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SAÚDE

Peixes consumidos em Rondônia apresentam grave contaminação por mercúrio, alerta estudo

Rios de Rondônia e outros estados na região revelam níveis preocupantes de toxicidade nos pescados

Por Redação Diário da Amazônia
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Publicado: 22/10/2023 às 18h28min | Atualizado 23/10/2023 às 10h01min

Foto: Reprodução

Um recente estudo revelou que os peixes consumidos pela população na Amazônia, especialmente em Rondônia e outros estados, enfrentam sérios problemas de contaminação por mercúrio, ultrapassando os limites recomendados pelas autoridades de saúde. A pesquisa realizada por instituições renomadas destaca os impactos preocupantes da poluição e sua ligação com atividades ilegais.

De acordo com os resultados da investigação, 26% dos peixes analisados em Rondônia apresentam índices elevados de mercúrio, ultrapassando as diretrizes estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A análise de risco também revela que a ingestão diária desse metal tóxico excede a dose recomendada em uma escala alarmante, variando de 6 a 27 vezes.

O estudo foi conduzido pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Greenpeace, Iepé, Instituto Socioambiental e WWF-Brasil, abrangendo seis estados e 17 municípios na região amazônica, incluindo as capitais Belém, Boa Vista, Macapá, Manaus, Porto Velho e Rio Branco. A coleta das amostras ocorreu entre março de 2021 e setembro de 2022, e os resultados são alarmantes.

Roraima, Acre e Rondônia lideram a lista com as situações mais críticas de contaminação por mercúrio nos peixes, com índices de 40%, 35,90% e 26,10%, respectivamente. Outros estados da região, como Amazonas, Pará e Amapá, também enfrentam níveis significativos de toxicidade nos pescados.Os pesquisadores apontam a atividade ilegal de mineração de ouro como uma das principais causas dessa contaminação. Os garimpeiros utilizam o mercúrio na separação de sedimentos, poluindo os rios da região. Além disso, a construção de barragens, hidrelétricas e a expansão do agronegócio contribuem para o acúmulo de mercúrio no meio ambiente, juntamente com as queimadas, que emitem mercúrio na atmosfera.

Entre as espécies de peixes analisadas em Rondônia, aquelas com maiores níveis de contaminação incluem Dourado (média: 1,81 ?g/g), Filhote (média: 1,84 ?g/g) e Babão (média: 2,87 ?g/g). Por outro lado, Acará, Bacu e Pirapitinga apresentaram níveis de mercúrio próximos de zero e são considerados seguros para consumo.

A contaminação por mercúrio representa um grave risco à saúde humana, afetando principalmente o sistema nervoso. A pesquisa avaliou o impacto dessa poluição em quatro grupos: homens adultos, mulheres em idade fértil e crianças de 2 a 4 anos, e de 5 a 12 anos. Os resultados indicam que a ingestão diária de mercúrio varia de 6 a 27 vezes acima da dose recomendada em todas as faixas etárias.

As mulheres em idade fértil consomem cerca de oito vezes mais mercúrio do que os homens, enquanto as crianças de dois a quatro anos são as mais vulneráveis, ingerindo 27 vezes mais mercúrio do que os adultos.

Os pesquisadores enfatizam a necessidade de políticas públicas e programas governamentais para garantir a segurança alimentar das populações afetadas, respeitando a soberania alimentar e os modos de vida regionais. A contaminação por mercúrio é um problema sério que demanda ação imediata para proteger a saúde das comunidades que dependem do consumo de peixes na Amazônia.



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