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Diário da Amazônia

Maria da Penha completa dez anos

Em RO, 60 feminicídios aconteceram no último ano, três só no mês de julho.

Por Ariadny Medeiros Diário da Amazônia
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Publicado: 07/08/2016 às 05h25min

Cerca de 37% das mulheres que foram vítimas de feminicídio não falaram nada antes

Cerca de 37% das mulheres que foram vítimas de feminicídio não falaram nada antes

“Ele não queria bater não, eu que induzi, eu que induzi ele a me bater. Eu empurrei ele, e ele me deu tapas e socos. Ele me deu tapas e socos e me bateu com a cadeira, mas fui eu que induziu doutor, você sabe como é, mulher é muito nervosa”. “Soco forte, forte ele não deu não, porque se tivesse dado um soco forte no meu olho, eu estaria toda rocha né doutor. Mas meu olho ficou assim, só um pouquinho inchado”. Esses são depoimentos de mulheres vítimas de agressão doméstica no dia do julgamento enfatizando um problema de culpabilidade quanto às agressões sofridas.

Hoje (7) a criação da Lei Maria da Penha completa 10 anos que pune com rigor homens que atacam mulheres no ambiente doméstico. O Brasil é considerado o 5º país no mundo mais violento em relação às mulheres. Nas últimas três décadas mais de 110 mil mulheres foram mortas vítimas da violência doméstica. Em Rondônia 60 feminicídios aconteceram no último ano, três deles foram noticiados no mês de julho. A 14ª promotoria da justiça do Ministério Público de Rondônia (MP-RO) denunciou 1.240 novos casos só no primeiro semestre de 2016.

avanços

A Lei Maria da Penha, avançou muito nos últimos anos, com aumento dos casos de denúncias e processos, porém ainda não foi aplicada na íntegra de fato. “Ela precisa de aprimoramento na sua aplicação, e não no aspecto repressivo mas no acolhimento”, enfatizou o promotor de Justiça, Hérverton Alves de Aguiar. Há um ano houve alteração do código penal criando a lei do feminicídio que são homicídios praticados contra mulheres, e desde então, foram registrados 2 mil mortes em todo o Brasil. “Em Rondônia nós tivemos 60, em julho aconteceram 3 feminicídios que foram noticiados. Ocorrem com muita frequência”, analisou Héverton.

Esta é uma questão cultural, que envolve educação, justiça e saúde, apontou o promotor. “É um problema muito maior que segurança pública, é um problema de saúde pública, pois as crianças que presenciam violência doméstica desenvolvem doenças […] e tendem a ser agressores no futuro. […] Precisamos levar essa discussão para a sala de aula para o ambiente social”, ressaltou.

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