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Diário da Amazônia

Real Forte Príncipe da Beira resiste a força do tempo há 241 anos

O monumento é considerado a maior obra no estilo militar feita por Portugal fora das divisas europeia.

Por Redação Diário da Amazônia
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Publicado: 01/07/2018 às 06h00min | Atualizado 17/08/2018 às 16h16min

Tanto pelo aspecto cultural quanto pela memória histórica, conhecer o Real Forte Príncipe da Beira é uma experiência fundamental para moradores e turistas.


São 241 anos em meio a floresta amazônica, uma parte da história do Brasil que resiste às intempéries impostas pela força do tempo. Localizada na margem direita do rio Guaporé, no município de Costa Marques, perdura o Real Forte Príncipe da Beira.

Considerada a maior edificação militar portuguesa construída fora da Europa, a fortaleza teve o seu processo de construção iniciado em 20 de abril de 1775, quando a base do forte recebeu a sua primeira pedra fundamental.

 


A mando da coroa portuguesa, a fortaleza foi edificada com o intuito de defender o Brasil, dos invasores espanhóis no século 18. O nome Forte Príncipe da Beira é uma homenagem ao príncipe herdeiro de Portugal D. José de Bragança.

Vendo a necessidade de resguardar as duas divisas, a coroa portuguesa logo após assinar o Tratado de Tordesilhas com a Espanha em 1494, firmou o acordo, onde as terras que ficavam ao oeste eram de propriedade da Espanha e a leste a Portugal, mas o acordo nunca foi respeitado pelos dois países, o que aconteceu de fato só após o tratado de Madrid.


O forte foi construído todo em pedra cantaria, produzida pela mão de obra escrava e indígena, já os quatro baluartes que integram a arquitetura, evocam a presença divina e fazem referência a Santa Bárbara, Santo Antônio de Pádua, São José Avelino e Nossa Senhora da Conceição. O último baluarte representa a primeira construção feita por Portugal às margens do rio Guaporé.

Segundo a arquitetura militar da época, o forte segue o esquema elaborado pelo francês Vauban. O lado interno do forte, abrigava o hospital, a capela, os quartéis da guarnição, o armazém, a casa do governador, a cisterna e o paiol subterrâneo.

De longe a edificação erguida no século XVII impressiona pela sua grandiosidade


As masmorras, que outrora prendiam os escravos que se rebelavam contra as ordens, funcionavam logo na parte da entrada, e ainda hoje resistem a ação do tempo. No mesmo local ainda é possível visitar a cela onde o padre Pacheco, um dos mais emblemáticos personagens deste período ficou trancafiado. Segundo os relatos, na época o religioso já demonstrava ser contrário ao regime da escravidão e tortura adotado pelo então rei de Portugal D. João V, por este motivo o religioso foi capturado e ali permaneceu preso com uma corrente em volta do pescoço até o dia da sua morte.

Como prova da história, ainda é possível ver nas paredes da masmorra, escrituras em latim feitas pelo padre Pacheco, mas que aos poucos estão sendo apagados devido a ação do tempo.

Com a Proclamação da República em 1889, toda a coroa portuguesa foi obrigada a deixar o Brasil, no século XX, durante uma viagem pelo rio Guaporé, Cândido Mariano da Silva Rondon redescobre novamente a fortaleza.


O forte ainda foi cenário de diversos combates, dentre eles, o dos Jesuítas e portugueses, que acabou por destruir parte da fortaleza, já o que sobrou entre as ruínas as águas do rio se comprometeu a levar.


Veja também a reportagem especial:

EXPEDIENTE

Reportagem

Emerson Barbosa

Imagens

Edison Falcão

Edição/Texto

Natália Figueiredo

Jaylson Vasconcelos

 



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