Porto Velho/RO, 20 Março 2024 18:27:05
Diário da Amazônia

Mais de 290 professores estão afastados

O estado de saúde dos professores na região Central de Rondônia não é dos melhores, só esse ano foram apresentados na Coordenadoria..

A- A+

Publicado: 09/08/2014 às 12h54min | Atualizado 15/04/2015 às 12h34min

professores 2

Não há um quadro de reserva técnica para fazer a substituição do profissional afastado por problemas de saúde e o prejuízo fica com os estudantes(Foto: Fábio Souza/Diário da Amazônia)

O estado de saúde dos professores na região Central de Rondônia não é dos melhores, só esse ano foram apresentados na Coordenadoria Regional de Ensino (REN) da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) 299 licenças médicas de afastamento temporário ou por tempo indeterminado, de profissionais alegando problemas de saúde ou acompanhamento a parentes que adoeceram. Demanda que provoca um desfalque de 7% nas escolas da rede Estadual, em Ji-Paraná, que lidam com a falta de professores e prejuízos ao ano letivo.

“Realmente é um índice bastante elevado se levarmos em conta nosso efetivo de aproximadamente 3,1 mil servidores, na qual 299 estão afastados por problemas de saúde adversos. Infelizmente, não temos como planejar uma substituição imediata, e isso afeta diretamente o aluno. O professor adoece e não temos um quadro de reserva técnica para fazer a substituição”, ressaltou José Antônio.
O stress corresponde a 40% dos problemas de saúde desses profissionais. Mas existem outros vilões, de origem física e psicológica; como a síndrome do pânico, problemas com a voz, alergias, dores nas costas e musculares, tendinites, dores de cabeça, distúrbios do sono, irritabilidade, alterações da memória, esgotamento físico e mental e até problemas cardíacos.

A professora Keila Cristina, 27 anos, começou a lecionar no final de 2009, e as sequelas à saúde surgiram em um curto espaço de tempo, entre elas o stress e depressão. “A nossa profissão requer muito de nós. Infelizmente temos salas de aula com 40 alunos, quando poderia ser 20 e uma carga horária excessiva. Outro agravante que lidamos, é a falta de respeito de alunos, e omissão de alguns pais que não corrigem seus filhos”, lamentou Keila.

Jacira de Ávila, professora de língua portuguesa há 26 anos, está afastada das salas de aula há um ano e não pretende retornar. Readaptada na biblioteca da Escola Aluízio Ferreira, alega que não quer voltar a lecionar. “Está muito difícil trabalhar em sala de aula ou os alunos te aceitam 100% ou te rejeitam na mesma proporção. Eu não quero, em hipótese nenhuma retornar, prefiro ficar afastada. Eu não tenho mais estrutura para ficar em sala de aula, minha saúde está debilitada”, desabafou Jacira.

Outro vilão enfrentado no passado foi o pó do giz, gerador de casos alérgicos com irritação nos olhos e pele, além de rinites e problemas nas vias respiratórias. Muitos professores não conseguiram lidar com a situação, e se afastaram. Pior, indícios de perda de memória, lesões por esforços repetitivos (LER), deficiência no sistema imunológico, insônia e falta de energia só agravaram o quadro clínico desses profissionais.

Problema vocal é o principal vilão da classe

Distúrbios vocais e disfonias são apontados pelos especialistas como um dos principais problemas diagnosticados em professores. São problemas causados por alterações na produção da voz – um dos principais instrumentos de trabalho – que levam muitos professores ao afastamento do trabalho e a aposentadoria precoce. Elas se manifestam através de pigarros, ardência na garganta, esforço à emissão da voz, cansaço ao falar, dificuldade em manter a voz, rouquidão e variação na frequência habitual, entre outras alterações, causadas por aumento constante no tom de voz ou desidratação das cordas vocais.

Cada caso é analisado

O índice elevado de afastamento e a ausência de profissionais para suprir a demanda, é o que mais preocupa o coordenador Regional de Ensino (REN) José Antônio. O que resvala no sistema de ensino, que conta com 3,1 mil servidores responsáveis por 37 mil estudantes.  “Infelizmente temos casos de todas as naturezas, desde AVC, casos de câncer e acidentes, confirmados através de um laudo médico do Núcleo de Pericia Médica (Nupem). Os casos são analisados por peritos, dependendo, eles contestam ou não. A Seduc sabe dessa nossa situação, e tem se empenhado para suprir as necessidades na região”, explicou José Antônio.

Por Wilson Neves



Deixe o seu comentário