“Vamos aumentar os cuidados e não tolerarei mais qualquer ato com evidências delituosas”. A afirmação foi feita no fim da tarde de ontem, pelo governador Confúcio Moura, durante pronunciamento à imprensa, em Porto Velho, logo após ter prestado esclarecimentos à Polícia Federal no procedimento investigatório que faz parte da Operação Plateias, um desdobramento da Operação Termópilas inciada em 2009 e desencadeada em novembro de 2011.
O governador informou que por volta das 6h de ontem recebeu em sua residência membros dos Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual (MPE). Se dirigindo em seguida à sede da Polícia Federal para cumprimento do processo investigatório de inquérito do Superior Tribunal de Justiça, que tem a ministra Laurita Vaz como relatora.
Princípios
Fiel ao ordenamento jurídico vigente e aos princípios republicanos, conforme nota divulgada pelo Departamento de Comunicação, o governador disse à imprensa que se colocou à disposição para prestar as informações necessárias ao bom andamento das investigações. Segundo ele, foram feitas cerca de 52 perguntas relacionadas à Termópilas, com acompanhamento de nove autoridades responsáveis pelo processo. Todos os questionamentos, conforme o governador, foram respondidos naturalmente, sem coação dos agentes.
“Como governador em exercício e reeleito, esta é minha obrigação de não compactuar com desmandos”, ressaltou Confúcio, enfatizando que todos os membros do governo estão à disposição e que cada um responderá pelos possíveis atos, pois não compactua com ações criminosas. “Apoiamos integralmente qualquer iniciativa que tenha por fim combater eventuais crimes ao erário público. O governo abre as portas para os Ministérios Públicos trabalharem e virarmos a página”, reforçou.
Para o governador, a ação rápida dos MPs, logo após sua reeleição, é fruto do questionamento feito pelo seu adversário na campanha sobre a delação premiada, o que foi respondido prontamente por ele, na época. “Acho que estou no caminho certo para prestar todos esclarecimentos”, acentuou.
Na nota, o governador afirma também que mantém sua rotina de trabalho, totalmente comprometida com o bem-estar dos rondonienses.
Os esclarecimentos prestados pelo governador e secretários serão encaminhados aos MPs, que por sua vez encaminharão denúncia à Justiça que decidirá as medidas.
Operação com 193 mandados para 300 policiais federais
De acordo com a Polícia Federal, a Operação Plateias conta com apoio da Controladoria Geral da União e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e tem como objetivo desarticular organização criminosa formada por lobistas e agentes públicos responsáveis por desvio de verba pública e direcionamento de licitações. O prejuízo aos cofres públicos do Estado ultrapassa os R$ 57 milhões.
A operação cumpriu 193 mandados cumpridos por aproximadamente 300 policiais federais, em Rondônia, Acre, Amazonas, Bahia, Goiás, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe, além do Distrito Federal e uma condução coercitiva na Espanha. Três pessoas foram presas, duas delas foram presas no distrito federal.
PROCURADORIA
Defendendo a responsabilização de quem desvia dinheiro público, em entrevista coletiva, o procurador regional da República, Douglas Fischer, assessor criminal do Gabinete do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que a corrupção não pode ser admitida.
A pedido da vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, foram cumpridas 158 conduções coercitivas, quatro prisões temporárias e 27 mandados de busca e apreensão expedidos pelo STJ.
De acordo com o MPF, os investigados são servidores públicos, políticos, empresários e agentes públicos que atuam em oito secretarias, onde foram constatadas irregularidades. As investigações buscam individualizar a participação dos envolvidos.