A defesa de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) analisa a possibilidade de requerer a anulação ou a rescisão do acordo de delação premiada do operador Lúcio Funaro. O advogado Délio Lins e Silva Júnior, que representa o ex-deputado, disse que a requisição pode se dar por via administrativa e não judicial. “Ainda estamos avaliando”, afirmou.
A delação de Funaro foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Cunha presta depoimento nesta segunda-feira em processo da Operação Sepsis, que investiga um esquema de pagamento de propina no FI-FGTS. No início da oitiva, ele disse que iria responder somente às perguntas do juiz, do Ministério Público e de advogados de réus que não são delatores.
Além de Cunha e Funaro, são réus no processo o ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto e o operador Alexandre Margotto, ambos delatores, bem como o ex-deputado Henrique Eduardo Alves. Segundo o ex-deputado, a pressa em denunciar o presidente Michel Temer (PMDB-SP) levou a Procuradoria-Geral da República (PGR) a ignorar inconsistências na delação premiada de Funaro. Além de apresentar informações inverídicas, o operador teria omitido fatos e preservado parlamentares, afirmou Cunha.
Cunha citou como exemplo omissões de Funaro sobre suas relações com o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), o senador Ivo Cassol (PP-RO) e o ex-senador Delcídio Amaral.
Ele acusou Funaro de ter escondido joias e obras de arte para que não fossem alvo de buscas e apreensões da Polícia Federal.
O ex-deputado contestou declarações de Funaro segundo as quais eles dois teriam levado um calote de R$ 80 milhões do empresário Joesley Batista. “Quero dizer que o senhor Joesley Batista não me deve um centavo. Só deve minha dignidade, roubada com suas mentiras”, disse Cunha.
Cunha negou que ele e Temer tenham recebido propina do grupo Bertin, como afirmou Funaro na semana passada. Na versão do operador, a propina estaria relacionada a um financiamento da Caixa Econômica Federal para o grupo empresarial. O empréstimo foi liberado, segundo Funaro, após intervenção do ministro Moreira Franco (PMDB), à época vice-presidente do banco.