado foram 3,2 mil queimadas no período.

No ranking estadual do mês de julho, depois da capital, aparecem os municípios de Candeias do Jamari, com 229 focos, e Vilhena, com 274, no mesmo período. É certo que durante o período mais seco, que vai de junho a novembro, sendo os meses de agosto e setembro os mais críticos, em conjunto com a baixa umidade do ar, as queimadas se intensificam no Estado.

Prática comum em todo o Estado, as queimadas são ameaças persistentes para a população, fauna e flora e que geram muitos prejuízos, como o aumento da liberação de dióxido de carbono, umas das principais causas do aquecimento global, a destruição dos habitats naturais, a erosão do solo, aumento do buraco na camada de ozônio, perda da absorção do solo (o que aumenta os índices de inundações), a poluição de nascentes, águas e rios por conta das cinzas, destruição de infraestruturas, prejuízos financeiros, e o pior, o comprometimento da saúde e dos riscos de acidentes fatais.

Às margens de rodovias, as queimadas causam transtornos

Prefeitura envolve parceiros em campanhas

Para combater essa prática errada na capital, a prefeitura de Porto Velho montou uma equipe com mais de 25 parceiros dos principais órgãos ambientais e entidades religiosas, entre outros, objetivando diminuir esses índices no município. No dia 23 de maio a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema), lançou a campanha “Queimada Mata”, que vai até o dia 31 de outubro. O objetivo é conscientização sobre os problema decorrentes das queimadas por meio de palestras, seminários e mutirões ambientais, ressaltando que a prática é considerada crime, passível de multa e penalização criminal.

De acordo com a diretora do Departamento de Gestão de Políticas Públicas e Ambientais e Mudanças Climáticas (DGPA) da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema), Adirleide Dias dos Santos, existem dois núcleos a serem trabalhados: urbano e o rural. Para a área urbana, a diretora explica que a situação das queimadas já está melhor, comparada ao ano passado, por conta do trabalho de controle, conforme disse, está mais forte esse ano.

Mutirão será realizado neste mês

No dia 13 de setembro, a Sema, em conjunto com a Secretaria Municipal de Serviços Básicos (Semusb), realizará um mutirão no bairro Castanheiras, zona Sul da cidade, onde a equipe vai de porta em porta orientando os moradores não somente quanto a prática das queimadas, mas também acondicionar corretamente os resíduos. Para a diretora do DGPA, ‘cultura ruim precisa ser erradicada, mesmo porque é crime ambiental’. Segundo ela, além dos mutirões e palestras, a Sema está se reunindo com as associações de bairro, mas ainda existem alguns moradores reticentes, principalmente os que residem na zona Leste (onde há maior prática de queimadas) e nas Áreas de Preservação Permanente: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa – áreas que são de responsabilidade da Semusb. A multa, como explica Adirleide, de acordo com a nova legislação, vai de R$ 70,00 a R$ 7 milhões, dependendo da extensão do dano. Ela afirma que a intenção da prefeitura não é multar, mas sim conscientizar.

Segundo o Sipam, no período de 1º de julho a 15 de agosto foram registrados 591 focos de calor em Porto Velho. Desse total, 68% são na área rural. “Vamos poucas vezes na área rural por conta do quadro reduzido de pessoal, mas vamos ter que intensificar as parcerias nessa área. Como está muito seco qualquer ‘bituca’ de cigarro pode causar um grande estrago e prejuízos econômicos. Ontem fizemos uma ecoblitz em frente à PRF na entrada de Porto Velho para orientar a população e os motoristas sobre esses prejuízos. Recentemente um produtor perdeu mais de 50 cabeças de gado”, explica Adirleide dias.
Outro problema é em relação ao agravamento dos problemas de saúde. Os postos de saúde cheios e as Unidades de Pronto-Atendimentos lotadas já não conseguem atender à demanda de pacientes com problemas respiratórios, cardíacos e oculares decorrentes da fumaça causada pelas queimadas. “Nós estamos orientando a população a juntar os resíduos, colocar dentro de um saco – a coleta é até 100 litros. Se tiver uma horta e quiser potencializá-la, nós vamos orientar as pessoas para fazer a compostagem (técnica aplicada para estimular a decomposição de materiais orgânico). Na área urbana, as denúncias aumentaram, logo, os índices das queimadas diminuíram, mas a diretora fala que a quantidade de “trotes” ainda preocupa.

“Isso prejudica o trabalho e acarreta prejuízos econômicos ao município”, destaca Adirleide.

A Sema informa que para denunciar, a pessoa deve ligar no 0800-647-1320 ou pelo número do Whatsapp (069) 99374-8556. Em caso de fogo, deve-se ligar imediatamente para o Corpo de Bombeiros no 193.



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