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Diário da Amazônia

Criminalidade no interior preocupa autoridades no interior

O prefeito do município de Vilhena, Zé Rover (PP) se reuniu com os chefes maiores da Polícia Militar (PM) no Cone Sul de Rondônia para..

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Publicado: 12/02/2015 às 04h05min | Atualizado 28/04/2015 às 10h06min

O prefeito do município de Vilhena, Zé Rover (PP) se reuniu com os chefes maiores da Polícia Militar (PM) no Cone Sul de Rondônia para discutir sobre a onda de criminalidade que assusta não só os moradores da maior cidade da região, como os rondonienses de modo geral. Durante o encontro, na última segunda-feira, três assuntos principais estiveram em pauta: o baixo efetivo da PM, a criação de uma guarda municipal, e a regulamentação da lei do estacionamento.

Delegado Fábio Campos é favorável a criação da guarda, mas diz que é necessário mais  Estefânia Procópio/Diário da Amazônia

Delegado Fábio Campos é favorável a criação da guarda, mas diz que é necessário mais Estefânia Procópio/Diário da Amazônia

O tenente-coronel Paulo Sérgio Vieira Gonçalves, que é chefe da PM no Cone Sul, destacou que o município de Vilhena, apesar de ter vários registros de crimes variados, ainda é uma cidade de padrões aceitáveis quando o assunto é violência. Para ele municípios menores como, por exemplo, Cacoal têm números maiores que Vilhena. Para o tenente-coronel Darci Hrycyna, chefe do 3° Batalhão da Polícia Militar de Rondônia (que abrange todo a região Sul de Rondônia) um dos grandes problemas da Polícia Militar é o número reduzido de homens na rua. Ele relatou que a PM não acompanhou o crescimento do Estado em efetivo, e o número de policial em serviço é menor do que o registrado em 1989.
No final da década de 1980, o Estado tinha, segundo o chefe do 3° BPM, 19 municípios, e a PM contava com 5,6 mil homens. Hoje, com 52 municípios, Rondônia conta com 5,3 mil PMs.

O número do efetivo policial gerou preocupação do prefeito, que prometeu conversar com o governador Confúcio Moura (PMDB) sobre o assunto, com o intuito de conseguir mais homens para a PM do Cone Sul.

O prefeito relatou, também, que está disposto a criar o projeto de lei que cria e regulamenta a guarda municipal de Vilhena. Ele disse que pretende apresentar a ideia à Câmara de Vereadores, e que tentará junto ao governo do Estado o custeio da manutenção desta nova força da segurança pública. Um dos planos mais audaciosos tratados pelos três durante o encontro, no entanto, é a regulamentação dos estacionamentos.

O prefeito de Vilhena disse que pretende estudar uma possibilidade de fazer com que os motoqueiros retirem os capacetes já no momento em que desça de suas motocicletas, como uma forma de dificultar o tráfego de assaltantes no comércio local, tendo em vista o fato de que a maioria absoluta dos assaltos que acontecem na cidade são praticados por criminosos que escondem suas identidades com capacetes.

Queixas devem ser oficializadas no bairro

Recém-empossada, a diretoria do Conselho Municipal de Segurança de Cacoal trabalha para colaborar com as entidades responsáveis pela segurança pública para apoiar as ações e cobrar dos órgãos garantia de melhor qualidade de vida.

De acordo com a empresária Terezinha Macanhão – que representa a Câmara de Dirigentes Lojistas no conselho – os cidadãos que tiverem queixas sobre a falta de segurança devem procurar o presidente do bairro para oficializar o comunicado.

“Nós estamos estreitando este relacionamento e por conhecerem a realidade, nosso papel será aproximar a comunidade da polícia e ainda fortalecer as ações de segurança na cidade”, enfatizou.

Rover e os comandantes da PM em conversa pela manhã  Divulgação

Rover e os comandantes da PM em conversa pela manhã Divulgação/Diário da Amazônia

Criminosos aplicam golpe em Cacoal

“Quando estamos passando pela situação, na hora não pensamos que pode ser ou não arma de brinquedo. A nossa reação é entregar tudo para eles irem embora logo”, relembrou a farmacêutica Loiane Colombi, sobre alguns momentos vivenciados durante o roubo na farmácia onde trabalha.
Assim como ela, outros funcionários de postos de gasolina também viveram essa amarga experiência ocorrida no final do ano. Mas de acordo com a Polícia Militar (PM), sobre os casos desta época, foram feitas apreensões de armas e prisões das pessoas envolvidas e diferente dos outros anos, o mês de fevereiro apresentou aumento no índice de ocorrências.

