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VARIEDADES

Palco do maior teatro da região Norte continua interditado

“Quando eu era pequena e fazia balé, eu e minhas amigas de turma sempre dançávamos em ginásio e escolas. Era a época do ano mais..

Por Redação Diário da Amazônia
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Publicado: 28/11/2019 às 14h20min

Foto: Roni Carvalho

“Quando eu era pequena e fazia balé, eu e minhas amigas de turma sempre dançávamos em ginásio e escolas. Era a época do ano mais esperada por todos. Dançar era uma diversão. Por muito tempo, ouvíamos sobre a construção de um teatro na cidade. Muitas vezes fantasiávamos sobre esse teatro. Ficávamos sonhando com esse dia. Um dia o teatro ficou pronto, mas infelizmente só foi possível usufruir dele por pouco tempo. Voltamos às escolas, ginásios ou um pequeno e antigo teatro da cidade, uma verdadeira decepção”. Esse é o relato da professora de balé Tácia Barreto e a carência de outras 940 bailarinas de Porto Velho.

Nenhum desses bailarinos estão liberados para dançar no sonhado teatro Bellas Artes, pois o mesmo está interditado desde agosto de 2018. Entregue após 16 anos da data inicial da obra o maior Teatro da região norte já foi fechado diversas vezes.

O município de Porto Velho foi à última Capital brasileira que implantou teatro estadual. Inaugurado em 2014 o Teatro Palácio das Artes é o único de grande porte da capital, com capacidade para comportar cerca de 1.100 pessoas. Sobre área de 2,276m o local possui um palco modelo italiano medindo 643,74m, platéia 897,17m e camarotes 193,33m, sendo constituído por uma moderna tecnologia para montagem de diversos tipos de espetáculos (cênicos audiovisuais e musicais). No teatro também foi construído um elevador de fosso de orquestra, dois camarins coletivos e sala de ensaio, áreas administrativas e de produção. Além de oferecer acessibilidade o local foi construído para oferecer poltronas ergonômicas, com assentos para pessoas com sobrepeso, áreas reservadas para cadeiras de rodas amplas hall e foyer com toaletes.

Foto: Roni Carvalho

Mesmo com toda essa estrutura o maior palco de teatro da região norte não está sendo usado como tablado de espetáculos de dança e encenação de peças. A maior dificuldade das escolas de balé do município é conseguir um local adequado para realizar apresentações. Para ter uma idéia o teatro Guaporé, anexo do Palácio das Artes, possui área interna de 620 m2, com capacidade para acomodar apenas 236 pessoas, sem camarins e estrutura para um espetáculo de dança com mais de dez bailarinas. O mesmo acontece com o palco dos teatros do Sesc e Banzeiro usados pelas companhias de teatro.

Em 2015 uma das principais companhias de balé da Rússia, a Russian State Ballet, veio até Porto Velho para apresentar o espetáculo “O Lago dos Cisnes”. A apresentação não pode ser realizada no Teatro Palácio das Artes porque estava interditado.

Segundo o Superintendente da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer, Jobson Bandeira dos Santos as partes estruturais foram construídas de forma inadequadas. Ele conta que a empresa responsável pela obra informou durante a construção o risco de um desmoronamento com o material utilizado e mesmo assim foi aprovada a construção com materiais baratos. Em 2018 após cair uma peça da estrutura a empresa confirmou o que já havia alertado. “Para resolver a situação temos que mexer em toda a estrutura de ferro do Teatro e estamos falando de toneladas, quanto ao erro não podemos responsabilizar a empresa que avisou antes”, disse.

O Superintendente explicou que foi feita uma ação judicial para legitimar o responsável pelo erro. Como a área estava toda interditada foi solicitada uma liberação das cadeiras para locação de palestras sem a utilização do palco.

Para locação dos Teatros Palácio das Artes e Guaporé existe uma portaria interna que segue o padrão de todos os teatros brasileiros. O que diferencia são as taxas para eventos privados e culturais abertos ao público. “Hoje o teatro Palácio das Artes é um gasto para o estado, ele não precisa ser gasto, ele tem que ser investimento’’, disse Jobson.

Solange Ferreira trabalha há 44 anos com balé na capital, conta que por mais um ano os bailarinos estão se programando para um espetáculo no palco teatro Guaporé. Destaca dificuldade de dançar em um palco pequeno com poucos lugares, sem a possibilidade de realizar a troca de cenários. “Considerando que se cada bailarino levar dois convidados já lota o teatro de pequeno porte. Vamos ter que fazer três dias de apresentações. É lamentável que o teatro esteja a um ano parado, enquanto isso a cultura fica estagnada”, destacou Solange.

“Retrocedemos mais uma vez, muitos bailarinos estão fazendo seus espetáculos em escolas e ginásios ou em pequenos palcos do município. É revoltante e desrespeitoso não só com os artistas locais, mas com toda a comunidade que almeja arte cultura e lazer. Espero que tudo se resolva e que todos os artistas locais e a comunidade possam realizar o sonho de usufruir do teatro Palácio das Artes”, disse a bailarina e Professora Tácia Barreto.



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