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Diário da Amazônia

Três pessoas que fizeram bons negócios em leilões de carros

Modelo de pregões pela internet permite que clientes adquiriram carros até pela metade do preço da tabela Fipe

Por Assessoria
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Publicado: 03/08/2017 às 15h29min | Atualizado 03/08/2017 às 16h03min

Um dia após adquirir a picape com que sonhava desde a adolescência em um leilão de carros em São Paulo, o comerciante manauara Atanásio Manira cruzou o país para trazê-la para casa. “Foram cerca de sete dias, porque eu aproveitei para voltar conhecendo algumas cidades do interior do país, parando, fotografando, conversando. Então, eu comprei um carro e uma viagem juntos”, comenta.

O veículo, uma Mitsubishi L200 Triton fabricada em 2010, habitava o imaginário popular à época que foi colocada no mercado, como acontece a cada novo lançamento das montadoras. O valor para comprar um exemplar, portanto, era condizente com o símbolo que representava, mesmo depois de ter saído de “moda”. “Eu jamais conseguiria comprar uma na loja”, diz.

A solução foi um leilão em São Paulo, onde ela saía por R$ 42 mil. Na tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o mesmo carro é catalogado por R$ 65 mil. Nas lojas, apesar de ser o preço de referência, um utilitário desses não sai por menos de R$ 55 mil. Variações que vão de 30% a 54% de economia para Manira.

Os valores, no entanto, não levaram em conta os custos com os reparos no carro. Fruto de um roubo na própria cidade de São Paulo, ele estava sujo, com avarias na lataria e no console e com uma das rodas seriamente danificada. “Fiquei um dia arrumando tudo e ainda gastei mais cerca de R$ 4 mil, mas a economia já estava feita”, relata ele. A picape fez toda a viagem de quase 4 mil quilômetros sem apresentar nenhum outro defeito.

Também em São Paulo, outra comerciante se diz satisfeita com a economia feita em um leilão de carros: Clea Pires queria um pequeno automóvel para rodar pela cidade durante as visitas aos clientes e, com isso, não gastar combustível e rodagem com o automóvel de passeio que possui. Assim, ela comprou um Ford Ka modelo 2003 por R$ 5 mil sem nenhuma avaria. “Peguei no pátio e saí rodando.”

Na tabela Fipe, o veículo custa R$ 11 mil – uma diferença de mais de 100% no valor. “Tem gente que não acredita que paguei esse preço, mesmo sendo um carro mais antigo”, completa.

Os leilões de carros, imóveis ou materiais seguem caminhos comuns. Eles podem acontecer de duas formas: por meio dos fóruns ou por ações de instituições bancárias. No primeiro caso, os fóruns entregam aos juízes alguns bens para que sejam enviados às agências de leiloeiros cadastrados e habilitados pelo governo. Esses bens são resultado de dívidas que os antigos donos possuíam e não conseguiram quitar, entregando-os à Justiça. Quando isso acontece, as agências realizam dois leilões distintos: um de “primeira praça” e um de “segunda praça”, onde está a grande vantagem para os interessados.

“Na primeira praça, a dívida do antigo proprietário é inserida como valor mínimo no lance. Se ninguém manifestar desejo em comprar aquele bem, ele é realocado 15 dias depois e disponibilizado em segunda praça, com margens de 50% de desconto”, explica Flávio Santoro, diretor da agência Sodré Santoro, uma das maiores do país.

“É na segunda praça que acontecem grandes negócios. A gente tem visto um crescimento de empresas que esperam esse momento para realizar investimentos, e algumas até estão se especializando nesse tipo de compra e venda”, completa.

O segundo caso envolve dívidas que os proprietários tinham com bancos e que foram quitadas como garantias financeiras: as chamadas “alienações fiduciárias”. Elas acontecem quando, para obter algum tipo de quantia emprestada de uma instituição bancária, um cliente oferece como garantia os seus bens, como casa ou carro.

Alguns, no entanto, não conseguem arcar com os valores estipulados: os bancos fazem valer o contrato e tomam os bens estipulados na alienação fiduciária, mas, como não se interessam em mantê-los como propriedades, revendem para as agências cadastradas. Também nesse caso, o caminho é o mesmo: vendas em primeira e segunda praças. “Ou é falência por meio do fórum ou por execução fiscal do governo ou por ação do banco”, conta Santoro.

O caso do estudante Rodney Rocha, de Fortaleza, no Ceará, tornou-se até matéria da imprensa local: assim como Manira, ele precisou ir até São Paulo buscar uma compra que tinha feito por meio de um pregão online: adquiriu seu primeiro carro, uma BMW com menos de 100 mil quilômetros rodados, na internet. “Acho que o maior custo foi ir até São Paulo buscá-la”, brinca. A 325I, fabricada em 1994, saiu por R$ 6 mil reais. Na tabela Fipe, ela vale R$ 16 mil. “Acho que, pelo valor, foi um baita negócio. Um carro desses, apesar de ser mais velho, ainda é muito procurado no mercado”, finaliza.



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