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Diário da Amazônia

MPF alerta sobre impacto ambiental com nova hidrelétrica em RO

Mesmo após MPF emitir recomendações para alertar sobre as deficiências, o Ibama aceitou os estudos.

Por Redação Diário da Amazônia
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Publicado: 04/02/2020 às 18h14min

A Procuradora da República Gisele Bleggi aponta que a construção das três grandes hidrelétricas de Rondônia (Santo Antônio, Jirau e Samuel) geraram grandes impactos ambientais e sociais, mas em nada contribuirám para melhorar a vida da população. “A energia elétrica gerada em Rondônia é uma das mais caras do país, mesmo com três hidrelétricas. Não precisamos de outra hidrelétrica no estado. A população precisa de mais serviços públicos que possam melhorar sua qualidade de vida”, argumentou Gisele Bleggi, durante reunião de avaliação dos impactos ambientais com a construção da Usina Hidrelétrica de Tabajara, em Machadinho do Oeste.

A reunião realizada nesta terça-feira na sede do Ministério Público Federal (MPF), na Capital, contou com a participação de grupos de pesquisa dos setores de energia sustentável e de geografia da Universidade Federal de Rondônia (Unir), para discutir sobre as principais fragilidades do estudo de impactos ambientais da construção da barragem na de Hidrelétrica Tabajara. Em dezembro de 2019, após analisar os estudos e o relatório de impacto ambiental, o MPF alertou o Ibama que vários aspectos dos eventuais danos sociais e ambientais foram tratados superficialmente. Mesmo assim o Ibama aceitou os estudos de impacto ambiental da hidrelétrica.

Na reunião desta terça-feira, o MPF e os grupos da Unir trataram das próximas medidas administrativas ou judiciais em relação aos estudos de licenciamento ambiental da Hidrelétrica Tabajara e também ações de mobilização e esclarecimento junto à comunidade que será afetada. O professor Ricardo Gilson, doutor em geografia humana, explicou que os empreendedores (Eletronorte e Furnas) e a empresa JGP Consultoria, responsável pela elaboração dos estudos, não informaram a metodologia usada para coleta e análise dos dados, o que prejudica a verificação e a confiabilidade do resultado apresentado nos estudos.

Segundo Ricardo Gilson, os estudos concluíram que na área afetada há somente mil pessoas e que não há comunidade tradicional. “Entretanto, é sabido que o Rio Machado possui tradicionalmente comunidades ribeirinhas. Há também índios isolados naquela região. Nossa análise é que os estudos precisam ser feitos de forma aprofundada, com metodologia apresentada e de forma transparente porque depois pode ser tarde e os danos podem ser irreversíveis”, disse. Já a professora doutora em geografia Madalena Cavalcante acrescentou que uma das preocupações é que o empreendimento pode impactar diretamente o Parque Nacional dos Campos Amazônicos. “É uma região muito preservada em Rondônia, única e muito rica em biodiversidade”, completou.

Com informações da Assessoria de Imprensa do MPF-RO



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