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Diário da Amazônia

Seminário discute pensamento avaliativo e transformação social

Com o objetivo de debater para que haja entendimento da importância de avaliar o caminho que as organizações sociais precisam percorrer..

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Publicado: 27/08/2018 às 16h14min

Durante a programação foram ministradas palestras e mesa de debates. Foto: Divulgação – Diário da Amazônia

Com o objetivo de debater para que haja entendimento da importância de avaliar o caminho que as organizações sociais precisam percorrer para serem mais eficientes, e mostrar resultados de transformações sociais, a Fundação Itaú Social, a Fundação Roberto Marinho, o Grupo de Institutos (GIFE), Fundações e Empresas e o Instituto C&A, realizaram no dia 15 deste mês, no Centro Cultural de São Paulo, o 14° Seminário de Avaliação: Pensamento Avaliativo e Transformação Social. O evento reuniu estudantes, profissionais e especialistas. Durante a programação foram ministradas palestras e mesa de debates.

O evento orientou as organizações públicas e particulares, ligadas ou não à educação, a ficarem atentas às prioridades e procurarem desenvolver novos métodos, estratégias e ideias para promoverem transformações sociais efetivas e solucionar problemas sociais. Segundo a superintendente da Fundação Itaú Social, Ângela Dannemann, a avaliação precisa contribuir para o programa e o projeto que estão sendo feitos, a exemplo da própria política pública, para que possa servir de parâmetro tomada de decisões, visando corrigir cursos ou até interromper o percurso, se for necessário, e também enfatizar que uma avaliação fica cada vez melhor quando acompanhada e monitorada.

Superintendente da Fundação Itaú Social, Ângela Dannemann (Divulgação – Diário da Amazônia)

Ângela Dannemenn informou que o Itaú Social sempre teve um olhar para as avaliações com a metodologia quantitativa de impacto, inserindo também a visão qualitativa, combinando as duas versões para enriquecer o processo de aprendizagem e a tomada de decisões.

“As avaliações de projetos sociais, quer sejam focadas na educação, na moda, na saúde e na cultura, precisam estar embasadas em metodologia adequada ao programa, fator relevante para qualquer tema dentro dos programas, projetos sociais e políticas de programas e projetos sociais”, enfatizou.

Para o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, Hugo Barreto, com o mundo cada vez acelerado, mais competitivo, apenas a ideia de promover o bem não é o suficiente, sendo necessário verificar efetivamente a eficácia, a eficiência e a capacidade de transformar para entrar a questão da avaliação.

“Nesses tempos em que vivemos é preciso muito mais do que o desejo de mudar. É preciso ter a capacidade de mudança. O processo de avaliação é necessariamente dialógico, complexo, e aponta dúvidas. As certezas não nos mobilizam, elas nos imobilizam. Portanto, nós precisamos ser mobilizados pelas dúvidas, pelas contradições, e isso é o que as avaliações nos traz referência e aprendizagem”, contou.

“Avaliação Focada em Uso”

Um dos principais convidados para fazer palestra no evento foi o especialista em avaliação e presidente da Utilization-Focused Evaluation (Avaliação Focada em Uso) nos Estados Unidos, Michael Patton. Durante o seminário, Patton destacou a importância de as escolas brasileiras e organizações sociais terem um olhar para avaliar não somente o método quantitativo, o quantificável, mas também a importância da avaliação qualitativa. Para ele, a avaliação inicia na descrição do projeto e passa pelo seu monitoramento até chegar à análise da execução.

(Divulgação – Diário da Amazônia)

Michael Patton criou um método participativo de avaliação influenciado pelo educador, pedagogo e filósofo brasileiro Paulo Freire. Entre várias obras escritas por Patton, o livro Avaliação Focada na Utilização (4a ed. 2008), enfatiza a importância de projetar avaliações para garantir sua utilidade, em vez de simplesmente criar relatórios longos que não resultam em quaisquer alterações práticas.

“As avaliações não resolvem os problemas por si só, elas oferecem incites sobre o porquê existem essas deficiências, o porquê dos problemas, mas as avaliações precisam ser utilizadas e serem feitas em conjunto com outros tipos de conhecimento para fazer com que as transformações aconteçam. Então as avaliações contribuem com as transformações, mas elas não causam transformações”, disse o especialista.

Pensamento Paulo Freire

Paulo Freire contribuiu para os educadores do mundo inteiro e ainda continua contribuindo para influenciar abordagens de avaliação em todo o Planeta. Oito abordagens de avaliação foram inspiradas no pensamento e nas ideias de Paulo Freire. Michael Patton se inspirou nas experiências de método avaliativo no educador, filósofo e pedagogo brasileiro, Paulo Freire. Patton e a gerente-geral de educação da Fundação Roberto Marinho, Vilma Guimarães, lançaram no seminário o livro: Pedagogia da avaliação e o pensamento de Paulo Freire: incluir para transformar.

Durante a segunda mesa de debates, os convidados contaram e discutiram suas experiências e a grande proximidade com Paulo Freire e como o trabalho e o pensamento deste ícone da educação mundial têm contribuído para tornar as avaliações mais relevantes, válidas, úteis e justas.

De acordo com o professor e diretor do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti, embora Paulo Freire não tivesse escrito um livro sobre avaliação e nem um artigo científico sobre isso, a avaliação foi uma preocupação constante da vida e da obra dele.

“Nas obras dele encontramos referências constantes sobre avaliação, simplesmente porque a gente que não avalia o que faz, não sabe se atingiu os resultados que queremos atingir, então, eu vi várias vezes Paulo falando sobre isso”, contou.

Moacir ainda explicou que o que é específico na abordagem Freirana da avaliação é a necessidade de ter a cumplicidade de ter a adesão voluntária do público beneficiário daquela política, daquele projeto, ou no caso da relação do ensino e aprendizagem do aluno ou aluna. “A avaliação  é hoje um tema fundamental não só para politicas públicas, mas para a nossa educação”, informou.

Vilma Guimarães, gerente-geral da Fundação Roberto Marinho (Divulgação – Diário da Amazônia)

Para Vilma Guimarães, gerente-geral da Fundação Roberto Marinho, a avaliação deve ser diária. “Todos os dias se avalia, todos os dias se escreve e se usa um conjunto de cursos científicos, estratégias pedagógicas, para que esse processo de aprendizagem e avaliação seja justo, técnico e ético, e ele é diário”, completou.

Experiências no Seminário

Augusto Schell

Eu trabalho na prefeitura de Praia Grande, litoral de São Paulo, na subsecretaria de juventude. E na política da juventude nós já tínhamos colocado em prática a avaliação, como trabalhar com dados, com pesquisas, que inclusive nós desenvolvemos pesquisas específicas sobre juventude. Então o evento vem trazer para a gente novas formas de pensar, de como avaliar os dados que a gente coleta e também de apresentar essa forma de trabalho utilizando sempre a avaliação pra ver qual é o caminho que nós devemos perseguir para chegar à política pública certa.

Tadeu Costa

Eu coordeno um projeto com a juventude legal que acontece em todas as escolas da rede estadual, em Praia Grande, litoral de São Paulo, com alunos do ensino médio. Então esse modo avaliativo nos coloca a reflexão de pegar o nosso projeto e estar autoavaliando ele todos os anos para melhorarmos, e com certeza um evento como esse oxigena nosso cérebro e a gente já sai daqui com a cabeça cheia de novas ideias, e novas propostas para colocá-las em prática.  

 



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