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Diário da Amazônia

Habilidade na fabricação de guitarras

Produção do instrumentos não é em larga escala, ele atende apenas pedidos de clientes.

Por Fernando Pereira Diário da Amazônia
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Publicado: 05/11/2017 às 05h25min

Reginaldo Legota, artesão, tocando uma guitarra depois de pronta

Nascido no Estado do Espírito Santo e morando há mais de 30 anos em Rondônia, na zona rural de Buritis, Reginaldo Legota, 42 anos, ganha a vida de uma maneira diferente dos padrões comuns de sua região, que é fomentada pelo agronegócio. Tocar guitarra sempre foi uma paixão que teve desde pequeno, mas fabricar guitarras customizadas é um hobby recente em sua vida.

A sua produção de guitarras não é em larga escala, ele atende aos pedidos específicos de clientes que buscam um produto diferenciado e que se adéque às suas necessidades pessoais e físicas.

“A ideia de construir instrumentos customizados surgiu, por volta do ano 1992, ao ver que muitos músicos tinham a necessidade de ter um instrumento feito de acordo com a anatomia do seu próprio corpo. E são muitas as exigências neste sentido. Ao final de cada trabalho é muito gratificante ver um músico satisfeito, tendo em mãos um instrumento que atenda às suas exigências, tornando seu trabalho mais fácil e prazeroso”, disse Reginaldo.

Apesar de ter prazer em efetuar a confecção das guitarras, – que para ele também é uma expressão de arte, pois além de seguir recomendações minuciosas requeridas pelos clientes, precisa dar conta de manter o padrão natural do instrumento para que possa ter utilidade à finalidade pretendida -, Reginaldo disse que encontra diversas dificuldades pelo caminho, sendo que a principal delas é encontrar uma madeira que seja adequada à produção de guitarra.

“A maior dificuldade que tenho enfrentado nesta área é a de ter em mãos as madeiras específicas para cada tipo de instrumento, madeiras devidamente secas e envelhecidas naturalmente, já que isto influência na estabilidade e timbre do instrumento, para solucionar o problema, estou estocando madeiras para futuras construções”, esclareceu.

Pesquisas ajudam a manter trabalho com qualidade 

Para manter um padrão e alta qualidade, Reginaldo faz pesquisas constantes para obter informações a respeito de como se fazer uma guitarra de qualidade. “Há dez anos pesquiso madeiras usadas pelos americanos na construção de guitarras clássicas e caras, como as famosas Stratocaster e Telecaster feitas pela Fender, tendo em vista que há uma grande procura por um instrumento nacional que reproduza esses timbres com mais proximidade. E foi vendo de perto as madeiras que são usadas pela fender (Alder e Ash) que tive noção de como procurar por madeiras substitutas no Brasil”, pontuou.

Buscando fazer um bom trabalho na confecção das guitarras, Reginaldo consegue se fazer notável e divulgado através do meio mais comum de marketing o chamado “marketing boca a boca” no qual o próprio cliente indica o serviço a outros clientes.
“Recentemente confeccionei quatro guitarras para uso profissional, sendo duas do modelo Les Paul, uma Stratocaster e uma customizada. Graças a Deus as coisas têm andado bem. O trabalho que realizo é muito mais em função de uma expressão de arte, por isso me dedico bastante, pois antes de querer agradar a um cliente, quero me agradar na realização de uma obra, que é muito mais que um produto”, finalizou Reginaldo.

Clientela

Quem encomendou uma guitarra a Reginaldo foi o músico e professor de música Fernando Pereira Lima, que reside em Mirante da Serra. Fernando se diz bastante satisfeito com a guitarra que recebeu, a qual já está sedo usada.

“Muitos me perguntam por que eu não fui a uma loja de instrumentos e comprei uma guitarra dentre tantos modelos existentes, a minha resposta é simples: por questão de bem-estar físico, comodidade e, claro, designer próprio. Eu desenhei o modelo que encomendei, e o desenhei seguindo as necessidades anatômicas do meu corpo. Do jeito que minha guitarra foi feita, eu consigo tocá-la por horas sem sentir dores nas costas ou incômodos nos braços e pulsos”, explicou Fernando.



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