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Diário da Amazônia

Show Sílvio Santos 55 anos de música autoral

O evento vai acontecer a partir das 20h no Mercado Cultural, em Porto Velho.

Por Mineia Capistrano
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Publicado: 16/10/2015 às 05h30min

Silvio Santos com os parceiros Bainha e Ernesto Melo, que estarão no palco hoje

Silvio Santos com os parceiros Bainha e Ernesto Melo, que estarão no palco hoje Fotos: Ana Célia

Nesta sexta-feira, 16, o Programa “Cesta Musical do Sesc” apresenta em parceria com a Funcultural de Porto Velho o espetáculo “Silvio Santos – 55 anos de música autoral”. O evento vai acontecer a partir das 20h no Mercado Cultural dentro do Projeto “Ernesto Melo e a Fina Flor do Samba”.

O Cesta Musical do Sesc tem como objetivo valorizar o trabalho dos artistas locais em especial, no que se refere à música autoral. O programa é produzido sempre numa sexta-feira de cada mês e assim sendo, a direção musical do Sesc/RO, que tem à frente o maestro Alex Batata, convidou o compositor Silvio Santos para o “Cesta Musical” de outubro. “Silvio tem um trabalho autoral dos mais diversificados que contempla desde o bolero até o samba de enredo, sem esquecer o forró e até o reggae por isso, acreditamos que o show de hoje, será uma verdadeira viagem pelos ritmos brasileiros”, disse Batata.

Silvio Santos será acompanhado pela banda formada pelos músicos: Alkbal Sodré (Teclados), Ronald Vasconcelos (guitarra), Telêmaco (bateria) e Silvio José (violão e back). Ainda vai contar com a bateria da escola de samba Acadêmicos do São João Batista comandada pelo mestre Silfarney Silva e o cavaquinho do Walcir Nonato considerado uma dos melhores cavaquinistas da região. As dançarinas de toada de boi-bumbá Ana Célia, Adriana e Cristina Lima vão se apresentar quando Silvio apresentar suas músicas no ritmo da toada de boi. Participarão do espetáculos os parceiros Bainha, Torrado, Ernesto Melo e Banana Split. Convidados especiais Bado, Heitor Almeida, Taiguara e a banda Beradelia.

Seresta e MPB fazem parte do repertório desta noite

Seresta e MPB fazem parte do repertório desta noite

A história musical de Silvio Santos

Diz a lenda que Silvio Santos já nasceu compositor. Nascido no dia 8 de dezembro de 1946 na localidade de Santa Terezinha no Distrito de São Carlos do Madeira veio morar em Porto Velho quando tinha 4 anos de idade. Em 1957 ingressou como Office Boy no Jornal O Alto Madeira e em 1960 foi levado pelo seu irmão Bianor Santos para atuar como sonoplasta na Rádio Caiari, que estava nascendo.

Justamente em 1960 quando estava assistindo os desfiles carnavalesco na avenida Presidente Dutra caiu uma chuva torrencial, Silvio ao chegar em casa todo molhado compôs sua primeira música, a marchinha “A Chuva Quando Cai” foi a primeira de uma série de músicas.

Em 1964 assinou a ata de fundação da escola de samba “Pobres do Caiari” e passou a atuar como Mestre Bateria. Em 1966 foi instigado pelo carnavalesco José Carlos Lobo a compor seu primeiro samba no estilo samba-enredo e aí nasceu: “Rondônia Futuro do Brasil”, que foi muito bem executada durante o carnaval pela orquestra “Jazz Brasil” que tocava no Bancrévea Clube, e a Pobres do Caiari desfilou cantando (não foi considerado como samba-enredo da escola). Em 1968 Silvio fez sua primeira marcha rancho “Amor de Quatro Dias” inspirado numa história verídica que aconteceu no carnaval daquele ano.

Silvio Santos conta sua história musical no Mercado, hoje

Silvio Santos conta sua história musical no Mercado, hoje

Altair Lopes – Tatá, para Silvio Santos

Meu amigo, me interesso pela sua história e obra justo por ver nela uma viva e marcante representação das nossas coisas.  Muito sobre você eu já sabia, mas no texto que me enviaste vieram novos e preciosos informes.

