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Diário da Amazônia

Agropecuária assegura crescimento de 5% do PIB de Rondônia

Agronegócio faz economia de Rondônia se diferenciar em nível nacional.

Por Da Redação Diário da Amazônia
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Publicado: 08/06/2015 às 14h54min

Untitled-1 2As novas projeções do Produto Interno Bruto (PIB) de Rondônia indicam uma tendência de crescimento de 5% até o final de 2015. Esse resultado, de acordo com o secretário de Estado de Finanças, Wagner de Freitas, será alavancado pelo desempenho da agropecuária rondoniense, que na semana passada mostrou toda sua força na quarta edição da Rondônia Rural Show, a maior feira do agronegócio da região Norte, que ocorreu entre os dias 27 e 30, em Ji-Paraná.

Quem circulou pelos estandes da feira viu que a crise financeira que está conduzindo o PIB nacional para patamares negativos, com perspectiva de recuo de até 1,5% em 2015, ainda não chegou ao campo em Rondônia. Os organizadores e os expositores avaliam um crescimento de até 30% no volume de negócios, que pode chegar à casa dos R$ 700 milhões.

Um dos fatores que mantêm a economia regional em linha de crescimento constante, segundo o secretário, é justamente a evolução do agronegócio no Estado. A produção do setor ganhou maior volume com a expansão das áreas de cultivo de soja, de milho e de arroz. A revitalização das lavouras de café e o aumento de mais de 400% da produção de pescado nos últimos quatro anos também aquecem a agricultura familiar. Além disso, a pecuária de corte continua sendo a ponta de lança para industrialização do Estado, que tem atraído diversas agroindústrias e aberto novos mercados no exterior.

Em 2005, Rondônia cultivou 75 mil hectares de soja. Em 2014, já eram 191 mil hectares. Um crescimento de 154% na área plantada, com uma produção de 613 mil toneladas. Para 2015, a estimativa é de um crescimento de 20% na produção. O Estado é o quinto produtor nacional de café, tendo colhido 20 mil toneladas em 2014, com alta de 9,18% em relação ao ano anterior. A produção de arroz e milho também está em expansão.

Em 2014 o rebanho bovino cresceu meio milhão de cabeças e chegou a 12,75 milhões. Rondônia é o quarto maior exportador de carne bovina do País. As exportações de carne geraram receitas de US$ 600 milhões ao Estado. A África do Sul deverá se tornar, nos próximos dias, o 11° país a importar carne bovina de Rondônia. As exportações rondonienses já atendem aos mercados da Venezuela, Rússia, Hong Kong, Egito, Irã, Líbano, Emirados Árabes, Angola e Argélia. A China também sinalizou, na semana passada, que tem interesse na carne rondoniense e nos grãos produzidos no Estado.

Os chineses, por sinal, estão abertos a novas parcerias com Rondônia. Parcerias que devem ir além dos investimentos anunciados na construção da Ferrovia Transcontinental, e movimentar também a agropecuária, a indústria e a mineração.
Essa dinâmica do setor agropecuário faz com que Rondônia quase não sinta em sua economia os impactos da desaceleração dos investimentos que recebeu nos últimos cinco anos com a construção das usinas hidrelétricas do rio Madeira. As usinas de Jirau e Santo Antônio injetaram cerca de U$ 20 bilhões no Estado, alavancando o setor de serviços e a construção civil, principalmente em Porto Velho.

As obras de alvenaria já acabaram e agora as duas hidrelétricas estão apenas na fase de montagem das turbinas. Ao contrário das previsões pessimistas de que a economia iria decrescer, as perspectivas são de crescimento da atividade produtiva e do PIB. O “vácuo” de capital da redução dos investimentos resultante da construção das usinas hidrelétricas está sendo preenchido pelo agronegócio. Além disso, a produção de energia é o passo que faltava para a industrialização do Estado.

Untitled-1 23Industrialização em ritmo acelerado

Mas não é só no campo que a economia cresce. O setor de serviços e a indústria também acompanham o desempenho do agronegócio. Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero), a atividade industrial cresceu 9% na soma dos últimos dois anos, alcançando R$ 5,9 bilhões em 2014. A expectativa é que a atividade industrial apresente um crescimento de 2% em 2015.

