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Diário da Amazônia

Dia dos Mortos é comemorado em festa cheia de alegria no México

No México, a morte tem significado único. Em vez de lamentada, é festejada uma vez ao ano

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Publicado: 02/11/2018 às 12h12min | Atualizado 02/11/2018 às 12h13min

Foto: NMarritz/Flickr

No México, a morte tem significado único. Em vez de lamentada, é festejada uma vez ao ano — de 31 de outubro a 2 de novembro (Dia de Finados no Brasil). Durante a festa, considerada pela Unesco como patrimônio da humanidade, é tradição reunir família e amigos para comemorar a visita dos antepassados à Terra. Se, no Brasil, a data é sinônimo de cemitérios lotados e melancolia, no México a animação toma conta, pois se acredita que os mortos devem ser recebidos com alegria e coisas de que gostavam enquanto vivos. A famosa caveira mexicana (La Catrina), altares coloridos, fantasias, comidas e bebidas típicas mudam a cara de várias cidades do país. A atmosfera é fúnebre, mas promete estimular até os mais desanimados.

A comemoração é antiga. Já ocorria antes da chegada dos espanhóis à América. Nessa época, era comum conservar crânios para exibi-los como troféus durante os rituais do Dia dos Mortos, no nono mês do calendário asteca, por volta de agosto. O destaque da festa era a Dama da Morte, deusa que teria inspirado a criação de La Catrina, caveira símbolo do evento nos dias de hoje. A personagem foi criada pelo cartunista José Guadalupe Posada, um dos responsáveis por consolidar a data no México. O artista é conhecido por suas imagens de caveiras atuando como gente comum.

Foto: Wikimedia Commons/Divulgação

A influência dos crânios humanos na comemoração é profunda e vai da decoração ao vestuário. Algumas cidades organizam concursos de fantasia para eleger quem se veste melhor de La Catrina. Os mexicanos também competem pelo título de quem faz o melhor pão de morto, quitute que leva raspas de laranja, erva-doce e é enfeitado com caveiras. Outras iguarias são caveiras de açúcar — usadas para decorar mesas ou adoçar o café em restaurantes descolados —, doces de abóbora, frutas, mescal, tequila e sal.

Outro símbolo do Dia dos Mortos são os altares coloridos e adornados com velas, imagens e alimentos. Eles servem para homenagear as almas e devem incorporar os quatro elementos da natureza. Há papéis e imagens que se movimentam com o vento, para simbolizar a passagem dos mortos pelo local. A água fica à disposição dos mortos, para matar a sede. As frutas representam a terra e servem para matar a fome — acredita-se que os defuntos percorrem um longo caminho até o mundo dos vivos. O fogo é simbolizado pelas velas — uma para cada alma lembrada.

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Famosa por suas touradas e excelentes vinhos, Aguascalientes sedia o Festival Cultural de Caveiras, principal atração do Dia dos Mortos por lá. Este ano, a festa começa no dia 29 de outubro. Tudo é organizado para homenagear a obra-prima de José Guadalupe Posada: a caveira La Catrina. Eventos culturais, gastronômicos e passeios noturnos fazem parte da programação do festival, mas uma visita ao Museu da Morte não pode faltar no roteiro. Construído em cima de um cemitério, nas dependências de um mosteiro, o museu tem acervo variado: uma coleção de objetos relacionados ao Dia dos Mortos montada durante 50 anos, reproduções de La Catrina e obras contemporâneas de artistas mexicanos. Aguascalientes fica a 523 km da Cidade do México.

Foto: GMB/Divulgação

O povoado da Cidade do México tem os cemitérios como destaque durante as comemorações do Dia dos Mortos. Desde 30 de outubro, os locais ficam repletos de flores, alimentos e bebidas sobre as tumbas. A música não pode faltar e, durante a noite, as velas transformam os espaços. Os corredores entre os túmulos ficam iluminados pelo fogo. Também é possível aproveitar exibições de dança e teatro e concertos ao ar livre. Em casas e edifícios públicos, é tradição preparar oferendas em memória dos defuntos, compostas por alimentos, bebidas, papel picado, flores, pão de morto, caveiras de açúcar e velas.

O destino a 500 km da Cidade do México é procurado pela tradição de cores e sabores. Os altares são feitos da flor de cempasúchil, símbolo da luz do sol que guia os mortos, e carregam retratos do defunto, círios, velas, água, sal e incenso. Próximos dos altares, os tapetes de serragem são outro destaque. As estampas variam: rosas, santos e grecas (bordas decoradas). Há um concurso regional que elege os mais belos e atrai moradores de povoados dos arredores. Entre as oferendas aos mortos saboreadas pelos vivos está o tamale, massa de milho assada em folhas de mandioca, bananeira ou abacate.



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