Ah, como eu gostaria que as pessoas, os organismos de imprensa como um todo, os órgãos públicos, principalmente os ligados à cultura, desse continuidade na promoção da história, da obra e da arte  dos nossos artistas, dentre estes você, que inegavelmente é um esteio.

Às vezes as mensagens não são entendidas. Quando criamos a Trinca de Reis, era uma deixa pra Porto Velho, como um todo, ter assumido o trabalho dos três maiores bambas do samba, da boemia e do carnaval de nossa cidade e expor essa riqueza para contexto local e regional. Nesse diapasão, outras formações seriam feitas e outros artistas cuidariam bem mais de suas próprias criações, até virem a ser melhor inseridos na cena da nossa cultura.

Mas vamos em frente, porque a nossa luta é grande. Te agradeço pela gentil remessa dos informes. Nos vemos lá no mercado, na sexta. Um forte braço! Carinhosamente, Tatá.

Primeiro Samba de Enredo do compositor

Após o carnaval de 1969 a professora Marise Castiel assumiu a direção da escola de samba Pobres do Caiari e, lá pelo mês de novembro, por indicação mais uma vez do Zé Carlos Lobo, dona Marise chamou Silvio entregou-lhe o livro “Sinhá Moça” da escritora Maria Camila Dezonne dizendo: “Leia este livro e faça um samba-enredo”. Silvio ainda tentou explicar que nunca tinha feito um samba enredo e tal, mas, dona Marise não quis saber: “Menino você é capaz, leia o livro e faça o samba-enredo”.

Walci do Cavaco e Banana Split apresentam os sambas-enredos com Silvio Santos

Walci do Cavaco e Banana Split apresentam os sambas-enredos com Silvio Santos

Então nasceu o primeiro samba de enredo de uma escola de samba de Porto Velho, “Sinhá Moça e a Abolição”, cantado no desfile da Pobres do Caiari no carnaval de 1970. Resultado: a escola foi campeã pela primeira vez. Daí pra frente, até 1974, todos os sambas da Caiari foram de autoria do Silvio, sendo que o de 1974 “Odoiá Bahia” contou com a parceria do Bainha. A Caiari parou e com o parceiro Bainha, Silvio criou a escola de samba “Mocidade Independente do KM-1” (1975), da qual juntamente com o Bainha compôs todos os sambas (A escola deixou de desfilar em 1980).

De volta à Caiari, que havia retornado ao carnaval de rua de Porto Velho e já com o novo parceiro Babá, compôs vários sambas campeões entre eles o antológico “Ceará, Lendas, Rendas e Crença – Ceará de Iracema”.

Silvio já compôs samba enredo para a Diplomatas do Samba, Unidos da Castanheira, Império do Samba, O Triângulo Não Morreu, Unidos da Rádio Farol, Acadêmicos do Armário Grande e Acadêmicos do São João Batista.

É um dos fundadores da Banda do Vai Quem Quer e compôs a grande maioria de suas marchinhas inclusive a famosa “Chegou a Banda a Banda a Banda…”. Fez músicas para o Galo da Meia-Noite, Até Que a Noite Vire Dia, Canto da Coruja e Us Dy Phora.
Concorreu na escola de samba Vitória Régia de Manaus em parceria com o Torrado e compôs samba para o Bloco dos Apaches da cidade de Mosqueiro, de Belém do Pará em parceria com Banana Split. Foi campeão com o samba de enredo na escola de samba “Praça da Bandeira” de Boa Vista, Roraima e em 1990 foi parceiro dos compositores Mazinho da Piedade e Murilo Collares na disputa de samba-enredo da escola de samba Portela do Rio de Janeiro. Tem samba campeão nas escolas Unidos de Rolim de Moura e Gaviões do Planalto ambas no município de Rolim de Moura.

Além de samba-enredo Silvio é autor da música Porto, Velho Porto, gravada pelo Zezinho Maranhão, além de muitas músicas nos seguintes ritmos; toada de boi bumbá, bolero, samba canção, samba de breque, forró, brega e reggae.
Essa é apenas uma breve história do compositor, jornalista e radialista Silvio Santos – o Zekatraca.



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