Com um muro dividindo a Esplanada dos Ministérios em ala pró e contra o impeachment, a segurança nos arredores do Congresso Nacional foi intensificada ontem para os momentos finais do processo que poderá levar a presidente afastada Dilma Rousseff a deixar a Presidência da República. Durante todo o dia, mais de 1,3 mil policiais militares devem fazer a segurança da região central de Brasília.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, foram apreendidas hastes de bandeiras para evitar que o material fosse usado como arma, como já aconteceu em manifestações anteriores. Fora isso, não há registros de ocorrências.
Ao dividir o tempo de uma hora e meia, destinado à acusação, com a advogada Janaína Paschoal, o jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, adotou, durante toda sua exposição, um tom ainda mais duro que a colega para pedir a condenação da petista.
Reale afirmou que houve aparelhamento do governo e que há provas concretas de que houve crime de responsabilidade. “Não é apenas um formalismo, mas é a verificação exata da ocorrência de fatos delituosos graves. Como não há crime de responsabilidade? Há sim. Há cadáver e há mau cheiro desse cadáver. O crime está inicialmente em se ter utilizado os bancos oficiais para financiar o Tesouro”, ressaltou.
Após a advogada de acusação Janaína Paschoal terminar sua fala, um princípio de tumulto começou no plenário. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) reclamou no microfone que o deputado federal José Guimarães (PT-CE) chamou a advogada de “golpista”.
“Golpistas foram aqueles que saquearam a Petrobras, golpistas são aqueles que fraudaram a contabilidade pública”, afirmou Nunes aos gritos. O tucano pediu que o ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), chamasse a Polícia do Senado para retirar o deputado petista do plenário do Senado, caso o comportamento se repetisse. “Eu não tenho medo de você, nem de vocês”, completou Nunes.