O aparecimento de pirarucus (o maior peixe de água doce) no Vale do Guaporé preocupa as populações tradicionais. De capacidade altamente predadora, o peixe gigante pode exterminar outras espécies. A suspeita é que os exemplares tenham vindo de represas de pisciculturas que estouraram durante as enchentes.
Foram pescados pirarucus até com 2 metros de comprimento e pesando em torno de 180 kg. Este belo exemplar da foto foi pescado nas proximidades da Eco Vale, medindo 1,90 cm de altura e pesando 90 kg. Levando em consideração que estão no Vale do Guaporé em apenas 6 anos, o tamanho e pesagem apresentam grande desempenho.
O pirarucu é conhecido como bacalhau da Amazônia e já foi oficializado como prato oficial de Rondônia. Muito apreciado pela culinária da região Norte e conquistou o paladar de outros povos sendo consumido no Brasil e no mundo, a partir de reprodução em cativeiro, em vários municípios de Rondônia, Acre e Amazonas. São conhecidos os enormes exemplares deste peixe que são pescados nos grandes rios amazônicos. Na região do Baixo Madeira, principalmente no complexo do Lago do Cunhã e adjacências, são encontrados nos lagos, rios e Igarapés.
A presença do pirarucu em habitar não propício pode a fauna aquática existente. De filhote de boto a qualquer tipo de peixe, e até os quelônios podem ser devastados. Quando adultos, chegam a medir até mais de dois metros. Segundo uns pescadores do Lago do Cunhã, já foram capturados exemplares de até três metros.
Apesar de ser nativo da região Amazônica, o pirarucu não era conhecido na região do Vale do Guaporé até a gigantesca enchente ocorrida em 2014, quando toda a região ficou totalmente inundada. Um boliviano chamado Pablo Aranda, que tinha um enorme criadouro de pirarucus em cativeiro, em solo Boliviano, quase em frente à Vila de Surpresa (Rondônia), foz do Rio Guaporé.
Neste criadouro tinha em torno de 50 mil alevinos de pirarucus e devido a enorme cheia, o dique arrebentou e os filhotinhos foram despejados no Vale do Guaporé, se espalharam por toda a região. É considerado pelos biólogos como um peixe exótico para o Vale do Guaporé. Se adaptaram tão bem ao novo habitat que começaram a se desenvolver de uma maneira anormal.
Aos poucos começaram a devastar o rico cardume de peixes, quelônios, filhotes de jacarés e tudo que encontram pela frente, pois são extremamente vorazes. Os ribeirinhos que não conheciam o Pirarucu, começaram a conviver com os ‘’Monstros do Rio’’, como são conhecidos nas localidades ribeirinhas.
A maioria dos pescadores e da comunidade do Vale do Guaporé não gostam da carne do Pirarucu. Segundo eles ‘’não tem gosto de nada”. O fato é que o cardume de pirarucu está aumentando vertiginosamente , incontrolável e deixando toda a população ribeirinha do Vale do Guaporé apreensiva. Já foram pescados enormes exemplares em várias localidades, tanto nos lagos e rios do lado brasileiro como do lado boliviano. (R. Machado)