Porto Velho/RO, 20 Março 2024 10:50:26
RONDÔNIA

‘O Muro da Vida’ entrelaça realidade

Uma onda de sequestros de portugueses na capital moçambicana, Maputo, no ano de 2013, apresentava ao mundo o outro lado de uma triste..

A- A+

Publicado: 16/08/2014 às 13h16min | Atualizado 28/04/2015 às 11h23min

António Maxlhaieie de Maputo,Moçambique, vencedor do Curta Amazônia

António Maxlhaieie de Maputo,Moçambique, vencedor do Curta Amazônia

Uma onda de sequestros de portugueses na capital moçambicana, Maputo, no ano de 2013, apresentava ao mundo o outro lado de uma triste realidade por que passava o país. Quebra de harmonia e desajustes sociais mostravam que o antigo paraíso enfrentava um cenário complexo e ambientado aos padrões mais elevados da violência urbana. Histórias comuns e corriqueiras, em Maputo, compeliam, de dentro para fora, a força que move a arte e alimenta a vida em sua essência.

Do grotesco e carrancudo ambiente pós-colonial, o moçambicano António Maxlhaieie construiu a órbita de seu conjunto cênico. O curta-metragem “O Muro da Vida” trouxe a história que tipifica a familia socialmente fragilizada e que vive às margens, na periferia de Maputo. O filme foi o vencedor do Festival Curta Amazônia, 5ª edição, pela categoria Competitiva Mundial.

“O muro da vida”, de António Maxlhaieie, média de ficção, 36 minutos, indicação 16 anos, retrata a vida de uma família em que a mãe, também em seu papel de pai, sente-se impotente diante das ofensivas do mundo. A filha mais nova, uma virgem de 18 anos de idade, foge para a mundo promíscuo prometendo cumprir promessa que fizera à sua mãe.

Jorge, irmão mais velho de Márcia, falha com a que fez a sua mãe. Assim, o enredo se desenvolve e constroi os aspectos que vão atender aos principais tópicos solicitados pela competitiva. Um conjunto harmônico de valoração e denúncia social.

Cena do curta-metragem “O muro da vida”, de António Maxlhaieie

Cena do curta-metragem “O muro da vida”, de António Maxlhaieie

O crescimento populacional

Maputo, capital de Moçambique, denominava-se Lourenço Marques até o ano de 1976. A mudança ocorreu após a independência que culminou, anos mais tarde, com um grande afluxo populacional. O país, de 1976 a 1992, mergulhou em “terrível” guerra civil que o fez sofrer ainda mais pela condição negativa de falta de infra-estrutura.
Em 2013, no ápice de seu crescimento populacional, Maputo encara uma onda de violência, principalmente contra os portugueses empresários. São verificados dezenas de sequestros de crianças, mulheres e adultos.

Números da grande Maputo

O censo de 2007 apontou, para a capital de Moçambique, Maputo, uma população de 1.094.315 habitantes, um crescimento de 13,2% em relação ao censo anterior realizado em 1997, onde foram apurados 966.837 habitantes. Este crescimento populacional equivale a 1,2% ao ano, metade da média nacional de 2,4%. Segundo o INE (Instituto Nacional de Estatística), este crescimento populacional lento em Maputo é resultado da migração para a província de Maputo, principalmente para as zonas de expansão habitacional nos distritos de Boane, Marracuene e cidade da Matola. O INE relata ainda que entre 2006 e 2007, a cidade de Maputo recebeu de outras províncias 26.038 pessoas, mas por outro lado, 39.614 saíram para a província de Maputo. No início de 2013 a população do município estava estimada em 1.209.993 habitantes.

Organizador do Festival, Carlos Levy, em visita ao Diário

Organizador do Festival, Carlos Levy, em visita ao Diário

Organizador destaca visitantes

Em visita ao Jornal Diário da Amazônia, na manhã de ontem, o organizador do Festival, Carlos Levy, sintetizou que este é um momento rico e de grande importância para a cultura de forma geral. Segundo ele, foram inscritos 25 trabalhos de alto nível e, dentre estes, alguns de produtores internacionais. “Que fique registrado nos anais da história cultural de Rondônia e na memória do Festival de Cinema Curta Amazônia essas marcas que são importantes quanto a potencialização e fortalecimento da cultura regional”, explica ao falar do apoio recebido pela iniciativa privada.

Além disso, Carlos Levy também destacou que esta 5ª edição do Festival Curta Amazônia é uma demonstração de que as iniciativas independentes vem ganhando mais força a cada ano que passa. Ele ressaltou também que a participação de representantes dos mais distantes cenários, nacionais e internacionais, gratifica os organizadores e ajudam no crescimento deste evento. “Nós recebemos a inscrição do maçambicano António Maxlhaieie, com o seu curta “O muro da vida”, e ficamos muito felizes com isso. Maxlhaieie foi um dos que prestigiou de perto o desenrolar do evento e pode perceber a maravilha que é tudo isso”, explica Carlos Levy.

Por Analton Alves



Deixe o seu comentário