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RONDÔNIA

Ponte abre caminho para integração da Amazônia

A primeira ponte sobre o rio Madeira, com uma extensão de 975 metros, que será inaugurada nesta segunda-feira, é uma obra estratégica..

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Publicado: 15/09/2014 às 12h28min | Atualizado 28/04/2015 às 23h30min

Ponte é vista como perspectiva de um futuro melhor, com a integração regional

Ponte é vista como perspectiva de um futuro melhor, com a integração regional

A primeira ponte sobre o rio Madeira, com uma extensão de 975 metros, que será inaugurada nesta segunda-feira, é uma obra estratégica ao projeto de integração da Amazônia. É uma obra que está associada ao projeto de reconstrução completa da BR-319, rodovia que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM), e que irá promover o turismo na região e facilitar o escoamento da produção.

Para o presidente do Conselho de Desenvolvimento Empresarial da Amazônia Legal (Codema) e da Fecomercio-RO, Raniery Araújo Coelho, a ponte do rio Madeira e a reconstrução da BR-319 são partes fundamentais dos planos de desenvolvimento sustentável da região. “O estado do Amazonas teve a sua Zona Franca renovada por mais 50 anos e deve manter sua economia com a produção de máquinas e equipamentos eletrônicos, enquanto Rondônia precisa desta rodovia para poder fornecer alimentos de forma competitiva para o mercado de Manaus, que tem 2,5 milhões de consumidores”, detalhou Coelho.

A abertura da ponte anima produtores rurais, comerciantes, empresários e as indústrias de Rondônia, e agora todos estão engajados numa verdadeira campanha pela reconstrução completa da BR-319, que reúne forças políticas, empresariais, sindicais e classistas de toda a Amazônia.
O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) chegou a realizar uma diligência da Comissão de Agricultura com participação dos Ministérios dos Transportes e do Meio Ambiente pela rodovia, em novembro do ano passado, e conseguiu acelerar o trabalho de manutenção da rodovia e o processo de licenciamento ambiental para sua reconstrução.

O presidente do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias (Simpi) de Rondônia, Leonardo Sobral, reconhece que o atual estado da rodovia emperra o desenvolvimento não apenas de Rondônia e do Amazonas, mas também de toda a região Norte do País. “Daqui de Rondônia para lá poderia ir muita produção, e no caminho contrário com certeza viriam turistas, consumidores. Se for considerar a economia de uma população de mais de 5 milhões de pessoas envolvidas, apenas nas principais cidades, é fácil chegar à conclusão de que o investimento para reformar a rodovia é irrisório”, destacou Sobral.
De acordo com Salatiel Rodrigues, diretor estadual da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB-RO), a precariedade da rodovia é um entrave para a economia da região. “Hoje temos cooperativas que embarcam produtos no Porto de Porto Velho e levam três dias e três noites para chegar ao comércio de Manaus. As cooperativas embarcam, por exemplo, tomate de Alto Alegre dos Parecis, abacaxi e banana de União Bandeirantes”, declarou.
De acordo com Rodrigues, se o tráfego de produtros fosse pela BR-319, as condições seriam diferentes. “Os caminhões poderiam sair de Porto Velho de manhã e chegar à tarde em Manaus, com produtos frescos e proveitosos. A perda chega a ser de 30% de frutas que amadurecem e apodrecem no caminho. Por isso a reconstrução da 319 é tão importante para o comércio de Rondônia”, argumetou.

40 anos depois, rodovia praticamente intrafegável

A BR-319 foi construída no final da década de 1960 e inaugurada em 1973, pelo Exército Brasileiro, dentro do contexto de colonização da Amazônia e sua integração ao território nacional. Hoje, encontra-se praticamente intrafegável, já que está abandonada desde a década de 1990.
Um trecho de 204 quilômetros na saída de Manaus e outro de 208 quilômetros na saída de Porto Velho foram recuperados e pavimentados em 2010. A recuperação do trecho intermediário da BR-319, com a extensão de 405 quilômetros, no chamado ‘Meião da Floresta’, foi embargada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2009, mesmo com o projeto de restauração possuindo o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), executado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Desde então, muitos estudos de impacto ambiental já foram feitos e refeitos e o licenciamento ambiental da obra não foi emitido pelo Ibama. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), mais de R$ 78 milhões já foram gastos com estudos ambientais, criação de unidades de conservação e intervenções a fim de mitigar impactos ambientais no entorno da rodovia.

Desde os anos 90, quando a BR-319 foi praticamente destruída, com nacos de seu asfalto arrancados à máquina, que o percurso entre Porto Velho e Manaus se transformou em uma desventura. A rodovia é a única ligação por terra de Roraima e Amazonas com Rondônia e com os demais Estados do Brasil, e está praticamente intransitável. A manutenção que está sendo feita pelo Dnit permite apenas a passagem de veículos tracionados, motos e tratores. A passagem de carros de passeio e caminhões ainda é praticamente impossível.

LICENCIAMENTO

Os novos estudos para licenciamento ambiental da obra de reconstrução da BR-319 estão a pleno vapor. Os estudos do meio físico e sócioeconômico já foram realizados e aprovados pelo Ibama. Uma equipe de 100 pessoas, formada por biólogos, arqueólogos, engenheiros e técnicos de apoio está realizando os estudos de fauna e flora nas unidades de conservação federais.

O estudo de fauna está sendo feito por uma empresa contratada pelo Dnit em março do ano passado.



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