A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha de Roberto Jefferson, que foi nomeada por Michel Temer para o Ministério do Trabalho, mas teve a posse suspensa por denúncia de trabalho escravo, é alvo de inquérito do Ministério Público Federal (MPF) que apura suspeitas de tráfico de drogas e associação para o tráfico durante a campanha eleitoral de 2010. É o que mostra a revista Veja publicada nesse sábado.
Conforme a reportagem, a investigação iniciada pela Polícia Civil, após a Ouvidoria receber denúncias por e-mail, foi enviada na sexta-feira à Procuradoria-Geral da República, em Brasília, já que Cristiane possui foro privilegiado.
O jornal O Estado de S. Paulo informou que o inquérito apura ainda se o deputado estadual Marcus Vinícius (PTB), ex-cunhado da parlamentar; e três assessores dela na época também estão envolvidos no caso. Eles são acusados de dar dinheiro a traficantes de Cavalcanti, bairro pobre da zona Norte carioca e uma das bases eleitorais da deputada. À época, a filha de Roberto Jefferson comandava uma secretaria municipal na gestão Eduardo Paes (MDB) e estava licenciada do cargo de vereadora, mas apoiava a candidatura de Vinícius, então seu cunhado, à reeleição. Ambos negam as acusações. Cristiane se candidatou e foi eleita deputada em 2014.
Traficantes teriam sido pagos para a campanha de 2010
De acordo com as denúncias, assessores de Cristiane Brasil pagaram a traficantes para ter o “direito exclusivo” de fazer campanha eleitoral na região. Também é investigado se líderes comunitários foram coagidos pelos criminosos a fazer campanha. Nas denúncias, há referências a “Zezito”, apontado como chefe do tráfico das comunidades Vila Primavera, Parque Silva Vale e JJ Cowsert, localizadas no bairro de Cavalcanti.
Um dos denunciantes disse que os traficantes chegaram ao “absurdo de levar as presidentes das associações do bairro para conversar com o chefão do morro porque elas não queriam trabalhar para a vereadora [Cristiane]”. “A intenção dele [do assessor] era que o chefão mandasse dar uma surra nelas e as obrigasse a trabalhar para a vereadora ou, em caso de recusa, até mesmo as matasse”.