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SAÚDE

Rondônia usa aplicativo no combate ao Aedes aegypti

A dengue é a arbovirose que apresenta mais notificações em todo o estado.

Por Redação Diário da Amazônia
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Publicado: 23/01/2020 às 14h57min | Atualizado 23/01/2020 às 15h01min

Enquanto nos demais estados o método mais utilizado como ferramenta de vigilância e controle de doenças provocadas pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, é o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), que surgiu em 2003 e é realizado quatro vezes ao ano, em Rondônia uma alternativa às ações de combate ao mosquito vem se mostrando eficaz. É o aplicativo AeTrapp, um sistema inovador que possibilita ao cidadão o monitoramento de focos e criadouros do mosquito Aedes em sua residência, sendo o aparelho celular um importante instrumento para a manutenção de um banco de dados aberto à comunidade.

Por meio de uma armadilha caseira, feita com garrafas pet, tesoura, papel, fita isolante e capim, ovos do mosquito são capturados, e antes que estes ovos deem origem ao mosquito adulto, o aplicativo emite um alerta para que o morador faça a manutenção da armadilha e tire uma foto dos ovos capturados. A ideia é detectar a presença dos mosquitos que já circulam no ambiente e fazer a retirada dos ovos antes que se desenvolvam até a fase adulta, destaca o criador do aplicativo, Oda Scatolini, biólogo, e diretor executivo do Instituto Invento, organização não governamental sem fins lucrativos que coordena o projeto atualmente. 

Segundo ele, com base nas imagens enviadas pelo aplicativo, um software faz a contagem automatizada dos ovos da amostra, por meio de um algoritmo de visão computacional, considerando fatores como tamanho, cor e forma do ovo. Os dados de cada armadilha são atualizados semanalmente, e o mapa diariamente, a cada momento que um colaborador envia uma nova imagem. Tudo é disponibilizado em tempo real, por meio de um mapa online acessível ao cidadão comum e agentes públicos. “Gerando seus próprios dados, e cientes da situação de suas casas em relação aos vizinhos, outros bairros e municípios, os moradores se tornam muito mais sensíveis e comprometidos com as atividades de combate aos mosquitos”, reforça Scatolini. Em 2019 foram 2.237 casos notificados, contra 1.998 em 2018, um aumento de 11,96%, conforme o último Boletim Epidemiológico do Programa de Controle de Doenças Transmitidas pelo Aedes, do governo do estado.

Fiocruz

Para que fosse implementado como um sistema de vigilância e monitoramento do Aedes aegypti, o AeTrapp passou por diferentes fases. Nos primeiros anos do projeto foram realizadas parcerias com instituições de pesquisa como a Fiocruz no Rio de Janeiro e em Rondônia, que colaboraram com experimentos em campo e laboratório. A pesquisadora em Saúde Pública, Genimar Rebouças Julião, chefe do Laboratório de Entomologia da Fiocruz RO, explica que a nova armadilha, denominada aetrampa, é uma adaptação das chamadas “ovitrampas”, uma tecnologia já consolidada, mas restrita a pesquisadores e agentes de saúde.

As ovitrampas foram criadas nos anos 60, e simulam um ambiente ideal para que a fêmea de mosquitos Aedes se sinta atraída para colocar seus ovos. Por esse método, a contagem dos ovos é feita manualmente por um especialista com o auxílio de uma lupa. Com a nova ferramenta, os dados são gerados a partir da mobilização popular, e ficam disponíveis à toda a população. “Além de promover ações de vigilância e monitoramento, esse novo sistema permite a união e formação de novos núcleos participativos em torno de um grave problema de saúde pública”, destacou Genimar. 

Com informações da Secom



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