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VARIEDADES

Gabriel Diniz: carreira, frustrações e cachê milionários

Cantor morreu na manhã desta segunda-feira (27) na queda de um avião em Estância, no Sergipe

Por R7
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Publicado: 27/05/2019 às 16h48min

Gabriel Diniz estava no auge da carreira

No sertanejo, uma história se repete com certa frequência: quando atingem o sucesso, alguns artistas são considerados como novatos pelo público, mas, na verdade, já estão na ativa há muitos anos.

É o caso de Gabriel Diniz, que veio conseguir destaque só no fim de 2018, mas que já tinha sido vocalista do Cavaleiros do Forró em 2010 e um dos artistas mais populares da Paraíba nesta década (embora tenha nascido em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul).

O cantor é um claro exemplo de quem sempre esteve no limiar de virar um ídolo do gênero, mas bateu na trave inúmeras vezes.

Os motivos são vários. Em um mercado concorrido como esse, não adianta ter talento, escolher a música certa e contar com um escritório investindo por trás. Se um artista de renome lançar uma música muito boa na mesma época que um cantor com menos espaço na mídia, com certeza ele acabará sendo ofuscado e os esforços terão sido em vão, mesmo com tudo conspirando a favor.

Isso aconteceu com Gabriel muitas vezes. Apesar do sucesso local e vídeos com milhões de acessos no YouTube, como Paraquedas (com Jorge e Mateus), de 2017, ele não conseguia destaque em nível nacional.

Mas persistiu. E a partir de 2018 tomou um novo rumo. Tudo mudou. Ele se afastou um pouco do forró e adicionou mais pitadas de sertanejo no som e tomou um verdadeiro banho de loja, deixando para trás as roupas simples para investir em peças de grife bastante estampadas (o que não o deixava passar despercebido).

Junto com isso, veio a gravação de Jenifer, música que havia sido recusada meses antes por Gusttavo Lima. Resultado: o ano não poderia ter terminado melhor para ele.

Com esse êxito, Gabriel entrou para o conhecido “primeiro escalão” do sertanejo nacional, onde as agendas incluem até 20 shows por mês e o cachê supera facilmente a marca de R$ 100 mil por mês.

O de Gabriel, atingiu R$ 125 mil e ele foi sucesso no Carnaval de 2019, além de virar um dos nomes mais procurados pelos contratantes para os festejos de São João, data muito popular no mercado musical do norte e nordeste.

No entanto, a tragédia que tirou a vida do músico no início da tarde desta segunda-feira (27) abrevia o que poderia ser uma das mais promissoras carreiras do sertanejo atual e o coloca no triste rol de artistas que morreram precocemente. A primeira comparação em um caso como esse é com Cristiano Araujo, morto em 2015 em um acidente automobilístico.

Até as idades eram parecidas. Ele tinha 28, enquanto Cristiano morreu aos 29. E as circunstâncias também deixam claro os perigos da carreira de cantor. Apesar de bem-remunerada, a vida na estrada de um artista do gênero mais ouvido do país cobra um preço. Ter que estar em cinco cidades diferentes numa mesma semana e ainda voltar para a cidade em que mora não é fácil nem necessariamente algo seguro.

E nem sempre é algo realizado da forma mais adequada. Aeronaves inaptas para taxiamento, estradas mal conservadas e motoristas cansados estão entre os riscos de ser um músico no país. Não é incomum acontecer acidentes envolvendo essas causas no País. O de Gabriel é mais um a entrar para essa triste estatística, que coloca fim no sonho do artista que percorreu o sucesso nacional por mais de uma década, mas mal teve um ano completo para curtir o gostinho de atingir o sonho.



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