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RONDÔNIA

Workshop Câncer do Colo de Útero

Evento agregou médicos renomados na especialidade oncológica.

Por Daniela Castelo Branco Diário da Amazônia
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Publicado: 17/09/2017 às 05h10min

Worshop realizado na cidade de São Paulo reuniu profissionais da imprensa de todo o País

Setembro é o mês da conscientização dos cânceres ginecológicos. Com o objetivo de orientar as pessoas e de ajudar o paciente com câncer a ter uma qualidade de vida melhor, o Instituto Oncoguia, que desde sua fundação em 2009 presta esse tipo de apoio aos pacientes, realizou no início deste mês, em São Paulo, um worshop que reuniu profissionais da imprensa de todo o País na luta pela prevenção do câncer de colo de útero. O evento agregou ainda médicos renomados na especialidade oncológica e representantes do Ministério da Saúde.

Dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) em 2016, estima que, no Brasil, esse é o terceiro tumor mais frequente na população feminina (acomete as mulheres na faixa etária dos 49 anos), perdendo apenas para o câncer de mama e colorretal. O dado é tão alarmante que mostra que a neoplasia é responsável por 275 mil mortes todos os anos. A situação é mais grave na Região Norte, que ocupa a 1ª posição nas taxas de incidência relativa ao câncer de colo de útero e é responsável por 11,75% da taxa de mortalidade por ano. As regiões Centro-Oeste e Nordeste ocupam a 2ª posição mais frequente, na região Sudeste, a terceira, e na região Sul, a quarta posição, segundo divulgado ainda pela pesquisa do Inca.

Exame

No entanto, o câncer de colo de útero é uma doença que pode ser facilmente evitada. Isto porque, com o avanço tecnológico, atualmente é possível identificar precocemente sinais pré-cancerígenos, por meio do exame Papanicolau, que faz uma raspagem no colo do útero. Outra importante aliada da prevenção é a vacina contra o HPV, que ajuda a combater esse vírus, que pode ser o precursor do câncer de colo de útero. Mas o que ocorre, no entanto, é que uma grande parcela da população não realiza o exame do Papanicolau e assim fica difícil o rastreamento dessas pacientes, o que agrava ainda mais os índices de incidência da doença.

Maria Del Pilar, Luciana Holtz, Luciana Oliveira e Júlio César

Avanços

De acordo com a médica Maria Del Pilar Estevez Diz, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), 600 mil novos casos de câncer foram constatados em 2016, sendo que 7,9% foram diagnosticados como câncer de colo de útero e 52% apareceram em mulheres casadas. “O que é triste constatar é que 76,8% das mulheres que apresentaram a doença já tiveram seus diagnósticos comprovados em estágios avançados”, afirmou a especialista, que também ressaltou a importância da quimioradioterapia concomitante para essas mulheres, já que o risco de morte por câncer de colo uterino reduziu de 30% a 50% em estágios avançados com o tratamento.

Avanços têm surgido na luta contra o câncer de colo de útero nas últimas décadas, como a disponibilização da vacina pelo Ministério da Saúde para meninos e meninas entre 9 a 13 anos de idade, visando prevenir a doença, mas o que ocorre no Brasil é que grande parte das pacientes são diagnosticadas já em fases mais avançadas da doença por conta do estigma relacionado à enfermidade. O fato de o câncer de colo de útero estar relacionado ao HPV, um vírus sexualmente transmissível, muitas vezes leva a uma interpretação equivocada de que a pessoa que é acometida pela doença esteja relacionada à promiscuidade. Dessa forma, muitas pacientes passam pela doença sozinhas, com vergonha de falar sobre o momento que estão passando.

Campanha conscientiza sobre a vacinação

Em 2006 foi criada a vacina contra o HPV, mas somente em 2014 o Brasil implantou na saúde. De acordo com dados do Ministério da Saúde, foi o segundo maior orçamento de investimento no setor: Cerca de R$ 4 bilhões foram investidos em vacinas no País. Atualmente ela custa R$ 42 a dose, podendo a chegar até R$ 500 em clínica particular. Pensando em reverter esse cenário, o Instituto Oncoguia lançou ainda no início do mês uma campanha visando informar a população sobre a importância de se tomar a vacina contra o HPV e realizar o exame do Papanicolau a cada três anos, medidas que podem prevenir o câncer de colo de útero. Com o tema “Se dê Colo”, a campanha busca chamar a atenção das mulheres entre 25 e 64 anos para os cuidados que a mulher deve tomar consigo mesma. Também trabalha o incentivo à vacina contra o HPV, usando o termo “Dê Colo”, que tem ainda por objetivo conscientizar os pais a levarem suas filhas de 9 a 13 anos e seus filhos de 11 a 14 anos para tomarem a vacina contra o HPV. A campanha está sendo divulgada nas mídias sociais durante todo o mês de setembro, que é o mês da conscientização dos diferentes tipos de câncer ginecológico.

A coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ana Goretti Kalume Maranhão, destacou a importância da vacina contra o HPV, informando que um dos objetivos do Ministério da Saúde é implementar a vacinação nas escolas de todo o País: “É importante que os pais se atentem a vacinar seus filhos, pois a vacina vai proteger esses adolescentes e torná-los adultos saudáveis no futuro. A vacina está aí e é de graça. Estamos trabalhando para ver se conseguimos implantar a vacinação nas escolas para alcançar uma quantidade maior desses jovens. Essa é a nossa missão: evitar a morte e o sofrimento das pessoas que sofrem com o câncer de colo uterino, que é tão devastador para o País”, alertou a coordenadora. “O objetivo desse encontro foi propiciar essa troca de informações com os profissionais que atuam nos principais veículos de comunicação do Brasil. É muito importante que façamos essa divulgação, pois o que a gente vê hoje é a existência de muitas barreiras para garantir um rastreamento adequado do colo uterino e para garantir a adesão adequada à vacina muito sérias e que passa por uma população ‘desinformada’. Vocês da imprensa podem nos ajudar a mudar a realidade do câncer de colo uterino no Brasil, que é literalmente um câncer que não deveria existir”, ressaltou Luciana Holtz de Camargo Barros, presidente do Instituto Oncoguia em São Paulo.

Quem quiser conhecer mais sobre a campanha e sobre o câncer de colo de útero é só acessar a página do Instituto Oncoguia: www.oncoguia.org.br ou a página do facebook: www.facebook.com/oncoguia/. Outras informações podem ser adquiridas ainda pelo Canal Ligue Câncer no 0800 773 1666.

 



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