O presidente da Fiero, Marcelo Thomé da Silva Almeida, reforça que a expansão do agronegócio impulsiona a economia local e cria oportunidades para a indústria. Almeida diz que a federação das indústrias e o governo Estadual trabalham no desenvolvimento de arranjos produtivos para a industrialização da produção agropecuária. “Estamos identificando as melhores oportunidades, com o intuito de atrair investimentos em áreas que temos vocação, como laticínios, beneficiamento de madeira, couro e soja”, diz.

O Estado instituiu uma política de incentivos fiscais e tributários para novos empreendimentos e já se instalaram em Rondônia curtumes, indústrias frigoríficas, fábrica de cimento, de gelo, de ração animal e outras. Para receber os incentivos o investidor deve apresentar um projeto à Sefin que analisa o aspecto tributário, a geração de emprego e renda, o valor do investimento, e encaminha parecer ao Conselho de Desenvolvimento do Estado de Rondônia (Conder), que delibera sobre a modalidade de incentivo e aprova a instalação da planta empresarial.

O Distrito Industrial de Porto Velho, no Km 17 da BR-364, próximo ao município de Candeias do Jamari, possui uma área de 350 hectares com 259 quadras destinadas à instalação de novos empreendimentos. Duzentas quadras já foram cedidas e 59 aguardam a instalação de novas indústrias. Os polos industriais de Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal e Vilhena também estão sendo preparados para receber novas indústrias.

Dados da Sefin indicam que 22 indústrias se instalaram no Distrito Industrial nos últimos quatro anos e outros 49 projetos foram aprovados recentemente pelo Conder. O secretário de Planejamento e Gestão de Rondônia, George Braga, afirma que a meta do governo é lançar em 2016 um novo polo industrial em Porto Velho em um terreno de 200 hectares. “Temos tudo que um empresário necessita: terra, água, energia, acesso fácil à matéria-prima e incentivos fiscais”, argumenta.

Infraestrutura e logística são gargalos 

O grande gargalo a ser superado para que Rondônia atraia novas indústrias e mantenha o ritmo de crescimento é a precária infraestrutura de transportes, de armazenagem e de logística. Ou seja, falta investimento público da porteira para fora do produtor rural. A infraestrutura para atender aos produtores e o mercado regional não tem crescido na mesma proporção, limitando o crescimento e contribuindo para o aumento dos custos de produção e dos produtos.

A restauração e manutenção das rodovias federais existentes (BRs 364, 425, 429 e 319), a construção de novas rodovias, a pavimentação das estradas vicinais, a construção da ferrovia, a ampliação e modernização dos terminais portuários e dos aeroportos são apenas alguns dos desafios que precisam de investimentos federais e da iniciativa privada. “Rondônia tem uma agropecuária forte e está na rota do escoamento da produção do Centro-Oeste, por isso, a viabilização de todos os modais de transporte é fundamental para que essa rota se consolide”, salienta Braga.

Entre as prioridades apontadas por Almeida estão modernizar e ampliar o porto de Porto Velho, dotando-o de estrutura adequada para a movimentação de contêineres frigoríficos. “Hoje a exportação da carne se dá principalmente por Santos (SP), para onde é levada por carretas, devido à falta de estrutura portuária local”, citou. Outra prioridade é realizar a dragagem e sinalização do rio Madeira, garantindo a navegabilidade o ano inteiro.

Hoje Rondônia exporta carne e madeira pelos porto de Santos (SP) e Paranaguá (PR); e algodão pelo porto de Belém por falta de infraestrutura no porto de Porto Velho. O valor gasto com o transporte rodoviário desses produtos triplica os custos, quando a nossa rota de exportação, via hidrovia do Madeira, poderia representar uma grande economia para todos os produtores das regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil se tivesse uma estrutura adequada.

Além da luta pela construção da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), o senador Acir Gurgacz (PDT-RO) tem defendido, junto ao Governo Federal, a construção de três novas rodovias ligando Rondônia ao Mato Grosso, criando a chamada Rota da Soja e da Agropecuária.

 



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