Uma Suzuki Boulevard de 800 cilindradas, fabricada em 2009, por apenas R$ 3.600, tomada pela seguradora do antigo dono. Ou uma BMW R1200 de 2016 por cerca de R$ 8.000. Ou ainda uma clássica Harley-Davidson XL 1200 X Sportster, produzida em 2014 e vendida por R$ 7.400. Essas são apenas algumas das oportunidades que costumam surgir com frequência em leilões de moto promovidos por agências online.
Com o aumento no número de vendas de veículos desse porte, cresceram também os problemas judiciais envolvendo seguradoras e proprietários que não conseguem pagar por eles após algum tempo. Assim, eles voltam ao mercado com valores reduzidos por meio dos leilões.
A Boulevard, da Suzuki, por exemplo, custa R$ 20.900 na tabela do Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que regula os valores de vendas de automóveis no país. No mercado, é possível encontrar exemplares usados até por R$ 19.000. Isso significa que, por meio do leilão, sem considerar as possíveis avarias na motocicleta ou os custos com documentação, o valor cai 427%.
Isso se explica, segundo Flávio Santoro, diretor da leiloeira Sodré Santoro, pela forma como os negócios são feitos entre as agências e os compradores. “Quando um veículo chega ao segundo lote – ou um imóvel, um terreno, um equipamento –, ele já é disponibilizado no mercado pela metade do preço. Em alguns casos, 70% mais barato. É quando a agência quer vender de qualquer jeito.”
A BMW é o caso mais absurdo de diferenciação de valores: na tabela Fipe, ela custa cerca de R$ 60.000. No mercado comum de motocicletas usadas, há algumas por R$ 57.000. No leilão, a moto com algumas avarias na parte do motor e no guidão é vendida por R$ 8.000 – preço cinco vezes menor.
A Harley-Davidson, também avariada, custa três vezes menos do que no mercado comum ou na tabela Fipe (R$ 33.000). Há ainda outras motos clássicas vendidas por preços em conta, como uma Kawasaki Ninja, de 2011, por R$ 4.600 e uma Ducati Monster, de 2006 e com 1.000 cilindradas, por R$ 5.200.
Assim como os carros, as motos geralmente possuem problemas de documentação que são pagos pelo comprador – e que costumam ser “salgados” –, além de avarias físicas, resultados de batidas ou quedas, no caso das motocicletas. A Harley-Davidson vendida até agosto no site da Sodré Santoro tinha danos no guidão e na roda dianteira.
