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Diário da Amazônia

Emeron dá início à profissionalização de adolescentes infratores

O programa socioeducativo tem como tema: “Se a vida ensina, eu sou aprendiz”

Por TJ-RO
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Publicado: 25/10/2018 às 12h37min | Atualizado 25/10/2018 às 12h39min

A Escola da Magistratura do Estado de Rondônia (Emeron) deu início, nesta semana, a uma iniciativa de responsabilidade social voltada a profissionalização e formação cidadã de jovens em cumprimento de medidas socioeducativas. Ao todo,21 adolescentes terão aulas matutinas na Emeron três vezes por semana, de informática básica, produção literária, oficina de teatro, além de palestras motivacionais, rodas de conversa com juízes e outras atividades.

Conforme a Cartilha do Adolescente Privado de Liberdade, publicada pelo Conselho Nacional de Justiça, quando uma pessoa maior de 12 anos e menor de 18 comete um ato infracional (contravenção ou crime praticado por adolescente), as medidas socioeducativas aplicadas pelo Juiz devem pautar-se principalmente em uma proposta pedagógica que vise à reinserção social do jovem, a partir de uma reflexão interna que gere a ressignificação de valores.

Assim, a Emeron propôs ao 1º Juizado da Infância e da Juventude de Porto Velho, responsável pelo desenvolvimento do projeto “Se a vida ensina, eu sou aprendiz”, a realização desta ação, com o objetivo de criar um espaço propício para que os adolescentes possam refletir sobre si e sobre suas escolhas e sobre seus valores pessoais em relação à ocupação profissional, assumindo o seu papel de cidadão como sujeito de direitos e deveres.

Na cerimônia de abertura do projeto, que teve a presença dos familiares dos adolescentes, o vice-diretor da Emeron, juiz Guilherme Baldan, um dos coordenadores do projeto, explicou aos jovens o papel da Escola e do Tribunal, e os convidou a refletirem sobre o porquê de estarem ali: “Acreditamos que vocês são pessoas em formação. Para estarem aqui, vocês erraram, mas nós estamos aqui porque acreditamos em vocês e no poder transformador da educação, e que vocês têm a possibilidade e o direito de mudar”. Por fim, ele destacou a participação voluntária dos professores dedicados ao projeto e a oportunidade apresentada a partir da convivência com boas influências, que pode levar os jovens a melhorarem a comunidade.

O Coordenador da Infância e Juventude, Raiclin Lima, complementou ressaltando a importância que o momento representa: “A inclusão no mercado de trabalho, para esses jovens, exige muito quanto à qualificação, e o Poder Judiciário era muito questionado sobre como ajudar. Hoje inicia-se essa resposta, que com certeza vai se refletir ainda mais no número de vagas obtidas”. Já a diretora pedagógica da Emeron, Ilma Brito, frisou o valor social do programa. “É possível fazer uma nova história, formando os cidadãos de que precisamos para construir uma sociedade cada vez melhor. Isso nos dá esperança, pois acreditamos no potencial de cada um e que as pessoas podem se transformar, mas este é apenas o ponto de partida de uma oportunidade que deve ser agarrada nessa caminhada de transformação”, disse.

O juiz Marcelo Tramontini, titular do 1º Juizado da Infância e da Juventude, também acredita nesse potencial: “A articulação de redes para projetos como esse é fundamental, pois esses adolescentes querem trabalhar. Já atendemos mais de 800 adolescentes em quatro anos, e essa parceria com a Emeron é mais uma alternativa para retirá-los da delinquência, com o Sistema de Justiça fazendo a sua parte. Ter contato com profissionais como os servidores da Escola é algo que pode mudar a vida”, frisou.

Entre as mães que acompanhavam emocionadas o início da nova jornada dos filhos, o clima era de esperança. “Lá fora eu não tenho condição de colocar meu filho em um curso, mas aqui ele vai ter a oportunidade de estudar. Acredito muito na capacidade dele e de que ele vai sair daqui um grande homem”, afirmou uma delas.

Após esta primeira turma, estão previstos para o próximo ano outros módulos bimestrais, nos mesmos moldes: dois dias da semana reservados para a formação profissionalizante em informática, e um dia para trabalhos interdisciplinares sobre cidadania, por meio de realização de oficinas de leitura, mediação, arte (teatro), rodas de conversa sobre temas específicos e outras atividades afins.



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