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Diário da Amazônia

Comandante do Exército defende aproveitamento dos recursos

Brasil é uma nação sem consciência da sua própria grandeza e das riquezas presentes em seu território.

Por Agência Senado
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Publicado: 23/06/2017 às 06h40min

General Villas Bôas participou de audiência pública

Em audiência pública ontem na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse que o Brasil é uma nação sem consciência da sua própria grandeza e das riquezas presentes em seu território.

O general, que já comandou a 17ª Brigada de Infantaria de Selva, em Porto Velho, revelou que projeções trabalhadas pelo Exército calculam em cerca de U$ 23 trilhões o potencial em recursos naturais existente apenas na região amazônica. Apesar disso, não existiria nenhum projeto específico de aproveitamento destas gigantescas riquezas, refletido ainda, no entender de Villas Bôas, na ausência de um projeto nacional como um todo. Ele concordou com a afirmação de Roberto Requião (PMDB-PR) para quem “o Brasil é grande demais para abrir mão de um projeto nacional”.

“É exatamente isso: o Brasil é um superdotado num corpo de adolescente. A Amazônia continua praticamente abandonada, falta um projeto e densidade de pensamento”, afirmou.

Villas Bôas voltou a reiterar declarações recentes dadas à imprensa para quem “o Brasil está à deriva, sem rumo”, como consequência de um acúmulo de crises que iria além de seus aspectos econômicos. Fez questão de afirmar que este diagnóstico não se aplicaria à atual gestão federal, pois este processo “já vem há muito tempo”.

Villas Bôas entende que um dos equívocos cometidos pela sociedade brasileira foi deixar-se levar pelas linhas de confrontação ideológica existentes na Guerra Fria, o que dividiu setores, levou ao abandono de um projeto nacional e evolui hoje para a “perda da identidade e o estiolamento da autoestima”. (Agência Senado)

Abertura para exploração mineral preocupa 

As afirmações de Villas Bôas em relação à região amazônica e à crise de projetos foram apoiadas por senadores como Cristovam Buarque (PPS-DF), Vanessa Graziottin (PCdoB-AM) e Lindbergh Farias (PT-RJ). Para Cristovam, até hoje amplos setores da sociedade brasileira continuam presos a mecanismos ideológicos herdados da Guerra Fria, o que ele percebe como “um anacronismo”.

Lindbergh questionou o general sobre projetos anunciados pelo governo federal, como uma ampla liberação para a exploração estrangeira em relação a minérios, assim como também a venda de terras para estrangeiros. Villas Bôas disse ser contrário à venda de terras nas regiões fronteiriças, reiterando que se absteria de comentar a questão em relação a outras partes do território.
O comandante do Exército também fez questão de dizer que vê com “preocupação” uma maior abertura para a exploração das riquezas minerais por empresas de fora. E mencionou que o Exército tem levantamentos sobre a “estranha coincidência” entre a demarcação de terras indígenas com a presença das riquezas minerais.

Villas Bôas ressaltou que a Bolsa de Futuros relacionada à exploração mineral sedia-se no Canadá, de onde advém grande parte da pressão internacional pela instalação de unidades de conservação.

Ainda no que tange à Amazônia, para o general o País continua vítima de uma visão que contrapõe o desenvolvimento à preservação ambiental.

 



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