Fevereiro avança e todas as crianças voltam para a escola. Novo ano-letivo, vida nova. Hora de perceber, para alguns pela primeira vez, para muitos outra vez, como educar é complexo.
Pais e mães acham que sabem como é desempenhar o papel simplesmente por observarem os filhos dos outros. Mas, com os próprios filhos, a experiência – autêntica, verdadeira – é bem diferente, singular e desafiadora de um jeito próprio.
Os filhos crescem, caminhos derivam para cá e para lá, e o que percebem os pais? Compreendem a enormidade complexa e difícil de educar, assunto que repele especialistas e receitas prontas.
Há muitos pontos de auxílio, entre eles, convém sempre lembrar, a importância da bondade e da generosidade (atributos da alma caridosa), força de impulso para progresso, desenvolvimento de qualidades e formação do caráter.
A preocupação com o crescimento espiritual se revela amparo de uma educação bem transmitida, uma educação que repercute de forma engrandecedora, refinando o filho e o aluno.
Temo, infelizmente, que a maioria das escolas por aí – focadas em conteúdo, na grande disputa e concorrência que marcam a vida contemporânea – se afastou de maneira equivocada do núcleo central da educação: refinamento de caráter vindo do exemplo construtivo, de generosidade e bondade.
Sofro ao perceber que as crianças, pela manhã ou logo após o almoço, não querem (absolutamente!) ir à escola. Reagem de mau-humor, irritação, até mesmo com agressividade ou somatização. É pena e revela que alguma coisa está desencontrada.
O que poderia ser? Acho que a perda de um sentido maior. Muita informação, muito conhecimento, sem laço com as questões profundas e transcendentes, sem contato com as demandas da alma (da alma-argila, bem modelável, das crianças).
Por caminhos diferentes a educação precisa, para funcionar, seguir uma única regar: ser boa ao permitir que o aluno ou o filho entenda o mundo ao redor. Entendimento, note-se, profundo: de troca e pertencimento.
Educar, fazer nascer de novo, tirar o homem de dentro da criança, é muito mais do que ensinar – matemática ou geografia, redação ou inglês. Educar é dar possibilidade para que o envolvido consiga entender a si mesmo, inclusive em suas aspirações espirituais.