A Mastercard vai permitir que clientestransgêneros usem os nomes de sua preferência em cartões de crédito e débito.
A empresa desenvolve um projeto com bancos parceiros para lançar os cartões True Name, que permitirão aos clientes usarem o nome que quiserem sem exigir uma mudança em cartório, um processo que deve favorecer clientes transgêneros e não binários em particular, disse a empresa em comunicado na segunda-feira.
A rede já iniciou as conversas com bancos para ajudá-los a implementar os cartões, disse Raj Seshadri, presidente de emissores da Mastercard nos Estados Unidos.
— O que estamos introduzindo é um cartão que representa um indivíduo como ele realmente é —disse Seshadri em entrevista. — É algo que deve ser acessível a todos da maneira que queiram, e não deve haver nenhum sofrimento nisso.
Quase um terço das pessoas que mostraram identificações com nomes ou gêneros que não correspondem à sua aparência já relataram ter experiências negativas, como o assédio, disse a Mastercard. A rede da empresa não exige que os comerciantes validem o nome do titular do cartão. Além disso, o nome no cartão não ajuda a comprovar a segurança de uma transação, disse Seshadri.
Outras instituições financeiras já haviam lançado iniciativas nesse sentido. Em 2016, atentos à demanda de clientes, alguns bancos e administradoras de cartão de crédito passaram a permitir o uso do nome social em seus cartões, sem exigir que o nome de batismo tenha sido alterado em cartório. No NuBank, as exigências burocráticas são as mesmas das feitas para clientes que usam o nome de registro civil: é necessário tirar uma selfie com o documento de identidade, dentro do próprio aplicativo do NuBank, e aguardar a liberação do cadastro.
No Santander, basta o cliente abrir uma solicitação junto à instituição, declarando que quer usar um nome diferente daquele de registro. A solicitação pode ser feita diretamente com o gerente ou por meio da central telefônica. E, segundo o Banco do Brasil, para pedir o direito ao nome social, basta o cliente manifestar essa preferência na sua agência. No Itaú Unibanco, sempre que solicitada pelo cliente, explica o banco, a instituição analisa e efetua a alteração dos dados cadastrais (nome e gênero) mediante apresentação de documentos.
“A Mastercard ouviu a necessidade de privacidade e autenticidade dos transgêneros e não binários e criou uma ferramenta poderosa para melhorar suas vidas”, disse Zeke Stokes, diretor de programas do GLAAD, grupo de defesa LGBTQ, em comunicado. “Outras empresas devem seguir o mesmo caminho, trabalhando com membros da comunidade LGBTQ para criar produtos financeiros que reflitam suas verdadeiras identidades.”