Durante a madrugada de ontem (26), por causa de um repiquete (quando o nível do rio sobe e recua rapidamente), o rio Madeira atingiu a cota de 17,11 metros, considerada como limite para o transbordamento. O fenômeno aconteceu por volta das 3h e baixou logo em seguida, segundo dados divulgados pelo Serviço Geológico do Brasil, no Boletim Extraordinário do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Madeira (SAH Rio Madeira).
O mesmo fenômeno há havia sido registrado no último sábado (23), segundo a Defesa Civil Municipal, quando o nível do rio também ultrapassou os 17 metros. Já nesta terça-feira (26), a cota registrada é de 16,81 metros.
Conforme o diretor do órgão, a tendência é de estabilidade durante a semana, informação também confirmada pelo SAH Rio Madeira.
Com a enchente, já são 544 pessoas afetadas diretamente pela cheia do rio Madeira em Porto Velho neste ano. “Durante toda a semana, o rio deve ficar nesse mesmo nível, mas no mês de março ele pode subir ainda mais. As famílias continuam sendo monitoradas pela Defesa Civil e em casos de solicitação de ajuda as equipes estão prontas para fazer a retirada de famílias das áreas de risco”, disse o coordenador.
Questionado sobre a possibilidade do nível do rio Madeira chegar à cota de inundação antes do previsto, o coordenador explicou que não tem como afirmar se pode ocorrer nos próximos dias ou não e, no momento, acredita que o rio vai manter na cota dos 16 metros.
Conforme o prognóstico do Sipam, o Madeira irá ultrapassar 17 metros no mês de março, mas vai depender da quantidade de chuva no território boliviano. “A previsão é que o rio comece a transbordar somente no mês de março e não nos próximos dias, até porque o rio já ultrapassou os 17 metros no último final de semana, mas não transbordou”, explicou o coordenador.
Na área ribeirinha urbana da Capital, a água já atingiu os quintais de várias residências localizadas nos bairros Areal Centro, Mocambo, Baixa da União, Nacional, São Sebastião, Panair e Triângulo.
Cerca de 36 pessoas estão desalojadas e tiveram que ser levadas para casa de familiares. Outras 17 famílias que residem na comunidade de Mutuns e Boca do Jamari, na Zona Rural da capital, tiveram os quintais de suas casas invadidos pela água e foram levadas para barracas em locais seguro.
A elevação do nível do rio Madeira deixou ainda parte da Estrada do Belmont interditada. Cerca de 65 famílias que moram naquela região ficaram isoladas vários dias, mas a prefeitura conseguiu fazer uma rota de fuga pelo terreno da Infraero para que os caminhoneiros e moradores consigam passar em segurança.
Na comunidade Maravilha I e II, 13 famílias foram bastante afetadas com a cheia, segundo a Defesa Civil. Na comunidade de Mutuns, são 109 famílias e em São Miguel outras 19 também tiveram seus quintais inundados pela água.
Na rua Alexandre Guimarães, bairro Baixa da União, a água começou a invadir a rua e deixou uma residência ilhada. Para entrar ou sair de casa, o morador precisou improvisar uma ponte de madeira.
Em outro ponto, na avenida Euclides da Cunha, também no bairro Baixa da União, o problema se repete.
A espaço da feira do produtor, localizada na avenida Rogério Weber com Jaci-Paraná, também começou a ser invadido pela água que vem do canal. A feira do Cai N’Água, que ocorre aos domingos, mudou de local.
A rua Beira Rio, no bairro Cai N’Água, continua alagada. Os serviços de embarque e desembarque de mercadorias naquela região mudaram de local.
No distrito de São Carlos, as comunidades de Brasileira, Boca do Jamari, Terra Caída, Cavalcante e Curicaca também estão sofrendo com a cheia do rio Madeira. No distrito de Nazaré, as comunidades de Boa Vitória, Santa Catarina, Boa Hora, São José da Praia, Tira Fogo, Bomfim, Laranjal e Conceição da Galera foram as mais atingidas com a elevação do rio.
Já no distrito de Calama, as comunidades mais afetadas com a água do rio entrando nos quintais foram Papagaio, Ilha da Assunção e Firmeza.