“São mais de 40 mil hectares queimados! E ainda estamos trabalhando intensamente, numa ação iniciada em julho, envolvendo um contingente de 73 brigadistas e duas aeronaves, conseguimos evitar que fosse queimada uma área ainda maior. Cerca de 150 mil hectares de terras – mata nativa – foram preservados nos campos amazônicos”. Esta declaração é do superintendente substituto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama-RO), Roberto Fernandes Abreu, que atualmente coordena o PrevFogo no Estado de Rondônia. Ele esclarece “que no período de seca aumentam os crimes contra o meio ambiente e que até o final de setembro, quando se inicia a estação chuvosa na região, teremos muito trabalho de prevenção e, principalmente, de combate”.
De acordo com os relatórios dos órgãos responsáveis pela monitoração dos focos de calor da região amazônica, as queimadas – que muitas vezes resultam em grandes incêndios de florestas – estão entre os principais problemas ambientais em todo o Brasil. As emissões resultantes da queima de biomassa vegetal colocam o País, entre os principais responsáveis pelo aumento dos gases de efeito estufa do planeta. Além de contribuir com o aquecimento global e as mudanças climáticas, as queimadas e incêndios poluem a atmosfera, causam prejuízos econômicos e sociais, acelerando os processos de desertificação, desflorestamento e de perda da biodiversidade. Mas tudo isso, começa com a soma de pequenas atitudes. Para Abreu, “a experiência nos leva a considerar que a população rondoniense pratica a queimada como um hábito cotidiano. É uma questão cultural. É muito difícil fazer as pessoas compreenderem que a queimada que se faz em casa, nos quintais, também é prejudicial”, alerta.
BRIGADAS DE COMBATE AOS INCÊNDIOS
O que é o PrevFogo-RO e como atua? O coordenador estadual explica que trata-se de um Centro de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, formado por um grupo especializado do Ibama que desenvolve diversas ações dentro das Unidades de Conservação Federais. Compete a coordenação estadual deste Centro a formação de brigadistas para atuarem nos meses críticos de incêndios e queimadas nas Reservas Biológicas e Florestais Nacionais espalhadas pelo Estado. Em Rondônia, o Ibama tem trabalhado com Brigadas de prevenção e no combate aos incêndios nos municípios onde a situação é mais crítica, desde 2008. “Hoje nós temos Brigadas contratadas desde junho deste ano, nas cidades de Machadinho do Oeste, Cujubim, Candeias do Jamari, e em Porto Velho. As Brigadas estão no Assentamento de Joana D’arc e em União Bandeirantes. Além disso, temos uma Brigada móvel. Ela tem sede na Capital, mas atualmente está trabalhando no Pará, num problema sério, próximo de uma área indígena. Nós somos responsáveis também por atividades no sul do Amazonas. Temos uma Brigada Indígena em Marmelo, na cidade de Humaitá – ali há um problema crítico; também em Santo Antônio do Matupí e em Apuí. Este ano, nós contratamos 211 brigadistas, que desde de junho estão trabalhando em atividades de prevenção e agora nessa época, todo mundo está envolvido em combater os incêndios”.
O tenente-coronel, Gilvander Gregório – assessor de Comunicação do Corpo de Bombeiros/RO – alerta a população da Capital sobre a importância de mudar o tratamento dispensado aos resíduos de fácil combustão. “Como ente municipal, nossa ação tem sido de combate direto dos incêndios, quando somos acionados pelo 193. Qualquer tipo de incêndio praticado sem a devida autorização do ente municipal ou estadual, caracterizado como crime ambiental. O lixo deve ser recolhido para o aterro municipal. A missão dos bombeiros é combater os focos de incêndios. Nossa tarefa não é fiscalizar, mas sim combater incêndios no âmbito de Porto Velho. Fazemos o registro da ocorrência, caso se configure o crime ambiental, e encaminhamento para os órgãos competentes; o infrator vai responder por crime ambiental. Temos historicamente um ambiente de queimadas que se intensificam de três em três anos. É o que está acontecendo mais uma vez, este ano”.
QUEIMAR LIXO NO QUINTAL É CRIME E MULTA PODE SER DE ATÉ R$ 4 MIL
Para o capitão Tadeu Sanches, comandante do Primeiro Grupamento de Bombeiros/RO, “de fato a população de Porto Velho também tem a prática de produzir fogo. É a tradicional queimada que é feita para limpar o quintal das residências; isso é crime passível de punição através da prefeitura municipal. Responsável pela fiscalização, punição e também aplicar a multa para aqueles que queimam na cidade. A multa varia entre R$ 800 e R$ 4 mil. Mas, o efeito que temos sentido aqui, nesses últimos dias, é fruto de um volume maior das queimadas que vêm ocorrendo em várias partes do Estado. Sou piloto e sobrevoei, recentemente, a cidade de Extrema e do alto foi possível observar muitas queimadas. Quem são os responsáveis por elas? Os donos das propriedades rurais. Os grandes causadores das queimadas são os latifundiários. Eles queimam para criar gado, principalmente. A gente pode identificar que em Rondônia há um ciclo de 3 e 4 anos, quando sentimos maior volume e ocorrências de queimadas. Tivemos um ciclo muito grande em 2010 e agora em 2014 as queimadas voltaram a acontecer com maior incidência”, analisa.
