Embora tenha usado as redes sociais nesta terça-feira, 17, para pregar união com os demais Poderes no combate ao novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro publicou mais tuítes para falar sobre os atos do dia 15 de março e sobre ações gerais do governo do que para fazer recomendações sobre como lidar com a pandemia.
Desde que o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil, no dia 25 de fevereiro, Bolsonaro fez 145 posts no Twitter, dos quais: 36 falam sobre as manifestações a favor do governo e contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF); 41 ressaltam medidas gerais do Planalto; e 13 dizem respeito a ações do governo para mitigar o vírus.
Levantamento feito pelo Estado aponta que o presidente passou a falar mais sobre a doença na rede social nesta semana. Dos 13 tuítes que tratam de ações para conter o novo coronavírus no País, 8 foram publicados entre segunda e terça-feira. A mudança de tom do presidente veio com a confirmação da primeira morte por coronavírus no País.
Após afirmar que há uma “histeria” na forma como a pandemia está sendo tratada no País, Bolsonaro anunciou que vai se reunir com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, para tratar do assunto.
No Twitter, escreveu: “Se, com serenidade, população e governo, junto com os demais Poderes, somarmos os esforços necessários para proteger nosso povo, venceremos não só este mal como qualquer outro!”.
– Superar este desafio depende cada um de nós. O caos só interessa aos que querem o pior para o Brasil. Se, com serenidade, população e Governo, junto com os demais poderes, somarmos os esforços necessários para proteger nosso povo, venceremos não só este mal como qualquer outro!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 17, 2020
As manifestações do dia 15 de março ocuparam 24,8% de todas as publicações do presidente desde o dia 25 de fevereiro. Quase todas foram em forma de vídeo ou foto, mostrando os atos em diversos Estados do País, como no exemplo abaixo:
– Mais Londrina! @filipebarrost pic.twitter.com/HYHfRm8aNW
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 15, 2020
Ações do governo federal – como investimentos, conclusão de obras de infraestrutura e entregas de projetos – estavam presentes em 41 tuítes da conta oficial de Bolsonaro. Perdeu apenas para publicações que tratam de assuntos diversos, como agenda e indicadores socioeconômicos, que totalizaram 43 postagens.
Mais obras de grande porte em fase de conclusão no ES, SE,PI, GO, além de reparos contínuos devido ações do tempo em MT, PI, ES, SP, RJ e muitas outras regiões de responsabilidade do Governo Federal. Mais detalhes nos perfis do @MInfraestrutura , @DNIToficial e @exercitooficial pic.twitter.com/VWPX60bzla
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 11, 2020
O tema “coronavírus” apareceu apenas quatro vezes quando não se tratava de ações concretas do governo. Nas duas publicações em que o presidente divulgou o resultado negativo do teste para Covid-19; na mensagem da última terça, quando ele se dirigiu à população para falar que “nenhum vírus é mais forte do que o nosso povo”; e, por último, em uma postagem que divulgava a transmissão ao vivo no Facebook no dia 27 de fevereiro, na qual o assunto não foi tratado como tema principal.
– Informo que meu 2° teste para COVID-19 deu NEGATIVO.
– Boa noite a todos.— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 18, 2020
Imprensa
Os ataques à imprensa estiveram presentes em 8 publicações do presidente desde o primeiro caso de brasileiro infectado com o novo coronavírus. A maior parte pede para que seguidores do presidente não acreditem em notícias publicadas pela mídia.
– NÃO ACREDITE NA MÍDIA FAKE NEWS!
– SÃO ELES QUE PRECISAM DE VOCÊS!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 13, 2020
Método
Para o levantamento, o Estado considerou cada thread (publicações em série) como um tuíte. Foram analisadas publicações da conta oficial do presidente no Twitter (@jairbolsonaro) a partir do dia 25 de fevereiro. Foram desconsiderados retweet (compartilhamento de publicação de outras contas) de Bolsonaro.
Fonte: Terra