A Companhia de Águas e Esgoto do Estado de Rondônia, aponta as tubulações antigas com principal motivo para tanto desperdicío no Estado
“Uma das causas de tanto desperdício de água é que a nossa tubulação é muito antiga, mas estamos trocando-a em partes. Não sabemos quando será tudo concluído, mas a tubulação será toda trocada por uma nova”. As afirmações são da superintendente regional da Companhia de Águas e Esgoto do Estado de Rondônia, Lilian Lima Lucena. Segundo ela, as trocas estão sendo feitas gradualmente, pois as etapas para a reposição da tubulação necessitam de vários estudos de solo, localidade, entre outras medidas.
No dia 22 de janeiro, o Diário publicou uma matéria sobre o desperdício de água no Brasil. De acordo com o diagnóstico feito pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, do Ministério das Cidades, Rondônia desperdiça 52,8% de toda a água tratada. Em Porto Velho, a cada dez litros, o desperdício é de sete.
Lilian conta que a tubulação antiga gera vazamentos na rede e, por isso, o elevado índice no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) – em que o relatório sobre desperdício foi baseado. “Existem muitos vazamentos pela cidade, mas a Caerd está sempre trabalhando para a melhoria desses pontos. Esperamos um dia ter toda a tubulação trocada, mas não podemos definir um prazo para isto – já que tudo é feito por partes”, conta.
Um dos motivos para a demora nos serviços, é a falta de mão de obra da Companhia. Segundo o diagnóstico, Rondônia possui apenas 1.059 trabalhadores que colaboram com o saneamento – o que torna o Estado um dos cinco menores em participação trabalhista do País, juntando-se ao Amapá, Acre, Roraima e Amazonas; todos na região Norte do Brasil.
A Caerd não possui a demenda necessária de funcionários
NOVO CONCURSO PÚBLICO ESTÁ SENDO PLANEJADO
A superintendente revela que não há falta de trabalhadores na Caerd, mas que realmente é preciso de muito mais para suprir a demanda de trabalhos da Companhia. “Estamos organizando um novo concurso público para contratar novos funcionários, mas antes precisamos esperar terminar a nova adutora de captação de água, que está sendo feita com recursos do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]”, explica.
Ainda antes de a água chegar à estação de tratamento, para então seguir às residências, vários problemas são enfrentados, como o rompimento de tubulações – em que é necessário o interrompimento do fornecimento para que os reparos sejam feitos. Então, Lilian realmente acredita que é necessário medidas para um sistema mais moderno. Porém, a contratação de trabalhadores para dar continuidade às obras e ampliá-las ainda passa por outros problemas.
Lilian conta que não há mais uma empresa terceirizada para efetuar serviços de reparo e ampliação do sistema, tudo deve ser feito pelos próprios funcionários da Caerd. “O número de colaboradores é baixo, mas acontece um problema muito grande de pessoas que fazem o concurso, mas não leram o edital inteiro e não sabem para o que se inscreveram”, explica.
O fato citado se dá a pessoas de nível superior que não entenderam que o concurso era para a área operacional (em que os funcionários devem trabalhar diretamente com tubulações e áreas mecânicas do sistema). “Por não se tratar de vagas administrativas, não terem conhecimento disso antes de se inscreverem e serem aprovadas, estas pessoas acabam desistindo”, conta.
PERCEBER A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA É PRIMORDIAL PARA TODOS
Segundo a superintendente, os rondonienses no geral ainda não criaram uma cultura para valorizar a importância da água. “É comum deixarmos uma torneira pingando, um cano sem vedação adequada, então quando chega o fim do mês o valor da conta é alto e as pessoas vêm aqui [na sede da Caerd] reclamar”, explica. De acordo com Lilian, é comum receber pessoas que não cuidam das torneiras e encanamentos e querem reclamar pelos valores praticados, mas quando a vistoria é feita e os problemas detectados, acabam se conscientizando sobre a importância de preservar a água.
Não deixar a torneira pingando pode evitar o desperdício
“Fazemos campanha tentando criar uma consciência do quanto a água é importante e como é trabalhoso captá-la e preservá-la, a população tem um papel fundamental para que o nosso bem mais precioso tenha os devidos cuidados, para que possa durar”, contou a superintendente. Ela ainda afirma que é necessário urgentemente mudar a visão dos cidadãos para que a situação não fique cada vez pior.
A Caerd dá dicas para economia de água e evitar o desperdício. A Companhia pede que os residentes cuidem de torneiras que possam vazar, vedem bem encanamentos e, se possível, além das caixas d’água, que tenham cisternas para estarem preparados caso o fornecimento seja interrompido para reposição de tubulações. É importante também informar todos os vazamentos que sejam encontrados pelas cidades pelo telefone 0800-647-1950. “É fundamental a população se adequar à nossa realidade e evitar o desperdício, para que não aconteça futuramente o que está acontecendo hoje em São Paulo e Minas Gerais”, finaliza.
REUNIÃO SOBRE CRISE HÍDRICA
A estiagem que tem afetado todo o Sudeste do Brasil tem deixado também em alerta os Estados da região Centro-Oeste e o sertão nordestino. Para debater os impactos da seca, os gestores das Empresas Estaduais de Saneamento (da qual a Caerd é associada) reuniram-se no dia 27 de janeiro em Brasília.
O encontro reforçou a união das companhias para solucionar os problemas e propor aos governos Estaduais e Federal ações mais efetivas com relação à falta de água. Uma nova reunião deve ser marcada já em breve para a apresentação e consolidação de algumas medidas.
