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Diário da Amazônia

TCU entrega ao Senado relatórios sobre obras

O relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), recomendando a paralisação de quatro obras que recebem recursos do governo Federal,..

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Publicado: 13/11/2014 às 07h20min | Atualizado 21/04/2015 às 17h11min

Presidente do TCU, Augusto Nardes e o ministro Bruno Dantas entregaram ontem documento a Renan Calheiros (c)

Presidente do TCU, Augusto Nardes e o ministro Bruno Dantas entregaram ontem documento a Renan Calheiros (c)

O relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), recomendando a paralisação de quatro obras que recebem recursos do governo Federal, foi entregue ontem ao presidente do Senado, Renan Calheiros, pelo presidente do TCU, Augusto Nardes, e o ministro Bruno Dantas, relator do documento com a consolidação das fiscalizações de 2014, o chamado Fiscobras.

“Eram 57% com irregularidades graves [de 102 fiscalizações], conseguimos diminuir para nove obras, sendo quatro para paralisação e cinco para retenção de recursos”, explicou Nardes.

Entre as obras que devem ser paralisadas, está a Vila Olímpica de Parnaíba (PI), orçada em R$ 200 milhões, e que deveria receber atletas da Copa do Mundo, realizada em junho, e das Olimpíadas de 2016. Na avaliação do Tribunal, ela não deve receber recursos do Orçamento da União no próximo ano por não ter estudo de viabilidade econômica. Já foram liberados para a obra, com pouco mais de 1% executado, quase R$ 18 milhões.

“O TCU tem se notabilizado em fazer auditorias logo no início das obras, caso desta, em que apenas 1% do projeto foi executado. Portanto, caso seja suspensa, paralisada, haverá grande economia para os cofres públicos”, declarou o relator, lembrando que Parnaíba tem cerca de 150 mil habitantes.

Também houve a recomendação de paralisação de repasses para as obras da BR-448, no Rio Grande do Sul, que já tem 100% de seu projeto executado. Segundo Dantas, foram identificados problemas, principalmente de superfaturamento. A obra já custou aos cofres públicos mais de R$ 1 bilhão.

ABREU E LIMA

A construção da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, é outra em que foram detectadas irregularidades. Com 88% das obras realizadas, a auditoria do TCU identificou superfaturamento decorrente de preços excessivos frente ao mercado em serviços, insumos e encargos, com sobrepreço de pelo menos R$ 200 milhões. Por isso, o tribunal recomenda que não ocorra repasse de recursos nesse montante nos próximos meses. Inicialmente orçada em pouco mais de R$ 2 bilhões, a obra já está custando R$ 41 bilhões.
“Que sejam retidos esses valores para uma futura compensação naquilo que as empresas tenham que receber dos cofres públicos”, acrescentou.

Questionado pela imprensa se o cidadão não é prejudicado com as paralisações das obras, Dantas ressaltou que o TCU tem priorizado a suspensão no início da construção. Abreu e Lima já tem mais de 80% de execução, e exatamente por isso, para não prejudicar a sociedade, não foi recomendada a sua parada, apenas a retenção dos valores considerados superfaturados.

“Esperamos que agora Senado e Câmara possam tomar uma decisão para que a obra tenha uma transparência maior. A decisão é do Senado e da Câmara, nós respeitamos, mas fizemos nossa parte”, argumentou Augusto Nardes.

Ele também foi questionado sobre a real efetividade dos relatórios que detectam irregularidades nas obras financiadas com recursos públicos e que nem sempre têm a recomendação de paralisação considerada pelo Congresso. Segundo afirmou, em cinco anos, a fiscalização do TCU já conseguiu evitar o desperdício de cerca de R$ 105 bilhões, o que considerou um grande ganho para a sociedade.
“Temos total interesse de que as obras continuem, não somos favoráveis à paralisação. Só tomamos essa medida em última circunstância para preservar o erário”, afirmou.



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