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RONDÔNIA

Sema remove árvores da espécie ficus

As árvores removidas serão replantadas utilizando espécies mais adequadas.

Por Ariadny Medeiros Diário da Amazônia
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Publicado: 11/11/2015 às 05h00min | Atualizado 11/11/2015 às 07h26min

A espécie ficus está sendo retirada de algumas vias porque a estrutura da planta está comprometendo a drenagem e causando alagamentos

A espécie ficus está sendo retirada de algumas vias porque a estrutura da planta está comprometendo a drenagem e causando alagamentos

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema) está realizando a substituição de árvores em algumas ruas de Porto Velho. A espécie ficus está sendo retirada das avenidas Rio Madeira, Guaporé, Imigrantes e Mamoré, porque a estrutura da planta está comprometendo a drenagem, causando alagamentos. O serviço, que já começou a ser feito, vai retirar cerca de 120 árvores, somente na Guaporé.

As árvores removidas serão replantadas utilizando espécies mais adequadas para o local, evitando assim prejuízos ao sistema de drenagem “não vamos erradicar as árvores somente alguns ficus que estão perto da parte de drenagem, quando estão próximos da drenagem tendem a crescer mais porque tem recurso hídrico disponível”, afirmou Dennis Oliveira, engenheiro florestal e coordenador do núcleo de arborização urbana da Sema.

Esta espécie possui uma raiz severa que obstrui a drenagem causando entupimento, além disso é o único tipo de árvore que o sistema radicular cresce mais que a copa “uma árvore normal tende a acompanhar o crescimento da copa para poder sustentar a copa, o ficus tem a copa mas a raiz sempre sai em busca de recurso hídrico, aí ela sai quebrando tudo, atrás desse recurso” relatou Dennis. Segundo ele, estão acontecendo alagamentos nestas ruas da cidade quando ocorrem chuvas fortes por causa da raiz dessas plantas “o sistema de drenagem nestas ruas é no meio-fio, tem ficus plantados perto da caixa de drenagem, e o sistema radicular dela quebra e entope causando a obstrução da via”, ressaltou.

O replantio será feito por plantas de pequeno e médio porte, que começou a ser realizado muito antes da retirada destas espécies “começamos a fazer o plantio de ipê, e os ipês ficaram próximos aos ficus para quando a gente tirar, eles poderem crescer, por isso, as árvores nas vias não estão totalmente erradicadas, e não perde totalmente a paisagem local”, explicou o engenheiro florestal. Foram retiradas 92 plantas na rua Guaporé, das 120 que ainda serão recolhidas “serão replantadas os mesmos 120, de espécies de ipês-roxos e amarelos, cojoba que dá um bom sombreamento, vamos mesclar entre espécies de médio e pequeno porte, para não cometer o mesmo erro do passado”, alertou Oliveira.

A raiz da ficus sempre sai em busca de recurso hídrico e acaba quebrando as calçadas

A raiz da ficus sempre sai em busca de recurso hídrico e acaba quebrando as calçadas

Quase 70% das árvores não resistiram

Desde 2011 foram plantadas mais 40 mil árvores sendo que aproximadamente 70% delas não resistiram a efeitos externos. “Degradação é um ponto, plantamos 125 árvores na avenida dos Imigrantes, e passou duas semanas e ‘meteram’ fogo lá, e isso acontece muito na cidade”, frisou Dennis. Para ele o prejuízo é da própria população que acaba arcando com os custos de um novo plantio, “infelizmente esse custo sai do nosso bolso, as pessoas não têm consciência que uma árvore não nasce do dia pra noite, tem que passar pelo menos 10 anos para fornecer a sombra que você tanto espera”, informou ele ao relatar que no período da seca conseguiram plantas mil mudas graças a irrigação feita por caminhão-pipa.

O professor do curso de engenharia florestal da Faro, Eugênio Pacelli Martins, analisou que é válida a iniciativa da Sema, pois esta espécie, de ficus, que foi plantada há muito tempo, embora tenha uma sombra boa não é a mais indicada para os centros

Na Avenida Imigrantes, as raízes das árvores provocam alagamentos em dias de chuva

Na Avenida Imigrantes, as raízes das árvores provocam alagamentos em dias de chuva

urbanos. “Ela vai buscando nutrientes, se você observar próximo a Praça das Três Caixas d’águas tem ficus, que levantaram a calçada e aquelas casas devem estar com raiz para todo lado”, alertou Eugênio.

A cidade de Porto Velho possui a maior concentração de árvores dentro das residências precisando melhorar a distribuição delas pela cidade “a ideia que a gente tinha era fazer um inventário, um diagnóstico para a gente saber o que cada área precisa, tem regiões que tem concentração maior”, afirmou Eugênio.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estipulou que se tenha 12 m² de área verde por habitante em cada cidade “tem que se conhecer melhor Porto Velho para saber como fazer, você pega a população e vê quanto de área verde você precisa”. Além disso o aumento da arborização pode influenciar na temperatura na cidade “tem estudo científico que diz que as áreas que são bem sombreadas podem reduzir em até 7 graus [a temperatura] naquele ponto”, concluiu o professor.

 



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