Uma onda de sequestros de portugueses na capital moçambicana, Maputo, no ano de 2013, apresentava ao mundo o outro lado de uma triste realidade por que passava o país. Quebra de harmonia e desajustes sociais mostravam que o antigo paraíso enfrentava um cenário complexo e ambientado aos padrões mais elevados da violência urbana. Histórias comuns e corriqueiras, em Maputo, compeliam, de dentro para fora, a força que move a arte e alimenta a vida em sua essência.
Do grotesco e carrancudo ambiente pós-colonial, o moçambicano António Maxlhaieie construiu a órbita de seu conjunto cênico. O curta-metragem “O Muro da Vida” trouxe a história que tipifica a familia socialmente fragilizada e que vive às margens, na periferia de Maputo. O filme foi o vencedor do Festival Curta Amazônia, 5ª edição, pela categoria Competitiva Mundial.
“O muro da vida”, de António Maxlhaieie, média de ficção, 36 minutos, indicação 16 anos, retrata a vida de uma família em que a mãe, também em seu papel de pai, sente-se impotente diante das ofensivas do mundo. A filha mais nova, uma virgem de 18 anos de idade, foge para a mundo promíscuo prometendo cumprir promessa que fizera à sua mãe.
Jorge, irmão mais velho de Márcia, falha com a que fez a sua mãe. Assim, o enredo se desenvolve e constroi os aspectos que vão atender aos principais tópicos solicitados pela competitiva. Um conjunto harmônico de valoração e denúncia social.
O crescimento populacional
Maputo, capital de Moçambique, denominava-se Lourenço Marques até o ano de 1976. A mudança ocorreu após a independência que culminou, anos mais tarde, com um grande afluxo populacional. O país, de 1976 a 1992, mergulhou em “terrível” guerra civil que o fez sofrer ainda mais pela condição negativa de falta de infra-estrutura.
Em 2013, no ápice de seu crescimento populacional, Maputo encara uma onda de violência, principalmente contra os portugueses empresários. São verificados dezenas de sequestros de crianças, mulheres e adultos.
Números da grande Maputo
O censo de 2007 apontou, para a capital de Moçambique, Maputo, uma população de 1.094.315 habitantes, um crescimento de 13,2% em relação ao censo anterior realizado em 1997, onde foram apurados 966.837 habitantes. Este crescimento populacional equivale a 1,2% ao ano, metade da média nacional de 2,4%. Segundo o INE (Instituto Nacional de Estatística), este crescimento populacional lento em Maputo é resultado da migração para a província de Maputo, principalmente para as zonas de expansão habitacional nos distritos de Boane, Marracuene e cidade da Matola. O INE relata ainda que entre 2006 e 2007, a cidade de Maputo recebeu de outras províncias 26.038 pessoas, mas por outro lado, 39.614 saíram para a província de Maputo. No início de 2013 a população do município estava estimada em 1.209.993 habitantes.
Organizador destaca visitantes
Em visita ao Jornal Diário da Amazônia, na manhã de ontem, o organizador do Festival, Carlos Levy, sintetizou que este é um momento rico e de grande importância para a cultura de forma geral. Segundo ele, foram inscritos 25 trabalhos de alto nível e, dentre estes, alguns de produtores internacionais. “Que fique registrado nos anais da história cultural de Rondônia e na memória do Festival de Cinema Curta Amazônia essas marcas que são importantes quanto a potencialização e fortalecimento da cultura regional”, explica ao falar do apoio recebido pela iniciativa privada.
Além disso, Carlos Levy também destacou que esta 5ª edição do Festival Curta Amazônia é uma demonstração de que as iniciativas independentes vem ganhando mais força a cada ano que passa. Ele ressaltou também que a participação de representantes dos mais distantes cenários, nacionais e internacionais, gratifica os organizadores e ajudam no crescimento deste evento. “Nós recebemos a inscrição do maçambicano António Maxlhaieie, com o seu curta “O muro da vida”, e ficamos muito felizes com isso. Maxlhaieie foi um dos que prestigiou de perto o desenrolar do evento e pode perceber a maravilha que é tudo isso”, explica Carlos Levy.
Por Analton Alves