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Diário da Amazônia

Pirarucu ameaça espécies do Vale do Guaporé

O aparecimento de pirarucus (o maior peixe de água doce) no Vale do Guaporé preocupa as populações tradicionais. De capacidade..

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Publicado: 25/09/2020 às 10h03min

O aparecimento de pirarucus (o maior peixe de água doce) no Vale do Guaporé preocupa as populações tradicionais. De capacidade altamente predadora, o peixe gigante pode exterminar outras espécies. A suspeita é que os exemplares tenham vindo de represas de pisciculturas que estouraram durante as enchentes.

Foram pescados pirarucus até com 2 metros de comprimento e pesando em torno de 180 kg. Este belo exemplar da foto foi pescado nas proximidades da Eco Vale, medindo 1,90 cm de altura e pesando 90 kg. Levando em consideração que estão no Vale do Guaporé em apenas 6 anos, o tamanho e pesagem apresentam grande desempenho.

O pirarucu é conhecido como bacalhau da Amazônia e já foi oficializado como prato oficial de Rondônia. Muito apreciado pela culinária da região Norte e conquistou o paladar de outros povos sendo consumido no Brasil e no mundo, a partir de reprodução em cativeiro, em vários municípios de Rondônia, Acre e Amazonas. São conhecidos os enormes exemplares deste peixe que são pescados nos grandes rios amazônicos. Na região do Baixo Madeira, principalmente no complexo do Lago do Cunhã e adjacências, são encontrados nos lagos, rios e Igarapés.

A presença do pirarucu em habitar não propício pode a fauna aquática existente. De filhote de boto a qualquer tipo de peixe, e até os quelônios podem ser devastados. Quando adultos, chegam a medir até mais de dois metros. Segundo uns pescadores do Lago do Cunhã, já foram capturados exemplares de até três metros. 

No Vale do Guaporé

Apesar de ser nativo da região Amazônica, o pirarucu não era conhecido na região do Vale do Guaporé até a gigantesca enchente ocorrida em 2014, quando toda a região ficou totalmente inundada. Um boliviano chamado Pablo Aranda, que tinha um enorme criadouro de pirarucus em cativeiro, em solo Boliviano, quase em frente à Vila de Surpresa (Rondônia), foz do Rio Guaporé. 

Neste criadouro tinha em torno de 50 mil alevinos de pirarucus e devido a enorme cheia, o dique arrebentou e os filhotinhos foram despejados no Vale do Guaporé, se espalharam por toda a região. É considerado pelos biólogos como um peixe exótico para o Vale do Guaporé. Se adaptaram tão bem ao novo habitat que começaram a se desenvolver de uma maneira anormal. 

Aos poucos começaram a devastar o rico cardume de peixes, quelônios, filhotes de jacarés e tudo que encontram pela frente, pois são extremamente vorazes. Os ribeirinhos que não conheciam o Pirarucu, começaram a conviver com os ‘’Monstros do Rio’’, como são conhecidos nas localidades ribeirinhas. 

A maioria dos pescadores e da comunidade do Vale do Guaporé não gostam da carne do Pirarucu. Segundo eles ‘’não tem gosto de nada”. O fato é que o cardume de pirarucu está aumentando vertiginosamente , incontrolável e deixando toda a população ribeirinha do Vale do Guaporé apreensiva. Já foram pescados enormes exemplares em várias localidades, tanto nos lagos e rios do lado brasileiro como do lado boliviano. (R. Machado)



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