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PLANTÃO DE POLÍCIA

Chacina na área rural de Vilhena deixa 5 mortos

Polícia diz que as vítimas eram trabalhadores que estavam instalando cercas.

Por Rômulo Azevedo Diário da Amazônia
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Publicado: 20/10/2015 às 05h00min

Policiais Civis estiveram no local fazendo a perícia; serviço de inteligente já conseguiu identificar acusados  Fotos: Carlos Franco

Policiais Civis estiveram no local fazendo a perícia; serviço de inteligente já conseguiu identificar acusados Fotos: Carlos Franco

Era noite de sábado, por volta das 21h. A Polícia Militar (PM) recebe um chamado dando conta de havia vários mortos em uma propriedade rural do município de Vilhena. A área onde a chacina aconteceu fica a pouco mais de 70 quilômetros do perímetro urbano da cidade, na Fazenda Vilhena, na linha 95, Setor 8 Gleba Corumbiara, Estrada da Farinheira. No local, a Força Tática da PM encontrou uma casa em chamas e o primeiro corpo na frente da residência, parcialmente carbonizado. Mais tarde, os policiais confirmariam tratar-se de Daniel Aciari, de 66 anos. No total, cinco pessoas foram executadas. Todos camponeses.

Segundo relatos de um dos sobreviventes, o grupo estava em frente a casa conversando por volta das 17h30, quando pelo menos seis homens fortemente armados se aproximaram. Eles chegaram atirando. Uma das vítimas foi atingida nas costas, próximo ao ombro. Segundo a polícia, ela se chama Ariovaldo Bezerra dos Santos, de 55 anos, o “Boy”, como é conhecido. Ele caiu no chão e fingiu-se de morto para tentar escapar de outro disparo. Um deles, assustado com o barulho produzido pelos tiros, conseguiu correr e esconde-se na mata. Ele não teve nenhum tipo de ferimento.

O homem que se fingiu de morto, ao perceber que o ataque havia cessado, arrastou-se até a mata onde permaneceu até o retorno do grupo armado. Os assassinos voltaram ao local da embosca para atear fogo na casa. Algumas vítimas foram levadas para dentro do imóvel antes das chamas alastrarem-se. Dagner Lenes Pereira, de 17 anos, está entre as vítimas fatais. Na manhã desta segunda-feira, 19, em entrevista à imprensa, o delegado regional da Polícia Civil, Fábio Campos relatou que o garoto, segundo informações obtidas através das investigações realizadas em conjunto com a PM, havia sobrevivido ao ataque de balas. Ele foi morto carbonizado, e algumas testemunhas relataram que ele gritava por socorro enquanto o fogo consumia a construção. Dagner estava no local com seu pai, João Pereira Sobrinho, que também foi executado. Os corpos de pai e filho foram reconhecidos por uma tia do garoto.

Três pessoas ameaçadas por grupo armado

No domingo, 18, iniciou-se uma investigação mais aprofundada sobre o assunto. Em campo, policiais do Grupo de Inteligência da Polícia Militar, bem como agentes da Polícia Civil tentavam descobrir mais detalhes do ataque, e o mentor por trás da chacina. Ainda na manhã de domingo, os policiais encontraram mais um cadáver. José Bezerra dos Santos, 65, foi encontrado na mata, a cerca de oito quilômetros da casa onde ocorreu os outros crimes. O cadáver estava escondido a cerca de 15 metros da estrada que dá acesso à propriedade rural. Os policiais acreditam que José Bezerra foi a primeira vítima do grupo.

A perícia relatou que ele fora degolado por um objeto perfuro-cortante. Diante da quantidade de mortes, e a crueldade empregada no ataque, os policiais expandiram ao máximo as investigações. Até mesmo um helicóptero está sendo utilizado no processo de investigação. A ideia é mapear a área para entender ao certo o que aconteceu.

Ainda no domingo, os policiais encontraram três pessoas que estavam na região e foram ameaçadas pelo grupo armado. Elas estavam escondidas na mata, e poderão ajudar nas investigações. O massacre que aconteceu em Vilhena trouxe à memória um conflito parecido que aconteceu na região, porém no município de Corumbiara.

Polícia já tem suspeito de autoria de matança

Nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira, 19, a Polícia Civil confirmou que já tem um suspeito de ser o mandante da chacina. Trata-se do produtor rural Pedro Arrigo. Ele está envolvido em diversos conflitos de terras no Cone Sul de Rondônia, e já chegou a ser preso em decorrência de ataques parecidos com o que aconteceu em Vilhena. Os policiais foram até a casa de Pedro Arrigo para tentar interrogá-lo. Porém, o camponês está sumido desde o sábado.

O helicóptero usado na investigação também tem a finalidade de encontrar Arrigo. Os policiais acreditam que ele e os outros homens que participaram do ataque ainda estão escondidos na região, possivelmente em propriedades rurais. Outra possibilidade levada em conta pelos investigadores é de que o grupo armado tenha se dispersado, o que pode levar um tempo para encontrar todos os envolvidos.

Reintegração de posse

No local onde aconteceu a chacina, segundo membros da Polícia Militar, houve uma reintegração de posse na quarta-feira, 14. Segundo informações extraoficiais, um grupo de PMs foi ao local para fazer a segurança da reintegração, porém, ao chegarem à propriedade rural, não havia nenhum camponês, pois eles haviam sido avisados e decidiram deixar o local antes da chegada da polícia.

Trabalhadores

As vítimas da chacina estavam no local para construírem cercas que delimitam as terras. Segundo investigadores da polícia, nenhuma das vítimas tinha relação com a reintegração de posse, e estavam apenas prestando serviços na área.
Os policiais envolvidos na operação garantem que nenhuma arma de fogo, ou qualquer vestígio, foi encontrado até o momento. Isso significa que as vítimas foram atacadas sem nenhuma chance de defesa.



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