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Diário da Amazônia

O que professores e alunos têm aprendido com a adaptação das aulas remotas

Os últimos meses foram atípicos para todos. As mudanças trazidas pela necessidade de isolamento social trouxeram uma nova realidade para..

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Publicado: 04/08/2020 às 15h37min | Atualizado 05/08/2020 às 15h19min

Imagem: Reprodução

Os últimos meses foram atípicos para todos. As mudanças trazidas pela necessidade de isolamento social trouxeram uma nova realidade para professores e estudantes. E quem nunca fez isso antes e teve que se adaptar a uma rotina diante do computador, sabe das dificuldades. 

Os jovens já nasceram na era tecnológica e possuem grande facilidade em entender programas e sistemas novos. Porém, isso não os esquiva de dois problemas fundamentais: as distrações e o acesso à internet. Estar em casa é ter que lidar com sons ambientes como telefones, máquinas, televisores, outras pessoas e qualquer tipo de informação que tire a atenção nos estudos. No caso de universitários, há ainda aqueles que lidam com filhos e precisam intercalar atividades.

Outro fator que influencia bastante, principalmente alunos da rede pública, é a dificuldade de acesso à internet e a computadores para acompanhar e executar as atividades. Outro problema constantemente apresentado por eles é o excesso de tarefas e provas e também a quantidade de horas dispensada para aulas online. E nesse quesito, é bom lembrar sempre passar muito tempo em frente ao  computador pode trazer prejuízos à visão e saúde, causando dores de cabeça, problemas de posturas, sensibilidade à luz e ansiedade.

As aulas de forma remota devem permanecer nos próximos meses, já que não temos uma vacina. Diante disto, o Ministério da Educação prorrogou o prazo para o início das aulas presenciais e também determinou que  as universidades terão autonomia para realizar aulas online durante o segundo semestre deste ano. O que pode ser feito neste momento é aprender com essas dificuldades e apresentar soluções para superá-las. 

Professores também estão buscando alternativas para melhorar o ensino. Imagem: Reprodução

Assim como os alunos possuem dificuldades, os professores também foram pegos de surpresa e tiveram que se adaptar de uma hora para outra. Devemos, antes de mais nada, lembrar que há diferenças entre as modalidades de aula presenciais e online, e que nem todos estão preparados para tais mudanças tão repentinamente. 

O processo pode ser cansativo e provocar estresse. E alguns professores têm feito verdadeiros malabarismos para conseguir com que suas aulas cheguem aos alunos, em alguns casos até mesmo a investindo em  outros meios como rádio comunitária. Essa é uma lição valiosa para enxergamos uma nova maneira de ver a educação.

Durante esses primeiros meses, profissionais de educação correram para adaptar conteúdos criados para o presencial. E esta não é uma tarefa fácil, principalmente para aqueles que não estão acostumados com as inovações e não conseguem a mesma performance das aulas presenciais. Outro problema é ter que que lidar com problemas técnicos que prejudicam o desenvolvimento da aula. 

Com isso podemos chegar à conclusão que um fator que ficou bem evidente foi o quanto a ausência de preparação para aulas online prejudicou tanto docentes quanto discentes. Isto porque uma parte deles não estava habituada com os programas e macetes que já fazem parte desta modalidade de educação e que inclui o uso de bons softwares e aulas preparadas exclusivamente para o modo remoto.

Um professor acostumado a dar aulas presenciais de inglês, por exemplo, pode ter sentido dificuldades em alcançar um nível parecido com o  já oferecido por cursos online, já que, para tanto, seria necessária uma estrutura e adequação devida à esta modalidade. Ou seja, EAD (Ensino à Distância) é uma experiência diferente da que está sendo executada atualmente pelas escolas e universidades, já que exige uma especialização específica e metodologia própria. 

Os professores de Educação Infantil estão criando alternativas para prender a atenção das crianças. Imagem: Reprodução

Isto tudo acaba trazendo muita insegurança. Cerca de 83% dos professores ainda se sentem despreparados para o ensino virtual, segundo dados do Instituto Península,   que realizou a pesquisa com 7.734 mil professores entre abril e maio de 2020. Esse também é o número de profissionais que nunca tinham dado aula remotamente. Neste sentido, quem mais vem sofrendo são os professores de educação infantil, já que prender a atenção de crianças pequenas é complicado até mesmo presencialmente.

O que sabemos neste momento é que, a escola pode caminhar, mas é necessário que exista uma rede de suporte para isso. Primeiro, o apoio familiar tem sido primordial para que as tarefas tenham um resultado satisfatório. Mas aqui vai um adendo: nem todos também estão preparados para este apoio, já que mães e pais também tem vivido dias de extrema  pressão com o retorno ao trabalho. Resta também aos professores e escolas terem em vista tal fato.

Também é necessário um olhar sobre questões de rotinas de trabalho, métodos que possam causar exaustão e cobranças exageradas. Há uma questão emocional neste momento que também deve ser levada em consideração e o feedback dado pelos alunos tem sido fundamental quanto a isso. 

Por outro lado, as instituições de ensino já começam a perceber que é necessário investir em treinamentos e fornecer apoio a esses profissionais que também precisam gerenciar suas vidas fora das telas do computador.

Com isso, algumas escolas já estão incluindo em suas revisões a quantidade de horas de exposição, assim como professores têm delimitado um limite para a comunicação, determinando horas ou dias específicos para que os contatos com os alunos. Esse tempo é necessário para que todos consigam desenvolver outras atividades de maneira sadia.

Mas o que todos vem aprendendo é que existem outros conceitos e que estes podem ser aplicados, podendo ajudar ou substituir modelos mais tradicionais. A resposta pode não ser a mesma para todos os casos, e muitos alunos e profissionais sentem a diferença, mas isso também faz parte do tempo necessário para que cada um se adapte à uma nova realidade. 

O que é necessário agora é manter a calma e ter paciência. As mudanças tiveram que ocorrer de uma maneira brusca, mas as soluções vão sendo apresentadas aos poucos. E aprender com os erros e aceitar as mudanças fazem parte dos princípios da educação. E dentro e fora da sala de aula, neste momento todos estão aprendendo muito. 



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