Outro fator preocupante destacado pelo tenente Gregório diz respeito “a média relativa do ar. Aqui para nós, que deveria ser de 60% a 80% tem sido muito baixa. Registrou-se uma umidade relativa em torno de 20% – o que é extremamente nocivo. Queremos que a população se conscientize de que não queimar o lixo é um ato de cidadania. De preservação. Quando não queimamos estamos respeitando o meio ambiente, respeitando o próximo e a nós mesmos. Consequentemente estamos contribuindo para que o ar atmosférico não fique tão seco; tão severo, ao ponto de agredir a saúde pública. Um ato simples como cuidar da grama e das plantas que temos em casa também contribui para melhorar a qualidade do ar que respiramos, melhorar nossa saúde e contribui com a qualidade do meio ambiente”, aconselha. O coordenador do PrevFogo também faz um alerta aos rondonienses.“No Brasil as queimadas e incêndios florestais são crimes e tem punição para os criminosos. É preciso lembrar que um crime ambiental pode começar por uma simples ação. Tenho um amigo ambientalista que diz que não há nada mais barato do que um palito de fósforo; e é com ele que se inicia as queimadas de grandes proporções. Infelizmente ainda existem pessoas que nos períodos críticos, de seca, exercitam essa prática e às vezes sem objetivo nenhum. Evite qualquer tipo de queimada. Vamos preservar a vida no planeta terra”, conclui.
QUADRO DE COMBATES DO PREVFOGO/IBAMA/RO
ANO 2011 263
ANO 2012 291
ANO 201 210
ANO 2014 (ATÉ O DIA 27) 148
DIVISÃO DE FISCALIZAÇÃO DA SEMA
QUEIMADAS URBANAS NOS MESES DE JULHO E AGOSTO DE 2013
JULHO 67
AGOSTO 278
QUEIMADAS URBANAS NOS MESES DE JULHO E AGOSTO 2014
JULHO 93
AGOSTO (ATÉ O DIA 27) 111
MONITORAMENTO DE FOCOS NO ESTADO DE RONDÔNIA/SEDAM
JULHO DE 2013 318 FOCOS
JULHO DE 2014 741 FOCOS
Por Edilene Santiago
“São mais de 40 mil hectares queimados! E ainda estamos trabalhando intensamente, numa ação iniciada em julho, envolvendo um contingente de 73 brigadistas e duas aeronaves, conseguimos evitar que fosse queimada uma área ainda maior. Cerca de 150 mil hectares de terras – mata nativa – foram preservados nos campos amazônicos”. Esta declaração é do superintendente substituto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama-RO), Roberto Fernandes Abreu, que atualmente coordena o PrevFogo no Estado de Rondônia. Ele esclarece “que no período de seca aumentam os crimes contra o meio ambiente e que até o final de setembro, quando se inicia a estação chuvosa na região, teremos muito trabalho de prevenção e, principalmente, de combate”.
De acordo com os relatórios dos órgãos responsáveis pela monitoração dos focos de calor da região amazônica, as queimadas – que muitas vezes resultam em grandes incêndios de florestas – estão entre os principais problemas ambientais em todo o Brasil. As emissões resultantes da queima de biomassa vegetal colocam o País, entre os principais responsáveis pelo aumento dos gases de efeito estufa do planeta. Além de contribuir com o aquecimento global e as mudanças climáticas, as queimadas e incêndios poluem a atmosfera, causam prejuízos econômicos e sociais, acelerando os processos de desertificação, desflorestamento e de perda da biodiversidade. Mas tudo isso, começa com a soma de pequenas atitudes. Para Abreu, “a experiência nos leva a considerar que a população rondoniense pratica a queimada como um hábito cotidiano. É uma questão cultural. É muito difícil fazer as pessoas compreenderem que a queimada que se faz em casa, nos quintais, também é prejudicial”, alerta.
