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Diário da Amazônia

Comportamentos mudam com meritocracia

Governo de Rondônia investiu em local para ressocialização de menores.

Por Fernando Pereira Diário da Amazônia
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Publicado: 31/07/2017 às 05h05min

Centro de Atendimento Socioeducativo está localizado em Ji-Paraná e atende a região

O Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Ji-Paraná já tem mais de um ano de funcionamento. A construção do Case em Ji-Paraná é parte de uma política de oportunizarão adotada pelo Governo de Rondônia para dar uma nova chance aos menores infratores através de acompanhamento psicológico e Socioeducativo. O investimento na obra foi de R$ 8 milhões numa parceria entre o Governo do Estado e o Governo Federal. Das 52 vagas ofertadas, mais de 30 estão ocupadas por adolescentes de Ji-Paraná e de várias outras cidades da região Central.

Os primeiros cinco meses posteriores à inauguração foram marcados por muitas turbulências no local. A rebeldia do menores em conflito com a lei era tamanha que chegaram, por várias vezes, a colocar fogo nas celas e queimar colchões e outros objetos. Numa das ocasiões, como se noticiou com grande ênfase pela mídia local, os adolescentes, além de atear fogo nas celas, acabaram abrindo buracos nas paredes. Em situações de convulsão dessa natureza, era preciso contar até mesmo com o apoio do Grupo de Operações Especiais da Polícia Militar (GOE) para conter os ânimos e por fim aos motins.

Diretoria nova

A primeira medida adotada, na tentativa de por fim aos problemas, foi a de alterar a equipe administrativa. Quem assumiu a instituição foi o ex-diretor do presídio Agenor Martins de Carvalho, Luiz Carlos Pereira, que nos contou como foi que começou a efetuar a mudança, que acabou com os constantes motins.

“Assim que assumi a administração, tive uma conversa com os demais colegas e eles me deram a idéia de iniciarmos um trabalho voltado para a criação de uma horta, criação de animais e aves. Pois essas atividades ajudariam eles a gastar as energias. Claro que são atividades voluntárias. No começo eles foram relutantes, mas depois que começaram a participar, não quiseram mais deixar de ir, pois viram na atividade uma forma de terapia”, destacou Luiz.

Quando os servidores notaram que havia interesse por parte dos adolescentes em participar das atividades agrícolas, tomaram a iniciativa de fazer investimentos para poder a ajudar. “As diversas árvores frutíferas ou só de jardinagem que foram plantadas e estão sendo cuidadas aqui no case advêm de doações feitas pelos próprios servidores. Boa parte delas também são fruto de doações de empresários e de produtores rurais que entenderam a natureza do trabalho que estamos realizando aqui, e resolveram contribuir”, analisou o diretor.

Harmonia 

Entendendo que a idéia dos servidores não é de castigar, mas sim de ajudar na recuperação, os adolescentes passaram a ter outro tipo de comportamento na forma de tratá-los. “Criou-se um ambiente harmonioso aqui dentro do Case. Isso tem sido muito importante, pois vir trabalhar aqui tinha se transformado num calvário para o pessoal aqui. Hoje, não, estamos convivendo bem e, claro, quando estamos fora, temos até saudade de estar aqui, pois o ambiente se tornou excelente”, destacou o sócioeducador Jhon Hortolone.

Interno tem espaço para atividades esportivas

Case:Didático adorada altera dia a dia de internos 

Além de ter as atividades agrícolas, os adolescentes também tem a oportunidade de jogar futsal numa quadra especifica, jogar futebol de campo e, também de nadar e participar de atividades na piscina olímpica que o governo construiu como parte da estrutura sócio educadora do Case.

“Hoje em dia os adolescentes se voluntariam para poder sair para cuidar dos animais, das aves, da horta e do pomar, além, é claro, de estarem sempre dispostos a usufruir dos centros de lazer e esporte. Mas, adotamos a didática da meritocracia, o que significa que eles precisam fazer por merecer. Quem tem bom comportamento, sempre estará apto a sair. Não digo que não há um caso ou outro de rebeldia, mas quando eles agem de maneira não sociável, acabam voltando atrás e se desculpando para voltar a ser beneficiados. E, esse modelo tem servido para ajudar a alterar o comportamento dentro da Unidade. A maior parte deles nunca soube o valor que tem as coisas, pois foram criados soltos, sempre fazendo o que queriam, mas quando passam a entender que precisam pleitear de forma honesta pelos benefícios que querem, há uma mudança de mentalidade”, analisou Luiz Carlos.

Juiz Ana Valéria coordena vários projetos internos

Judiciário

O Poder Judiciário da Comarca também é presente no Case. Vários projetos estão em andamento com a dedicação da juíza da Vara da Infância e Juventude, Dra. Ana Valéria Queiroz Santiago. “Nós realizamos bimestralmente, uma avaliação de rotina para saber como está a estrutura física e temas afins, e aproveitávamos para poder fazer as reavaliações das medidas socioeducativas e, também para atender algum reclamo dos adolescentes. Através do projeto Pequeno Cidadão, o acréscimo de alguns serviços, como a realização de palestras sobre drogadição, tabagismo, entre outras. Temos também o programa amor exigente, que trata do fortalecimento dos vínculos familiares. Afora isso, trazemos para cá os atendimentos odontológicos e médicos em geral”, conclui.

 



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