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Diário da Amazônia

Taba do Cacique resgata ‘marchinha de Carnaval’

O samba-enrredo sucedeu a famosa “marcha de Carnaval”. Isso, em meados dos anos 60, século passado. Mas as marchinhas carnavalescas..

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Publicado: 15/02/2015 às 04h20min | Atualizado 27/04/2015 às 03h37min

O Carnaval na Taba do Cacique acontece às 22h30 deste domingo e será regado ao som de “marchinhas”

O Carnaval na Taba do Cacique acontece às 22h30 deste domingo e será regado ao som de “marchinhas”

O samba-enrredo sucedeu a famosa “marcha de Carnaval”. Isso, em meados dos anos 60, século passado. Mas as marchinhas carnavalescas vem do longe, início dos anos 20, mesmo século. Àquela época, os cantores talhavam a ouro as composições mais sofisticadas. O gênero musical foi o mais popular de todos os tempos junto ao público brasileiro. Consta da história da música, que Chiquinha Gonzaga foi a primeira a trazer uma composição, entitulada “Ó Abre Alas”, feita para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro. No entanto, a marchinha foi um estilo importado das marchas populares portuguesas. Dentre as mais conhecidas, Vassourinha, em 1912, e A Baratinha, em 1917.

Inaugurada oficialmente em julho de 1966, em Porto Velho, a Taba do Cacique foi o reduto histórico e tradicional dos boêmios regionais. O espaço manteve a tradição cruzando as décadas precedentes e transformou-se em bandeira de resistência da cultura popular. E, nos últimos anos, a Taba do Cacique vem reforçando a presença das antigas “marchinhas carnavalescas”.

Domingo

O carnaval deste domingo, na Taba do Cacique, está agendado para as 22h30. O convite foi feito pelo próprio Carmênio, através de página no facebook. De acordo com as informações, uma seleção de marchinhas e o ambiente “super tranquilo” é a grande pedida. “Vamos brincar o melhor Carnaval de Marchinhas da Cidade”.

Cearense Carmênio Barroso, proprietário da Taba

Cearense Carmênio Barroso, proprietário da Taba

A história do general da boemia porto-velhense

O cearense Carmênio Barroso, boêmio, poeta, proprietário da Taba do Cacique, é natural de Jaguaruana, onde foi vereador, secretário da prefeitura, adjunto de promotor de Justiça e administrador de serviços. Em Rondônia desde 1959, Carmênio foi colaborador dos jornais Alto Madeira e O Guaporé. Formado, entre os anos de 1959 e 1963, como técnico de contabilidade, também foi professor de Português e Contabilidade Pública na Escola do Comércio, Estudo e Trabalho. Carmênio se notabilizou em Porto Velho em razão da criação da Taba do Cacique, reduto histórico e tradicional dos boêmios da capital. Segundo informações do próprio boêmio, a criação da Taba está ligada ao episódio de sua prisão em consequência da Revolução de 64. Na ocsião, Carmênio respondia interinamente pela prefeitura de Porto Velho. Nas primeiras horas da madrugada de 1º de abril daquele ano, a mando do Capitão Anacreontes, interventor do militarismo golpista, a polícia entrou em ação e lhe deu voz de prisão, ocasião em que foi levado ao prédio do Palácio do Governo para “prestar contas com a Revolução”. Acusado pela Ditadura, foi preso e deposto. Afastado da política na qualidade de cassado, Carmênio, para ganhar a vida, resolveu montar um bar denominado “Caiçara”. Esse bar evoluiu para um restaurante, que veio a se chamar Taba do Cacique, em homenagem ao seu pai, Augusto Barroso, que gostava de literatura indigenista e influenciou na escolha do nome. Criada com status de restaurante com cozinha internacional, a Taba do Cacique era inicialmente frequentada por profissionais liberais, gente do alto escalão do governo e integrantes da nascente burguesia local, representada por sócios do Lions e Rotary Club. Ali rolava os regabofes dos endinheirados caciques do pedaço, o papo político e as fofocas da alta sociedade local. Euro Tourinho, proprietário do jornal Alto Madeira, esteve presente à festa de inauguração da casa em 31 de julho de 1966. Durante sua trajetória de vida, vários foram os projetos culturais apresentados na Taba do Cacique, dentre eles, Canta Candelária (1990), com direção do grupo Cabeça de Negro; Coração Bandido, com Sílvio Santos (2004), Mesa de Bar, com Ernesto Melo (2000), Anjos da Madrugada nos 40 anos da Taba, Prova de Samba (2000), Rubens Parada e Convidados, Bolero, Chorinho e Bossa (2000). (Fonte: Gente de Opinião)



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