“O normal até o ano de 2014 era de um roubo por semana e só no primeiro final de semana deste mês dez foram registrados e no dia 4, houve seis novos registros”, explicou o tenente Douglas Manrik que é responsável pelo policiamento ostensivo de Cacoal, Ministro Andreazza e Riozinho.

Segundo Manrik, estes casos têm ganhado notoriedade pelas redes sociais e amedrontado a população, sequenciados pela ação de criminosos que se aproveitam da fragilidade das pessoas para aplicar os golpes. “Pelas características descritas por algumas vítimas, os infratores simulam arma – usam pedaço de cano e outros objetos – e praticam o crime”, afirmou.

O serviço de inteligência da polícia acredita que os crimes praticados recentemente não possuem ligação com os ocorridos no final do ano.
“Se compararmos os índices daqui aos de outras cidades do Estado como, por exemplo, Ariquemes e Vilhena – Cacoal ainda assim, apresenta índice baixo, sendo um roubo por semana”, explicou Marink. O tenente informou ainda que a estratégia da polícia tem sido colocar mais viaturas nas ruas e junto com núcleo de inteligência, trabalha para identificar os agentes criminosos.

vendas

  •  Temendo sofrer algum atentando em sua residência, o servidor público Luiz Carlos Vicente tomou atitude. “Eu tive que instalar um portão e isso me custou mais de R$600. O próximo passo será investir em uma cerca elétrica”, contou indignado pelo fato de já contribuir com seus impostos na melhoria da segurança pública. Conforme Priscila Macedo que trabalha desde 1994 no ramo de segurança eletrônica – instalando câmeras com circuito fechado de TV, portões e cerca elétrica – há uma mudança no comportamento dos consumidores. “Hoje os serviços têm sido realizados em diversos pontos e para possuir um sistema de segurança residencial as pessoas precisam gastar cerca de R$ 3 mil”, explicou. A maioria dos entrevistados, que trabalham no ramo, garantiram que as vendas aumentaram.

Vilhena tem o menor índice de roubos

A equipe de reportagem do Diário da Amazônia foi até a Delegacia de Polícia Civil (DPC) de Vilhena em busca de um gráfico que pudesse ilustrar o mapa da violência no município para que seus leitores pudessem entender melhor o que se passa na cidade. Em conversa com investigadores da PC, um resultado bem interessante veio à tona: no ano passado a cidade registrou 249 casos de roubo, enquanto o município de Cacoal, que é menor que Vilhena em número de habitantes, teve 305; Ji-Paraná, 652; e Ariquemes 773. Somente no mês de janeiro deste ano, Vilhena teve 19 casos de roubo, enquanto a pequena Cacoal teve 36 Boletins de Ocorrência registrados; Ji-Paraná, 54, e Ariquemes, 89.

O delegado regional da Polícia Civil, Fábio Campos, comentou sobre a criação da guarda municipal no município de Vilhena. Ele disse que é favorável à instalação da força, e que auxiliaria no combate à violência. Entretanto o delegado de polícia diz que a criação da guarda não é a única saída para acabar com a violência. “Não será a solução dos problemas, pois em nenhum país do mundo efetivos de segurança pública, por maior que sejam, darão conta de reduzir a violência num sistema onde traficante de droga é condenado a regime aberto, onde assaltantes perigosos cumprem um sexto de suas penas em regime fechado e depois vão pra rua, já que não há estrutura adequada para regimes semiabertos”, opina.

Fábio Campos foi além e tocou em um assunto que vem gerando grande problema para os representantes da segurança pública de um modo geral: menores. Para ele infratores que não têm a maioridade penal estão agindo com a sensação de não haver leis que os punam com o rigor merecido.
Vários casos de crimes registrados em Vilhena têm a participação de menores. A Polícia Civil prendeu nove foragidos da polícia somente no mês de janeiro, e vem desenvolvendo outras operações para tirar de circulação mais pessoas, maiores e menores.

Ainda segundo o delegado, dos seis casos de assassinato registrados em Vilhena em 2015, três já têm suspeitos e os casos serão levados ao Poder Judiciário. “Os demais crimes continuam sendo investigados pela equipe com linhas de investigações já traçadas”, garantiu.



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