Brigadas de combates a incêndios
O que é o PrevFogo-RO e como atua? O coordenador estadual explica que trata-se de um Centro de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, formado por um grupo especializado do Ibama que desenvolve diversas ações dentro das Unidades de Conservação Federais. Compete a coordenação estadual deste Centro a formação de brigadistas para atuarem nos meses críticos de incêndios e queimadas nas Reservas Biológicas e Florestais Nacionais espalhadas pelo Estado. Em Rondônia, o Ibama tem trabalhado com Brigadas de prevenção e no combate aos incêndios nos municípios onde a situação é mais crítica, desde 2008. “Hoje nós temos Brigadas contratadas desde junho deste ano, nas cidades de Machadinho do Oeste, Cujubim, Candeias do Jamari, e em Porto Velho. As Brigadas estão no Assentamento de Joana D’arc e em União Bandeirantes. Além disso, temos uma Brigada móvel. Ela tem sede na Capital, mas atualmente está trabalhando no Pará, num problema sério, próximo de uma área indígena. Nós somos responsáveis também por atividades no sul do Amazonas. Temos uma Brigada Indígena em Marmelo, na cidade de Humaitá – ali há um problema crítico; também em Santo Antônio do Matupí e em Apuí. Este ano, nós contratamos 211 brigadistas, que desde de junho estão trabalhando em atividades de prevenção e agora nessa época, todo mundo está envolvido em combater os incêndios”.
O tenente-coronel, Gilvander Gregório – assessor de Comunicação do Corpo de Bombeiros/RO – alerta a população da Capital sobre a importância de mudar o tratamento dispensado aos resíduos de fácil combustão. “Como ente municipal, nossa ação tem sido de combate direto dos incêndios, quando somos acionados pelo 193. Qualquer tipo de incêndio praticado sem a devida autorização do ente municipal ou estadual, caracterizado como crime ambiental. O lixo deve ser recolhido para o aterro municipal. A missão dos bombeiros é combater os focos de incêndios. Nossa tarefa não é fiscalizar, mas sim combater incêndios no âmbito de Porto Velho. Fazemos o registro da ocorrência, caso se configure o crime ambiental, e encaminhamento para os órgãos competentes; o infrator vai responder por crime ambiental. Temos historicamente um ambiente de queimadas que se intensificam de três em três anos. É o que está acontecendo mais uma vez, este ano”.
Queimar lixo no quintal é crime e multa pode ser de até R$ 4 mil
Para o capitão Tadeu Sanches, comandante do Primeiro Grupamento de Bombeiros/RO, “de fato a população de Porto Velho também tem a prática de produzir fogo. É a tradicional queimada que é feita para limpar o quintal das residências; isso é crime passível de punição através da prefeitura municipal. Responsável pela fiscalização, punição e também aplicar a multa para aqueles que queimam na cidade. A multa varia entre R$ 800 e R$ 4 mil. Mas, o efeito que temos sentido aqui, nesses últimos dias, é fruto de um volume maior das queimadas que vêm ocorrendo em várias partes do Estado. Sou piloto e sobrevoei, recentemente, a cidade de Extrema e do alto foi possível observar muitas queimadas. Quem são os responsáveis por elas? Os donos das propriedades rurais. Os grandes causadores das queimadas são os latifundiários. Eles queimam para criar gado, principalmente. A gente pode identificar que em Rondônia há um ciclo de 3 e 4 anos, quando sentimos maior volume e ocorrências de queimadas. Tivemos um ciclo muito grande em 2010 e agora em 2014 as queimadas voltaram a acontecer com maior incidência”, analisa.
Outro fator preocupante destacado pelo tenente Gregório diz respeito “a média relativa do ar. Aqui para nós, que deveria ser de 60% a 80% tem sido muito baixa. Registrou-se uma umidade relativa em torno de 20% – o que é extremamente nocivo. Queremos que a população se conscientize de que não queimar o lixo é um ato de cidadania. De preservação. Quando não queimamos estamos respeitando o meio ambiente, respeitando o próximo e a nós mesmos. Consequentemente estamos contribuindo para que o ar atmosférico não fique tão seco; tão severo, ao ponto de agredir a saúde pública. Um ato simples como cuidar da grama e das plantas que temos em casa também contribui para melhorar a qualidade do ar que respiramos, melhorar nossa saúde e contribui com a qualidade do meio ambiente”, aconselha. O coordenador do PrevFogo também faz um alerta aos rondonienses.“No Brasil as queimadas e incêndios florestais são crimes e tem punição para os criminosos. É preciso lembrar que um crime ambiental pode começar por uma simples ação. Tenho um amigo ambientalista que diz que não há nada mais barato do que um palito de fósforo; e é com ele que se inicia as queimadas de grandes proporções. Infelizmente ainda existem pessoas que nos períodos críticos, de seca, exercitam essa prática e às vezes sem objetivo nenhum. Evite qualquer tipo de queimada. Vamos preservar a vida no planeta terra”, conclui.
Ajuda O PrevFogo é formado por um grupo especializado do Ibama e desenvolve ações dentro das Unidades de Conservação Federais.