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Diário da Amazônia

Temer chefia organização criminosa, diz Joesley

Em entrevista à “Época”, dono da JBS relata pedidos de propina feitos pelo presidente.

Por O Globo
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Publicado: 18/06/2017 às 06h00min

Delator Joesley Batista voltou a compromete o presidente da República Michel Temer

O empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, prestou um novo depoimento à Polícia Federal na sexta-feira, 16, no inquérito em que o presidente Michel Temer é investigado pelos crimes de corrupção passiva, obstrução de justiça e organização criminosa. Ele reafirmou aos investigadores da Operação Patmos as declarações prestadas no âmbito do seu acordo de delação junto ao Ministério Público Federal.

O depoimento de Joesley e outros prestados nos últimos dias pelo corretor Lúcio Bolonha Funaro, pelo ex-assessor de Temer e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) – também alvo do inquérito – e pelo diretor jurídico da J&F, Francisco de Assis, serão usados na denúncia a ser oferecida pelo procurador-geral Rodrigo Janot contra o presidente.

Temer dedicou os dias que antecedem sua viagem à Rússia e à Noruega, a partir de segunda-feira, para reforçar sua estratégia jurídica. Na quinta-feira, 15, ele recebeu, no Palácio do Jaburu o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso e o ministro da Justiça, Torquato Jardim.

Velloso, segundo auxiliares do presidente, poderá “auxiliar” na sua defesa, conduzida formalmente pelo advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira. “Conversamos sobre temas variados, mas prefiro não comentar. Até porque ele (Temer) pode querer me contratar para figurar como advogado, embora eu considere que ele está muito bem servido com o doutor Mariz”, disse Velloso.

Após o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, aumentar o prazo para encerrar o inquérito, a PF deve concluir a investigação no início da próxima semana. Com a investigação conclusa, Janot terá mais cinco dias para oferecer a denúncia. A expectativa entre procuradores é de que ele use todo o tempo disponível e protocole a acusação formal no STF até a sexta-feira, dia 23.

Delator confirmou teor da gravação

Joesley foi chamado novamente pela PF para esclarecer os fatos relacionados ao presidente e Loures. Na oitiva, o empresário também foi questionado sobre os repasses para o deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O delator reiterou aos delegados da PF que gravou Temer e que após a conversa repassou valores a seu ex-assessor para ter privilégios no governo. Loures foi filmado pela PF levando uma mala com R$ 500 mil entregue por um executivo da JBS, que integra a holding J&F. Sobre os pagamentos a Cunha e Funaro, o delator disse que os repasses tinham como finalidade manter o silêncio dos dois.

Ouvido pela Polícia Federal anteontem, o corretor confirmou ter atuado como operador financeiro do PMDB da Câmara, grupo político de Temer.

Em meio a negociação de um acordo de colaboração premiada, Funaro prestou dois depoimentos no inquérito aberto no Supremo. Ele contratou recentemente o advogado Antônio Figueiredo Basto, especialista em delação, e já teria entregue uma proposta à PGR. No material encaminhado aos procuradores da Lava Jato, Temer figura como principal alvo.



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