Há 28 anos na comunidade São Sebastião, à margem esquerda do rio Madeira em Porto Velho (RO) a tradição dos festejos dura dez dias e encerra com a procissão e a celebração da missa em frente a igreja no dia 20 de janeiro.
Todos os anos, esse não seria diferente, somente quando a grande cheia do rio Madeira forçou a comunidade a parar e improvisar em barracas na terra firme e para se reerguer. Esse ano, já tradicionalmente, a Família Rabelo juntamente com os amigos e as famílias da vila, buscou organizar e reformar sua casas e principalmente a igreja incluindo as duas imagens de São Sebastião, a que fica no altar e a outra que vai no andor na procissão.
Há quinze anos, que outra comunidade do baixo Madeira doou a imagem maior para a igreja da comunidade, passando por duas ‘restauração’ (revitalização): “Com fé e união das famílias a comunidade de São Sebastião se reergueu outra vez, com as promessas cumpridas e os festejos, tudo pode ser renovado”, reitera a artesã, Socorro Ramos.
Com a restauração da imagem de São Sebastião a vida voltou ao normal na comunidade e foi preciso de uma pequena ajuda de mãos talentosas, disse Socorro: “Convidei a minha amiga e parceira no artesanato na ‘Feira do Sol’, Eliane Borges, a Lili do Artesanato, a convidei para nós duas restaurarmos a imagem que, já gasta pelo tempo, precisava de reparos para ficar bem bonita nos festejos, com certeza isso dá um ânimo para comunidade”.
Apesar do tempo meio estourado bem próximo de começar os festejos, Lili aceitou o convite marcaram um dia, foram até a igreja para começar a restauração da imagem: “Eu fiquei preocupada pois achava que não ia dá tempo de restaurar, tem que dobrar o cuidado para não deixar a peça se descaracterizar e, ainda mais que tivemos que produzir novas flechas (adorno da imagem) que ficam encravadas na imagem de forma a ficar bem realista”.
Uma das características dos festejos de São Sebastião, além da novena, da procissão e das promessas pagas com intenção, no altar da igreja com fitas e velas o ponto alto da fé é o ‘mastro de São Sebastião’, onde é todo enfeitado no ‘capricho’ com brindes e frutas amarrados em toda a sua extensão, a bandeira bem ao alto do mastro segundo os organizadores do festejo, Regino e José Rabelo: “A festa é mantida pela comunidade com brindes todas as noites para o bingo e o dinheiro arrecadado é para o jantar da comunidade presente”. “E no final do dia a gente corta o mastro e todos participam pegando os brindes, principalmente as crianças”.
O momento em que a humanidade vive, além da crise econômica e tanta violência, ameaça nuclear ao nosso planeta, se faz necessário mesmo em risco, investir com fé, na paz.