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RONDÔNIA

Rondônia tem 2.608 reeducados usando tornozeleiras

Além de diminuir a superlotação do sistema carcerário as tornozeleiras eletrônicas também ajudam a diminuir os custos.

Por Larina Rosa Diário da Amazônia
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Publicado: 14/10/2019 às 14h01min

Foto: Roni Carvalho/Diário da Amazônia

Viver dentro dos limites estabelecidos pela sociedade e ao mesmo tempo cumprir as penalidades estabelecidas pela justiça são alguns dos benefícios adquiridos por apenados do semiaberto monitorados pelas tornozeleiras eletrônicas. Implantadas há mais de dez anos o bracelete eletrônico de vigilância mais conhecido como tornozeleira eletrônica é uma das estratégicas para diminuir a superlotação nas penitenciarias brasileiras. Com mais de 726 mil presos, o Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, ficando atrás apenas da China e Estados Unidos.

Além de diminuir a superlotação do sistema carcerário as tornozeleiras eletrônicas também ajudam a diminuir os custos, pois equivale até dez vezes menos que manter o apenado encarcerado.

O último levantamento de dados da monitoração eletrônica do Brasil elaborado pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), aponta que em 2017 havia 51.515 pessoas monitoradas no Brasil, sendo 89% homens e 11% mulheres.

Foto: Roni Carvalho/Diário da Amazônia

Em Rondônia existem em média 13.752 apenados entre os regimes fechado, aberto e semiaberto distribuídos em 49 unidades. Sendo 2.608 do regime semiaberto usando tornozeleiras. Cada reeducando custa em média R$ 2.401,89 para o estado enquanto a tornozeleira eletrônica custa em média R$148,00 de acordo com dados apresentados pela Secretaria de Estado de Justiça (SEJUS-RO).

O Coordenador do Sistema Prisional da SEJUS-RO Célio Luís de Lima explica que esses apenados já possuem o direito de trabalhar em liberdade e a noite voltariam para a CAPEP (Colônia Agrícola) no regime semiaberto para dormir. “A tornozeleira é só uma forma de fazer o estado economizar e fazer com que aquele apenado, que vai ser monitorado, não volte para a colônia penal a noite’’, disse Célio.

Os requisitos para usar a tornozeleira não é tão simples é preciso ter cumprido a pena no regime fechado, e na progressão para o semiaberto o reeducando deve aguardar na Colônia Agrícola Penal uma média de 30 (dias), para adequações administrativas. Lá ele deve apresentar uma carta de emprego, comprovação de matrícula que está estudando e endereço fixo, necessário para sua reinserção ao convívio social, sendo este requisito obrigatório para o cumprimento de monitoramento eletrônico. Após a fiscalização do local do trabalho escola e residência realizada pela equipe da Sejus a tornozeleira é liberada por um raio de inclusão pelo caminho e hora de locomoção apresentado pelo usuário.

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Caso o trajeto ou o horário estabelecido não seja cumprido a equipe de monitoramento realiza a fiscalização imediata com advertência. As regras para manutenção dos braceletes são de responsabilidade do monitorado, a orientação é carregá-las diariamente. Se por eventualidade a tornozeleira seja desligada por falta de bateria por descuido do monitorado o detento recebe uma advertência. Com o recebimento de três advertências o benefício é perdido.

A Sejus possui uma Unidade de monitoramento do Sistema Prisional, com duas viaturas 32 servidores são responsáveis pelo monitoramento e fiscalização das tornozeleiras. Os relatórios coletados podem ser acessados por diversos órgãos envolvidos, como a Polícia Militar, Civil, Federal, Ministério Público e Fóruns de Justiça.

H. T. foi pego com droga em 2015, usou tornozeleira por quase dois anos no regime semiaberto, conta que sem a oportunidade de reinserção não teria o direito de cumprir todas as diretrizes exigidas no conforto do lar. Também destaca que por meio da tornozeleira não perdeu um dia do crescimento da filha, teve direito a um trabalho digno e realizou alguns cursos de capacitação. “Mesmo com algumas falhas o monitoramento é fundamental tanto para o desenvolvimento do estado e reinserção desse reeducando a sociedade. Por mais que exista o preconceito da pulseira, ela permite a possibilidade de trabalhar e estudar’’, disse.

Sobre as reclamações das tornozeleiras Célio destaca que ainda existem falhas no monitoramento e que também depende da fiscalização. “O monitoramento mesmo falho acaba sendo melhor para controle, mas precisa melhorar com algumas adequações. Se o apenado não estivesse monitorado ele estaria na CAPEP, só que durante o dia eles iriam sair sem nenhum controle’’, finalizou o Coordenador do Sistema Prisional.



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