De acordo com um relatório do setor de Registro Nacional de Acidentes e Estatística de Trânsito (Renaest), Porto Velho tem hoje uma frota de 235.309 veículos, distribuídos em carros, caminhões, motos, entre outros. Baseado na última estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que a cidade tem 494.013 habitantes, os dados expressivos do órgão revelam que a cada duas pessoas da cidade há um veículo automotivo.
Segundo Iremar Torres Lima, coordenador do Renaest em Rondônia, apesar do número exorbitante, o número de veículos têm diminuído, pois houve uma época em que cerca de dois mil automóveis eram colocados nas vias todos os meses.
“No momento a colocação de veículos nas ruas está mais estabilizada, neste número não são contabilizados apenas carros novos, mas todos os que passaram a circular pela cidade, que entraram na frota”, explica Lima.
O coordenador ainda afirma que existe um mito com relação a mais veículos nas ruas, que poderia ocasionar mais acidentes. Porém, de acordo com Lima, não é exatamente o montante de automóveis que reflete no número de acidentes.
“Matematicamente, mais veículos não quer dizer que eu tenha maior probabilidade de acidentes nas ruas”, comenta. Para exemplificar a situação, Lima citou que São Paulo tem um número de veículos muito maior que Porto Velho, mas que a capital de Rondônia tem um índice de acidentes muito maior que a capital paulista.
“Necessariamente, entre veículos e acidentes não há uma correlação, o que influencia é todo o sistema de trânsito”, afirma. A frase remete a outro assunto a ser discutido: o preparo da cidade para 235 mil automóveis. “A questão é que se tem muitos veículos, é preciso ter toda uma estrutura do sistema de trânsito, engenharia trabalhando bem, um sistema de sinalização bom, uma malha viária bem distribuída”, explicou o coordenador.
SISTEMA VIÁRIO É DEFICIENTE
Ainda segundo o coordenador do Renaest, Porto Velho sofre uma deficiência grande com relação ao sistema de trânsito para receber tantos carros. “Há vários pontos que não deveriam existir, como a conversão à esquerda na [avenida] Jorge Teixeira”, conta.
Sobre a sinalização, ele afirma que existe a mentalidade de que semáforos servem para baixar o número de acidentes, quando o equipamento serve apenas para regular o fluxo. “Existem outras medidas para diminuir acidentes e a colocação desenfreada de semáforos não é uma delas”, afirma.
O coordenador relembra um estudo de 1954 afirmando que quanto mais adensamento de semáforos em uma cidade, mais acidentes acontecem – devido à variação da velocidade dos veículos nas pistas.
“É melhor fazer os motoristas andarem mais, fazendo retornos e trajetos com mais segurança, do que fazer eles pararem constantemente”, explica.
MOTORISTAS RECLAMAM DO TRÂNSITO
Para o motorista profissional Emerson Viana, Porto Velho é um dos piores locais em que já dirigiu. Segundo ele, falta sinalização e as ruas não são bem-acabadas. Além disso, afirma que tem reparado um crescimento grande dos veículos nas ruas.
“A população cresceu e a cidade não. Não estamos preparados para tantos carros nas ruas”, conta.
Já o empresário Arauto Cebulski acredita que investir em educação no trânsito é primordial na capital. “É claro que precisamos de vias melhores, uma sinalização bem-feita e medidas para melhorar a cidade, mas percebo que muitos motoristas não parecem preparados para estar ao volante, cometendo várias infrações que vejo diariamente, como atravessar o sinal vermelho em alta velocidade”, conta.
A alegação de falta de obediência de Cebulski é confirmada pelo coordenador do Renaest: “Em Porto Velho, a questão de educação no trânsito está deixando a desejar, tanto que nós até nos assustamos quando alguém para, respeitando um pedestre que deseja atravessar a faixa”.
OPINIÃO DA POPULAÇÃO É DE PESSIMISMO
Em enquete feita pelo Diário, os entrevistados puderam dar opiniões rápidas sobre o trânsito em Porto Velho. Com o resultado, é possível notar que a maioria dos motoristas não estão contentes com a situação atual, sendo que 55% dos perguntados afirmaram que o trânsito na capital é péssimo.
Outros 20% alegaram uma situação ruim e 15% consideraram normal. Apenas 10% afirmaram ter um trânsito bom na cidade. As palavras mais lembradas pelos entrevistados sobre medidas para melhoria do trânsito são conscientização e sinalização.
Para melhorar este índice, o diretor do Departamento de Operações e Fiscalização da Secretaria Municipal de Trânsito (Semtran), Davi Inácio dos Santos Silva, afirma que para o ano de 2015 está sendo feito um planejamento para melhoria da mobilização urbana, mas adianta que para o período de cheia do rio Madeira o planejamento está em desenvolvimento.
“Caso aconteça uma cheia como a do ano passado, já temos um planejamento de interdição de vias, operações de tráfego, entre outras medidas de segurança”, contou.