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Diário da Amazônia

Haitianos se estabelecem em Porto Velho

Litesse Vilsaint chegou a Porto Velho no dia 4 de janeiro de 2012. Hoje é pastor da igreja Metodista Haitiana, localizada na rua Buenos..

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Publicado: 10/03/2015 às 04h15min | Atualizado 29/04/2015 às 08h17min

Em Porto Velho desde 2012, Litesse Vilsaint hoje é pastor. No Haiti era professor de francês

Em Porto Velho desde 2012, Litesse Vilsaint hoje é pastor. No Haiti era professor de francês

Litesse Vilsaint chegou a Porto Velho no dia 4 de janeiro de 2012. Hoje é pastor da igreja Metodista Haitiana, localizada na rua Buenos Aires, na capital, onde os haitianos se reúnem aos domingos. No Haiti, Litesse era professor de francês, mas fala também o espanhol, inglês, o crioulo e o português. Antes de fundar a igreja chegou a trabalhar na usina hidrelétrica Santo Antônio.

O pastor é um dos milhares de haitianos que buscam fora de seu país o resgate da dignidade e a reconstrução de suas vidas e de suas famílias. Para ele, a igreja busca reunir a comunidade onde se “tenta pregar uma sociedade melhor, ensinar a palavra de Deus para transformar a vida das pessoas”.

Dia 5 de fevereiro de 2011 chegaram a Rondônia os primeiros 109 haitianos que vieram ao Brasil numa viagem de mais de seis mil quilômetros, saindo de Porto Príncipe de avião até o Equador, e daí por terra cruzaram a fronteira com o Peru e seguiram em viagem até Brasiléia, município acriano de 21 mil habitantes. Essa é a rota que tem sido mais utilizada pela entrada desses migrantes.

O governo do Estado criou à época um grupo de trabalho específico para atendê-los (Decreto nº 16.474 de 12 de janeiro de 2012), fazendo parte várias secretarias de estado como Secretaria de Ação Social (Seas), Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Corpo de Bombeiros, polícias Civil e Militar e Secretaria de Segurança e Cidadania (Sesdec).

Atualmente, aproximadamente 2,8 mil haitianos vivem em Porto Velho com moradia fixa, segundo dados da Seas. Destes, cerca de 800 ainda trabalham nas usinas do rio Madeira. “Os homens se adaptaram melhor e aprenderam o idioma rapidamente, ao contrário das mulheres, o que dificulta sua inserção no mercado de trabalho”, diz a assistente social Elenilda Torres, da Seas.

Inicialmente, como muitos estavam sem documentação, foram mobilizadas as polícias Civil e Federal para realizar a identificação e emitir documentos, pois esses primeiros migrantes tinham a autorização do Conselho Nacional de Justiça para entrar no Brasil.

Quando esses haitianos chegaram ao Brasil pela fronteira de Assis Brasil e Brasiléia, o governo do Acre os recebeu e já providenciou a confecção da Carteira de Trabalho e CPF. Em posse desses documentos, eles deram entrada nos demais que eram necessários.

Ao chegar a Rondônia, eles passaram por exames médicos, inicialmente pela Agevisa e atualmente são atendidos pela Sesau. Mas, apesar de todo o auxílio humanitário e acolhimento, segundo a assistente social Elenilda Torres, Rondônia nunca recebeu verba federal para custear essas despesas.

Segundo Elenilda, a imprensa teve um papel fundamental para mostrar a situação dos haitianos e também para conscientizar os empresários locais para a utilização dessa mão de obra que estava disponível. “Tudo foi acompanhado pela Delegacia Regional do Trabalho e assistência social do governo para evitar o trabalho escravo”.



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