Uma análise feita pela equipe de pesquisa do instituto Data Folha precisa ser muito bem avaliada pela população que está com a intenção de anular ou votar em branco nas eleições do dia 7 de outubro. A insatisfação dos eleitores com a política tem um motivo bem justo: os últimos escândalos de corrupção envolvendo parlamentares do PSDB, MDB, PP e PT na operação Lava Jato.
A última pesquisa divulgada pelo Data Folha, 61% diz que tem intenção pelo voto nulo ou branco e que não mudarão de opinião. Ocorre que o voto nulo ou branco favorece diretamente os grandes partidos políticos conhecidos pela Polícia Federal. Essas legendas são detendoras da maior fatia dos recursos do Fundo Parditário. É esse dinheiro que é injetado nas grandes campanhas espalhadas pelo Brasil.
O maior problema reside na eleição para o cargo de deputado federal. Segundo uma reportagem produzida pelo site da Câmara Federal, o percentual de eleitores aptos que deixa de escolher um nome ou uma legenda para representá-lo na Câmara dos Deputados vem aumentando. Em 2002, dos eleitores que compareceram às urnas, a soma dos votos em branco e dos nulos foi de 8%. Em 2014, chegou a 15%, quase o dobro.
Foi justamente por conta desse aumento de votos nulos e brancos que os grandes partidos políticos foram beneficiados com o maior volume de dinheiro do fundo partidário. Na eleição passada em Rondônia, por exemplo, dos 885.929 votos válidos, 65.999 foram votos em branco e 75.999 eleitores resolveram anular o voto. Somados eles totalizaram 141.302 votos, o suficiente para eleger dois deputados federais na época.
Se a população antes estava descontente com o momento político na época, imaginem agora com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), do escândalo das gravações em torno do presidente Michel Temer (MDB) e do pagamento de propina de políticos ligados aos grandes partidos políticos que dominam o maior número de cadeira na Câmara dos Deputados e Senado.
Sem a ajuda desses partidos, fica difícil o futuro presidente da república governar. Portanto, votar em branco ou anular o voto é a mesma coisa e favorece os grandes partidos. Na contramão da tendência do eleitorado, em 2018 a disputa para a Câmara ganha importância para as legendas, porque, a partir do ano que vem, elas poderão perder o direito de receber recursos do Fundo Partidário e o acesso ao horário gratuito de rádio e TV caso não atinjam as determinações da chamada cláusula de desempenho. As mudanças estão previstas na Emenda Constitucional 97.
Agora com a EC 97, para garantir os recursos e o tempo de propaganda gratuita, os partidos terão que ter, no mínimo, 1,5% dos votos válidos para a Câmara na eleição deste ano. Os votos devem estar distribuídos em, pelo menos, nove unidades federativas diferentes (Estados e Distrito Federal), e com o mínimo de 1% dos votos válidos em cada uma. Neste ano, 35 partidos disputarão as vagas para a Câmara. Em 2014, foram 32, dos quais 4 não conseguiram eleger nenhum parlamentar. Segundo avaliação do site da Câmara, se os atuais critérios estivessem em vigor naquela época, 14 partidos teriam ficado de fora da distribuição dos recursos.