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SAÚDE

OMS: maioria da população terá de esperar até 2022 para ser vacinada

Resumo da notícia Para OMS, não há capacidade mundial para vacinação de toda a população em um ano 2021 deve ser dedicado a vacinar..

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Publicado: 14/10/2020 às 15h21min | Atualizado 14/10/2020 às 15h22min

Segundo a OMS, há 165 vacinas contra a covid-19 em desenvolvimento no mundo Imagem: REUTERS

Resumo da notícia

Para OMS, não há capacidade mundial para vacinação de toda a população em um ano

2021 deve ser dedicado a vacinar profissionais de saúde e integrantes de grupos de risco

Pessoas jovens e saudáveis provavelmente serão vacinadas apenas em 2022, avalia OMS

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a grande parte da população mundial terá de esperar provavelmente até 2022 para ser vacinada contra a covid-19, apesar dos avanços da ciência. O recado foi emitido hoje pela entidade, que insiste que não haverá uma capacidade de produção suficiente para abastecer o mundo com vacinas de forma imediata.

De acordo com a agência, a prioridade será a de garantir a vacina para profissionais do setor de saúde, idosos e pessoas com condições de vulnerabilidade. Juntos, esses grupos não somam sequer 20% das população mundial, hoje estimada em 7,7 bilhões de pessoas..

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“Para uma pessoa comum, jovem e saudável, talvez será preciso esperar até 2022 para ter a vacina”, declarou a cientista-chefe da entidade, Soumya Swaminathan. Para ela, o mundo deve ter uma vacina em 2021, mas será “em quantidade limitada”.

Soumya indica que a esperança é de que, ao vacinar uma parcela da população, a taxa de mortalidade seja reduzida e que a transmissão possa cair.

Nunca ninguém produziu vacinas nessa quantidade”, disse. “Não é que, no dia 1 de janeiro de 2021, seremos todos vacinados e a vida vai voltar ao normal.

Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS

Segundo ela, para que a vacina gere uma imunidade de rebanho, 70% da população mundial terá de receber o produto, cerca de 5 bilhões de pessoas. Nesse momento a cadeia de transmissão seria interrompida.

OMS tenta frear clima de que pandemia já passou

Nos bastidores, fontes do alto escalão da OMS indicaram que o recado de Soumya tem como objetivo frear um clima e uma narrativa entre certos governos de que medidas de contenção podem ser abandonadas, já que a vacina está próxima.

Na agência, a esperança real é de que resultados positivos sobre os testes relacionados à vacina já sejam anunciados antes do final do ano e que, em 2021, esses primeiros grupos serão imunizados. Mas, até o final do próximo ano, a meta é de que a maior campanha de vacinação da história chegue a 2 bilhões de pessoas, muito inferior à metade da população do planeta.

Maria van Kerkhove, diretora técnica da OMS, insiste que o mundo não precisa esperar a vacina para todos para garantir um controle do vírus. “Temos instrumentos hoje para impedir a transmissão [da covid-19]”, disse a americana, que destaca como governos de diferentes partes do mundo conseguiram manter taxas baixas de contaminação, mesmo sem a vacina.

“Esse é um vírus que podemos controlar”, insistiu.

Países devem passar por segunda onda de forma mais preparada

De acordo com a OMS, o “enorme salto” no número de casos nos últimos dias poderá ser seguido, nas próximas semanas, por aumento no número de mortes.

Mas a esperança é de que, com médicos mais preparados e alguns tratamentos com resultados para casos mais graves, a taxa de mortalidade não seja a mesma do pico da doença entre março e abril. Outro fator que pode pesar é o fato de as pessoas estarem sendo diagnosticadas mais cedo e que a parcela da população mais atingida agora é mais jovem.

Ainda assim, Soumya insiste que o mundo não pode adotar uma postura de complacência. “Ainda perdemos 5 mil pessoas por dia”, alertou.

A OMS ainda afirmou que “nunca recomendou” um lockdown completo de países e que sempre insistiu que pacotes de medidas eram necessários para superar a pandemia.

“Não recomendamos lockdown”, disse Maria. Ela, porém, admite que certos países precisavam “ganhar tempo” para desafogar seus sistemas de saúde, saturados de casos e com UTIs lotadas. “Alguns países não tiveram opção”, explicou.

Ela espera que, diante da segunda onda da doença, governos optem por medidas localizadas, com ações focadas em regiões mais afetadas.

(OUL)



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